Skip to content
A música conecta

Alataj entrevista Ezequiel Arias

Por Jon Fachi em Entrevistas 09.12.2021

‘’Um verdadeiro viajante de várias dimensões’’. É assim que Ezequiel Arias se define quando chamado para descrever o tipo de música que produz e toca nas pistas Argentinas. Por lá, junto de nomes como Mariano Mellino e Kevin Di Serna, é visto como o futuro do Progressive House.

Reconhecido como um dos pilares da Sudbeat quando se trata de mixagem e masterização, Ezequiel deu um salto em sua reputação quando algumas das marcas mais importantes da música eletrônica passaram a lhe chamar para lançamentos. Selos globais como Anjunadeep, Balance e Suara; fizeram sua música ser defendida por formadores de opinião como Nick Warren, Yotto, Dosem e Guy Mantzur.

Até agora, Ezequiel Arias cimentou seu lugar com apresentações em locais e eventos como D.Edge Festival (São Paulo), The Bow (Buenos Aires), Akvarium (Budapeste), Wrapp Club (São Petersburgo), Festival Resonancia (Brasil), e warm-up definidor de carreira para Hernán Cattáneo no evento Forja, em Córdoba.

Mais do que um ato performático, Ezequiel recentemente deu aulas durante o aclamado Sudbeat Bootcamp da Aulart, levando a próxima geração de produtores progressivos ao futuro.

Alataj: Olá Arias, tudo bem?

Ezequiel: Oi Jon! Tudo bem por aqui, acabei de chegar na Argentina do meu tour pela Colômbia. Muito obrigado pelo convite!

Você faz parte de uma nova geração de produtores Argentinos impressionante, e me parece que existe uma união em torno de um mesmo propósito para alcançar o mercado internacional. Isso realmente existe ou é apenas uma impressão de fora?

Acho que sim. Também o que ocorre, é que o som argentino vem ganhando destaque em muitos países graças ao apoio de grandes DJs do cenário internacional, e isso faz com que se amplie. Pelo menos da minha parte, o objetivo é sempre alcançar mais pessoas com a minha música.

Essa geração se concentra ao redor do House progressivo e da figura de Hernan Cattaneo. Parece que todos buscam sempre fazer música que encaixe com o que El Maestro toca. Quão difícil é conseguir produzir um estilo com identidade própria, ao mesmo tempo que não fuja dessa característica marcante da música Argentina?

Hernan é um mentor e um exemplo a seguir para a grande maioria dos artistas que estão dentro do gênero. Mas também acho que é muito importante criar uma identidade sonora que o identifique além do gênero. É importante fazer música com originalidade e personalidade, e não pensar apenas no DJ que vai usá-la.

Você reside em Córdoba, um importante centro musical na Argentina. Como tem visto a evolução da sua cidade no mundo eletrônico? O quanto o trágico acontecimento da Time Warp em Buenos Aires afetou a cena em Córdoba?

Córdoba se posicionou fortemente na cena argentina, com várias produtoras muito fortes como a BNP ou a Meed. Depois do que aconteceu no Time Warp em todo o país, toda a cena eletrônica foi bastante afetada. Foi uma perseguição da mídia e do governo à música eletrônica, demonizando e disseminando o uso de drogas. Acho que foi uma virada e serviu para mudar algumas coisas que estavam muito mal feitas, principalmente na organização de eventos, mas também do público.

Assim como o Brasil, seu país passa por momentos de dificuldade econômica, e parece ser difícil vislumbrar uma saída a curto prazo para avançarmos economicamente. Quanto a cena eletrônica fica prejudicada com toda essa inflação que acontece?

A má gestão dos governos é algo que se verifica de forma geral em quase todos os países latino-americanos e isso nos afeta diretamente, principalmente com o preço do dólar que nos deixa mal posicionados no mercado mundial. Na Argentina, acrescenta-se a dificuldade de conseguir instrumentos como sintetizadores ou Drum Machines para o estudo, já que há muitos impostos para produtos de outros países.

Nesse ano você teve lançamento pela gigante Anjunadeep e agora retorna a Sudbeat em Outubro com um EP de três faixas. O que podes destacar nesse novo trabalho?

Magic Fields era um release pelo qual eu estava ansioso. Estive testando as faixas em meus shows e também tive o apoio do Hernan, em suas últimas apresentações. As pessoas perguntaram muito sobre as faixas, então boas expectativas foram geradas em torno do lançamento.

Pessoalmente, como tem visto a sua evolução enquanto produtor musical? Algum sintetizador favorito?

Estou sempre em constante aprendizado e procuro não ficar parado. Estudar, ler, ouvir músicas diferentes e procurar novas técnicas me ajudam a me manter inspirado. Meu favorito é o Prophet 6 Sequential do Dave Smith. É definitivamente o meu sintetizador mais usado em estúdio, e o que mais dá versatilidade nas minhas produções.

Você será um dos instrutores do Bootcamp da Sudbeat junto de outros artistas em 2022. Poderia nos dar alguns detalhes do curso?

É a segunda edição que fazemos, depois que a primeira foi realmente muito boa. Foi gerado um grupo de trabalho muito bom e as pessoas que compareceram ficaram muito felizes com o resultado. A ideia do bootcamp é fornecer todas as ferramentas para aprofundar e aprimorar as técnicas em estúdio, junto com uma grande equipe de trabalho da gravadora, somada a toda a logística e experiência da Aulart. Este ano estaremos com Kevin di Serna, Folgar e Mercurio, assim como Hernan e Graz.

Recentemente você se apresentou em São Paulo no Hertz Festival. Como tem visto a cena Brasileira nos últimos anos? Algum DJ ou produtor favorito?

A recepção do público brasileiro sempre foi muito agradável e gratificante, o que faz você sempre querer voltar. Eles recebem minha música com muita energia e também reconhecem as faixas que são minhas e que são muito legais. Existem muitos produtores de alto nível, você poderia citar Luciano Scheffer, RIGOONI, Gui Milani, Andre Moret e muitos mais.

Os DJs Argentinos historicamente sempre fizeram muito sucesso por aqui. Nomes como Ricky Ryan por exemplo, influenciaram muito a posição de outros DJs, principalmente em Santa Catarina, onde é um pólo eletrônico muito forte. Você espera que a cena dos dois países possa estar ainda mais integrada? Obrigado.

Acho que estando tão perto a influência é mútua e o público também sente, embora a nossa linguagem seja diferente, a paixão é muito parecida. Acredito que a união é pela força e quanto mais pudermos ajudar uns aos outros melhor será para todos nós e digo isso não só pela música, devemos sempre lembrar que vivemos em um terreno próximo e devemos ficar juntos.

A música conecta.

A MÚSICA CONECTA 2012 2025