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Miami é uma cidade que automaticamente remete ao clássico mood de férias presente no imaginário da maioria: sol, mar, gente bonita, compras e festas — muitas festas. E a realidade não passa muito longe disso, já que ela é uma das cidades mais visitadas dos Estados Unidos e um dos principais centros financeiros do país pela receita gerada com o comércio e o turismo. Quando se fala em Miami, no entanto, não é tão comum pensar em uma cena underground, mas desde 2000 o Club Space tem mudado essa perspectiva.
A vida noturna em Miami sempre esteve concentrada prioritariamente na ilha de Miami Beach que, na verdade, apesar da proximidade, é uma cidade distinta de Miami propriamente dita. Clubes mundialmente conhecidos como o LIV, Basement e Soho Beach House ficam concentrados na Collins Avenue, entre as regiões de Mid Beach e South Beach, e são famosos por atuarem no recorte mais mainstream da música eletrônica.
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Fora desse cenário, não restavam muitas opções (para não dizer nenhuma) para a região continental da cidade ou mesmo para a valorização da cultura underground do mesmo jeito que acontecia com outros gêneros na ilha. Foi então que, motivado a preencher essa lacuna, Louis Puig criou o Club Space no bairro de Downtown Miami. O espaço ocupava um das dezenas de galpões que tinham na região, todos abandonados após a mudança do porto dali para a pequena ilha de Dodge.
O primeiro clube construído contava com três ambientes: a sala azul, a sala vermelha e a área externa e tinha uma proposta bastante ousada, promover festas que durassem 24h, permeando sonoridades que iam na contra-mão do que fazia sucesso na ilha. Vale lembrar que na maior parte dos Estados Unidos as leis estipulam um horário limite para que as atividades noturnas e a venda de bebidas alcoólicas sejam encerradas, o que tornou necessária uma liberação inédita da prefeitura que tornasse isso permitido ao clube, em uma aposta feita totalmente no escuro por seu proprietário.
A proposta deu certo, o risco foi compensado e o sucesso foi tanto que poucos anos depois novos clubes com proposta semelhante se instalaram na região, transformando a Eleventh Street em uma Collins Avenue continental. Em 2003, o Space alterou seu endereço inicial, devido a questões de capacidade, para um ambiente maior, uma quadra abaixo, mas ainda na mesma avenida. Louis Puig se manteve à frente da casa noturna até 2013, quando a vendeu para um grupo de investidores.
Em seus quase 20 anos de atividade, o Club Space foi palco para os maiores nomes da indústria eletrônica mundial, entre os quais aparecem Luciano, Loco Dice e Maceo Plex para citar apenas alguns. O espaço também mantém forte presença na rota eletrônica atual de Miami, participando ativamente de eventos como o Miami Music Week e o Winter Music Conference. Desde a inauguração do Club Space Miami se tornou, definitivamente, uma cidade completa no que diz respeito à música eletrônica, completando o imaginário de férias associado à cidade.
A música conecta.