Quando o assunto é House e Deep House, é impossível não destacarmos o brilhantismo de Fred P. Nativo de Nova York, Fred é um artista que se expressa através de diversas camadas: seja sob o próprio nome de Fred P, ou Black Jazz Consortium, Anomaly, The Incredible Adventures Of Captain, FP-Oner, enfim, todos com um toque particular que se entrelaçam com sua personalidade sensível no que diz respeito à conexão de grooves e melodias profundas. Inspirado pelos pioneiros Frankie Knuckles e David Morales, Fred P adiciona um toque de futurismo à vanguarda, o que torna sua personalidade dentro do House/Deep, tão icônica.
Até aqui são mais de 10 álbuns, mais de 30 EPs e dezenas de remixes que reverberam na história contemporânea da House Music. Sob o guarda-chuva da Private Society, Fred também capitaneia os trabalhos da Perpetual Sound, além de um show mensal na NTS2 UK, onde por lá ele lança as novidades quentes que saem diretamente do seu estúdio. Inclusive, seus trabalhos de estúdio andam de vento em poupa, pois os próximos meses contarão com uma boa leva de novidades do artista.
Fred P possui uma relação especial com o nosso país. Com diversas apresentações icônicas feitas por ele em pistas nacionais, ele agora retorna para uma estreia que vai incendiar a pista da Sharp Movement, em Cascavel. Neste sábado (21), o americano encerra a pista principal do evento, sob as luzes do amanhecer. Para aproveitar sua passagem pelo Brasil, batemos um papo com Fred P após quase cinco anos de sua última entrevista ao Alataj. Confira!
Olá Fred, tudo bem? Bem vindo de volta aqui no Alataj. Faz quatro anos desde nossa última entrevista aqui na revista, então, primeiramente gostaríamos de saber o que mudou em sua rotina profissional de lá pra cá? O que vem te inspirando nesses últimos anos?
Nos últimos anos, minha vida profissional mudou bastante. Em particular, comecei um grupo de gravadoras composto pela Private Society, uma gravadora de vinil / digital baseada em assinaturas para músicas e eventos exclusivos; Perpetual Sound, que é um braço do meu show mensal no NTS2 UK, tudo sob o guarda-chuva da Soul People Music. A subcontratação para várias gravadoras e remixes também me manteve ocupado nesses tempos.
Falando ainda sobre as transformações desses últimos anos, sentimos que pelo menos aqui no Brasil, a pandemia trouxe alguns desdobramentos para este retorno após dois anos de isolamento, sobretudo quanto no que diz respeito às mudanças de comportamento do público nas pistas de dança. Você também sentiu algumas transformações relacionadas a esse âmbito nesse período pós pandêmico?
A cena mudou um pouco, muito do que era não é mais. Viajar em geral mudou, mas parece estar melhorando. Para ser transparente sobre tudo isso, vivemos em um mundo em constante mudança e tenho um ponto de vista único sobre isso. A minha opinião sobre tudo isso é continuar com a mente aberta e evoluir, adaptar-se e manter-se ligado às pessoas em prol da cultura.
+++ Relembre a entrevista de 2018 do Fred P aqui no Alataj
Você é um artista que esteve sempre muito ativo dentro do estúdio, colecionando mais de 10 álbuns, dezenas de remixes e lançamentos através de vários alias. Qual é o segredo para manter essa consistência dentro de estúdio, sobretudo, sem perder a qualidade e identidade sobre os trabalhos?
Eu amo música sem medidas. É puramente isso. Quando amamos o que fazemos, não é trabalho.
Sobre o planejamento de lançamentos futuros, o que podemos esperar para esse ano de 2023? Algo programado para o catálogo da Private Society para esses próximos meses?
O States Of Bliss estará disponível em vinil e digital neste mês, já o Message To The Universe (Ambient LP) estará disponível no Dia de São Valentim (14 de fevereiro) , em todas as principais plataformas. When The Mantra’s Return com SMBD, também conhecido como Simbad, chegará à Private Society em março, e o Vol. 5 chegará logo depois disso. Ainda, uma compilação dupla de 12 polegadas com um CD mixado está sendo preparada para a Perpetual Sound, celebrando meu longo show no NTS2. Além de muitos remixes.
Em sua biografia, você diz que uma pista em conjunto com o som do artista pode se tornar um ambiente não apenas para se divertir, mas com potencial para algo mais espiritual e catártico. Como seria esse ambiente perfeito para que a pista atinja esse potencial transcendental?
Quando todos estão na mesma página reconhecendo a mesma coisa, somos todos um e sob o ritmo podemos ser e fazer qualquer coisa. Portanto, temos o poder de mudar e fazer a diferença para todos. O amor é a mensagem.
Você possui uma relação muito carinhosa com as pistas de dança do Brasil e sempre se apresentando em grandes polos da música eletrônica nacional como São Paulo, Florianópolis e Curitiba. Dessa vez, faz sua estreia em uma cidade diferente, em Cascavel/PR, na Sharp Movement. Como você enxerga esses primeiros encontros com uma pista de dança? Qual a sua expectativa para essa festa?
Não tenho nenhuma expectativa, apenas ir lá para servir a música, e a música é para as pessoas. Não peço nada, dou tudo.
Suas passagens pelo Brasil ficaram marcadas por sets emblemáticos ao amanhecer, como na Troop e TribalTech. Dessa vez, na Sharp Movement, você também estará fechando a pista e conduzindo o público nas primeiras horas da manhã. É um horário que te agrada tocar? O que a galera pode esperar do seu set no sábado?
Saudaremos o Sol juntos, minha humilde honra e esperança é que eu possa ser um meio para guiar as pessoas com meu som para um caminho positivo, para que sua luz interna possa brilhar.
Para fechar, uma clássica do Alataj: o que a música representa para você?
Música é minha vida. Eu vivo isso todos os dias. É um guia e minha melhor amiga, viajamos juntos como um só. Obrigado por este privilégio, honra e trato. Um amor.
A música conecta.