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Talks | Como trabalhar com a cultura da cortesia pós-pandemia?

Por Laura Marcon em Alataj Talks 13.11.2020

Vilã ou salvadora da pátria? A tal da cortesia é um assunto que dá o que falar entre profissionais do entretenimento, em especial produtores de evento que não conseguem escapar da distribuição de alguns frees. Utilizada geralmente de forma estratégica, a cortesia pode tanto iniciar um padrão de comportamento nocivo pelo público, eis que uma vez que recebe acredita que assim poderá pedir todas as vezes, como pode salvar a produção economicamente em um momento em que não houve tanta adesão ao evento.

A questão é que hoje vivemos um período muito delicado do nosso cenário, onde os núcleos, clubs e produtoras de evento estão altamente enfraquecidas economicamente pela impossibilidade de realizar seus trabalhos. O retorno tem acontecido de forma tímida e a discussão desse novo e incerto momento já vem acontecendo há muitos meses e é claro que a famigerada cortesia está entre esses temas. Sendo assim, convidamos Barbara Egidio (Fundadora, produtora e curadora da 101Ø – Minas Gerais), Fran Bortolossi (Fundador e produtor da Colours – Rio Grande do Sul), Gui Accula (Sócio-fundador da MDAccula – São Paulo) e Octavio Fagundes (Sócio-diretor Grupo Privilège Brasil – Rio de Janeiro) para responder a pergunta: Como trabalhar com a cultura da cortesia pós-pandemia? Eis as respostas:

Barbara Egidio (101Ø)

Então, engraçada essa pergunta logo pra mim, porque eu AMO dar off [risos]. Acho que a cortesia vai continuar existindo, influencers, divulgadores, amigas próximas e produtores locais vão continuar na minha lista VIP. Acho que faz parte da festa essa lista, são pessoas estratégicas que você convida real pra sua festa. Mas acredito que primeiro a gente vai ter que descobrir o que vai ser da noite para depois pensar em cortesia também.

Fran Bortolossi (Colours)

Acho que num primeiro momento é algo muito compreensível para todos que não haverá cortesia. Nosso setor, sem dúvidas, é o mais afetado pela pandemia do Covid-19. E obviamente essa conta precisará ser paga por todos. Porém, quando as coisas voltarem ao normal, quando tivermos uma agenda de eventos e sem capacidade limitadas, acredito que elas voltem a aparecer.

A relação do promoter com a cortesia é de amor e ódio, porque muitas vezes elas se fazem necessárias para encher o evento e equilibrar as contas. Outras vezes, não. E é aí que elas se tornam algo chato e inconveniente.

Gui Accula (MDAccula)

Durante a pandemia criou-se um mercado paralelo das festas clandestinas onde, infelizmente, houve muita adesão do público por falta de opções de eventos legalizados. Com a retomada dos eventos acredito que as pessoas não deverão mais frequentar este tipo de evento e esses devem ser os primeiros adotar uma política de distribuição de cortesias em massa. Quanto ao eventos legalizados, devem ser mais restritos em relação as cortesias uma vez que no primeiro momento deverão operar com sua capacidade reduzida além de restrições de horário. Esperamos que exista uma consciência do público e empatia na compreensão de que o setor de eventos ficou parado durante muito tempo e precisam de uma recuperação, de maneira que comprem ingressos dos eventos legalizados.

Octavio Fagundes (Privilège Brasil)

Estamos vivendo uma grande oportunidade de moralizar essa questão. Durante muito tempo muitos eventos usaram o artifício de convidar muitas pessoas para encher seus eventos. Aos poucos o público ficou a espera de serem convidados. Nosso produto perdeu o valor por única culpa dos produtores. Uma coisa que é certa: onde se vai de graça não se volta pagando.

Esse break por causa do Covid-19 nos dá a grande oportunidade de mudar essa cultura. Tomara que os principais players do país do nosso segmento tenham essa consciência e passem a valorizar mais seus eventos. Não caiam na tentação de usar o artifício de convidar muitos se seu evento não estiver vendendo o esperado. Só assim o consumidor dará o real valor.

Produção de alto nível não permite colocar pessoas de graça para que consumam no bar, simplesmente a conta não fecha. Melhor um prejuízo momentâneo do que se criar a cultura das cortesias novamente. Percebo as pessoas muito consciente do momento extremamente difícil que o segmento de eventos está passando. Estão dispostos a pagar o preço justo diretamente proporcional a experiência que será oferecida.

A música conecta.

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