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A música conecta

Alataj entrevista Demarkus Lewis

Por Ágatha Prado em Entrevistas 03.06.2022

Muitos dizem que alcançar o sucesso não é tarefa fácil. Porém, manter o sucesso e a capacidade de inovar por pelo menos três décadas de carreira, é certamente algo para poucos. Demarkus Lewis é um veterano que se enquadra nesse hall seleto de estrelas da House Music, tanto por seu potencial inovador e atemporal, como pela ampla quantidade de lançamentos que já registrou, e vem registrando, ao longo de mais de 30 anos de carreira.

Nascido em Dallas, Demarkus trabalhou com várias gravadoras de referência no universo da Dance Music, bem como ajudou a estabelecer uma diversa gama de labels com o poder de sua assinatura. Nos últimos 20 anos de produção, sua música chegou a rótulos do calibre da Large Music, Toolroom, BIG Speaker Music, Subtractive, Moods N Grooves, Kolour Recordings, iRecords, Phoenix Recordings, Viva Recordings, Guesthouse Music, Kingstreet Sounds, Pogo House Records, Plastik People, Spacedisco Records e seus próprios selos Grin Music/Grin Trax – apenas para citar alguns.

Agora, pela Big Speaker, ele emplacou dois lançamentos bem refrescantes que correspondem à identidade de sua assinatura atual: Can’t Stop Love, e o remix para M.U.S.I.C de Dante Tom. Tivemos a honra de bater um papo com o artista, que comentou sobre o segredo de estar tanto tempo na ativa, detalhes de seus novos lançamentos e sua rotina de processos enquanto produtor musical. Confira!

Olá Demarkus, tudo bem? É um prazer entrevistar você. Como um artista que está na ativa há mais de três décadas, e claro, na ativa com produções seminais, você já ocupa um posto quase que de super-herói da House Music. Qual é o segredo para se manter tanto tempo na ativa, e sempre trazendo novidades para o cenário?

Obrigado por me receber. Bom, acho que a maneira mais fácil de colocar isso seria apenas dizer: tente continuar aprendendo. Eu sou um fã de música, bem como um artista. É mais do que apenas um sonho, é a minha vida. Também não tenho medo de experimentar novos gêneros. Se eu ficar sem inspiração por um som, eu apenas pulo em um terreno diferente e mantenho-me em movimento.

Imagino que durante sua trajetória, foi possível presenciar diversas transformações não somente no cenário da House Music, como também, no da Dance Music em geral. Acredito que suas referências e inspirações, também possam ter acompanhado essas transformações. Você poderia citar algumas delas que te inspiravam lá no começo da carreira, e quais te inspiram agora? 

Como você pode imaginar depois de 30 anos, é uma longa lista, mas vou mantê-la curta. Meus caras Kerri Chandler, Jovonn, Mr.G, Glenn Underground, Mike Delgado, Louie Vega, Atjazz, Johnny Fiasco, Steve Bug e Terry Hunter, só para citar alguns.

Você mantém uma consistência intensa de lançamentos, sobretudo nos últimos anos. É possível citar quais desses últimos trabalhos mais te marcaram, e por quê?  

Tudo o que faço tem um pouco de magia para mim. Seria extremamente difícil citar apenas um, mas vou tentar. Acho que poderia destacar meu projeto paralelo Aspire Sound. Este foi um projeto que fiz com a super talentosa vocalista jACQ de Dallas. Acho que escolhi este porque foi muito fácil trabalhar e criar com ela. Tivemos uma química especial no estúdio. Nossa música ‘I’ll Be Out’ foi lançada pela Tony Records alguns anos atrás.

Por falar em novos lançamentos, em abril, você entregou ao catálogo da lendária Big Speaker Music, a faixa Can’t Stop Love, e agora mais recente, você ainda emplacou um poderoso remix para a faixa M.U.S I.C do Dante Tom. Você poderia contar pra gente, um pouco sobre o processo criativo dessas duas tracks?

Meu processo criativo é muito orgânico, o que significa que deixo as faixas amadurecerem por conta própria. Eu nunca entro em um processo criativo com uma ideia preconcebida. Eu deixo a vibe crescer organicamente.

Com Can’t Stop Love, assim que a bateria foi colocada com aquele swing, a música apenas se transformou no groove que tem. A linha de baixo saltitante e a bateria estalante conduzem a faixa. Quanto à ‘M.U.S.I.C.’, o mesmo se aplica. Ao fazer remixes, escolho as melhores partes que me chamam a atenção e deixo a música crescer organicamente em torno desses stems. O piano conduziu ao lado do vocal que foi fornecido por Dante.

Ainda sobre a Big Speaker Music, podemos esperar mais lançamentos seus pelo catálogo?

Estamos construindo um relacionamento sólido, então você pode esperar mais remixes e materiais originais.

Como um bom remixer que você é, como funciona seu fluxo criativo na hora de reinterpretar uma faixa? É um processo que para você flui rapidamente? 

Sim, eu apenas escolho as melhores partes e crio em torno delas. A maioria dos remixes são produções praticamente novas, pois costumo usar apenas algumas partes originais que unem o tema. Eu quase nunca uso os stems principais fornecidos como baixo ou acordes. Eu costumo até mudar as coisas com as partes que uso para solidificar o frescor no remix.

Você também acumula uma boa lista de colaborações, inclusive com medalhões da música eletrônica mundial. O que há de mais interessante, e que te atrai especificamente, em uma collab? 

Verdade seja dita, sou muito difícil com collabs. Acho que meu fluxo de trabalho se torna menos interessante ao trabalhar com a maioria das pessoas. Acho que isso poderia ser diferente se estivermos trabalhando juntos no mesmo estúdio, mas as colaborações pela internet não são minhas favoritas.

A única maneira das colaborações funcionarem, na minha opinião, é quando há alguem que seja o ‘Capitão’ da sessão. Acho que é mais difícil compor com outra pessoa se todas as partes envolvidas tentarem conduzir a mixagem. Costumo sempre sentir a necessidade de direcionar.

Tem alguma descoberta musical recente, pode ser uma faixa ou um artista, que tenha cativado você, e que queira compartilhar conosco?

Eu realmente estou curtindo alguns caras agora. O cara principal da minha lista é o Crackazat. Ele é um multi-instrumentista que canta e tem uma grande energia sob ele. Se você gosta de deep house com ótima composição e influência do jazz, por favor, dê uma olhada nele.

E como andam os trabalhos da sua gravadora, Grin Music? Há novidades que você possa adiantar  para nós?

A Grin Music e todas as gravadoras sob o guarda-chuva do Grin Music Group estão indo bem. Estamos em processo de reestruturação com muito foco em trazer mais colegas meus para a gravadora, assim como outros artistas. Grandes coisas estão chegando para as gravadoras e mal posso esperar para compartilhar o próximo capítulo com todos vocês.

Para finalizar, o que a música significa para você?

Música é minha vida. A música é o meu alimento. A música é o meu remédio. A música é o ar que respiro. 

A música conecta.

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