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A música conecta

Alataj entrevista Gary Beck

Por Mia Lunis em Entrevistas 03.04.2023

O produtor e DJ nascido em Glasgow, Gary Beck, tem sido personagem de destaque frequentemente nos principais clubes e festivais do mundo, tendo se estabelecido como figura primordial no Techno. O artista é conhecido e respeitado por seu som único e ganhou o apoio dos melhores nomes do ramo lançando em gravadoras de renome mundial como Soma, Cocoon e Drumcode, seu próprio selo BEK Audio, e mais recentemente, o selo Trick, de Patrick Topping. Somando milhões de streamings no Spotify e com um séquito admirável de seguidores no Soundcloud, o artista contemplou os fãs com seu set lançado pela imponente BBC Radio Essential Mix e duas sessões no famigerado Boiler Room.

Seus sets tem a fama de ser incendiários e potencializam a força de sua sonoridade com um alcance almejado por milhares de artistas ao redor do globo arrasando as pistas de clubes e festivais gigantescos como Fabric London, Awakenings, Output NYC, Printworks, Timewarp, entre outros. Fazendo um breve recap de sua carreira, relembramos como tudo começou, com seu álbum de estréia em 2012 intitulado Bring A Friend. Fica claro o tamanho de sua expertise quando damos o play na primeira faixa do álbum I Read About You, que abre caminho para uma odisséia de elementos que fogem completamente do óbvio de uma obra de estréia no Techno. 

A faixa começa com pinceladas tilintantes de notas agudas que colorem o caminho pavimentado por batidas sóbrias e contínuas, fazendo uma ode a introdução de sua jornada na música e entregando ao público uma aurora na vertente mais cultuada do eletrônico. O álbum foi promovido pela lendária Soma Records e celebrou o centésimo lançamento da gravadora na época. Beck traz em sua sonoridade uma riqueza de elementos ampla e que entrega ao público uma infinidade de perspectivas precisas na música, tanto é assim, que o artista lançou o projeto Tanera, pseudônimo que utiliza para destilar sua faceta potente com o House Groove, no qual Gary já havia deixado pistas em seus primeiros lançamentos de que poderia abraçar novas nuances do eletrônico. 

Para quem gosta de ouvir um som mais pesado com a qualidade que Gary Beck entrega, o artista também assina o projeto Sosak, no qual já contemplou o público com diversos EPs e singles disponíveis em todas as plataformas. Em seu último lançamento com o EP Lomax, o artista entrega uma obra de 4 faixas originais que corrobora a sua maestria técnica, sensibilidade e feeling de pista, se conectando com uma audiência global que aguarda poder escutar seus inputs ao vivo pelos 4 cantos do planeta. A obra foi lançada pela gravadora de Beck, a BEK Audio, que já se tornou uma das gravadoras mais reverenciadas da cena eletrônica. Conversamos com Gary Beck para saber um pouco mais sobre o passado, presente e futuro do artista. 

Alataj: Gary, é um prazer recebê-lo para esta entrevista. Você acabou de lançar o EP Lomax, nos conte um pouco sobre seu processo criativo com a obra. 

Gary Beck: Oi, Mia. Prazer em conhecê-la! Para ser honesto, eu nunca vou realmente ao estúdio com algum plano. Gosto apenas de ver o que acontece. A faixa principal, Lomax, era basicamente uma drum track que eu tinha parado por um tempo. Eu senti que precisava de direcionar um pouco, então passei quase um dia inteiro tentando encontrar um gancho perfeito. A parte principal do mastro, ou “o gancho”, levou-a a um nível totalmente novo. A reação na pista também foi incrível, então tive que lançar. Também foi um prazer ter o DJ Rush no remix.

Pela Drumcode você lançou um EP em parceria com Jay Lumen e um solo, nos conte mais sobre o seu processo de composição em parceria com a gravadora e o artista.

Sim, isso foi há muito tempo! Jay é um grande produtor, e nós estávamos tocando juntos na época, então decidimos fazer uma collab. Mas não estávamos no estúdio um com o outro, basicamente só enviávamos arquivos para cá e para lá. Acho que naquele ano, também colaborei com pessoas como Green Velvet, Slam e Mark Broom! Foi realmente um período muito movimentado! O Drumcode era um ótimo selo para lançar, e eles estavam aceitando quase tudo o que eu lhes enviei. Isso deu um grande impulso à minha carreira, e eu sou eternamente grato a Adam e à equipe.

Como headlabel da Bek Audio quais foram os maiores desafios que encontrou para estabelecer a gravadora no mercado competitivo da música eletrônica?

Eu realmente não pensava em como o mercado era competitivo. Na época, a cena era muito mais sobre a música, e os lançamentos tinham mais “tempo” para crescer. Eu estava lançando em muitas das principais gravadoras da época, então era natural que eu começasse minha própria gravadora. Eu diria que meu maior desafio é minha tomada de decisão! Tem que estar certo, mas eu posso ser extremamente exigente! Acho que por volta de 2016 eu só consegui lançar 1 BEK Audio release, pois não consegui me decidir! 

É muito mais desafiador agora para um novo selo/artista com a quantidade avassaladora de mídia social. Um lançamento mal tem tempo para crescer, e o tempo de atenção de muitas pessoas é de cerca de 0,2 segundos.

Quais foram os melhores momentos que vivenciou tocando?

Foram tantos, de Gashouder Awakenings a Berghain e Yokohama Arena, no Japão. Lembro-me de tocar em Rosário, Argentina, e era o meu aniversário. A música parou, e toda a multidão começou a cantar feliz aniversário para mim. Momentos como esse, eu nunca esquecerei.

Sob as alcunhas de Tanera e Sosak, você aplica elementos distintos da sua performance como Gary Beck, como surgiu a ideia de ter 3 projetos musicais? Como você faz para não misturar as sonoridades de cada projeto?

A principal razão pela qual os iniciei, foi apenas por uma criatividade extra. Tanera geralmente é 122 tech house music. Eu sempre adorei a tech house do início, e eu queria começar algo que me permitisse fazer isso. Em cerca de 3 meses depois de começar, Tanera estava na Rádio 1 recebendo muita atenção (sem que ninguém soubesse que era Gary Beck). Isso me deixou feliz, pois mostrou que, ocasionalmente, a música ainda pode brilhar sem campanhas de mídia social de massa.

Quanto ao Sosak, bem, isso me permite ir totalmente ao Techno! Eu comecei o projeto em 2013 com meu amigo Chris Lamb. Decidimos fazer Sosak ‘Full on Direct Techno’. Também começamos uma label chamada Overlee Assembly por volta dessa época. Lançamos faixas como o remix para Chained to a deads Camel e tudo estava indo bem, mas as coisas estavam ficando muito agitadas com minha agenda, e eu coloquei Sosak em espera. Decidi recomeçá-la em 2018.

Quais são seus próximos planos para 2023?

Eu só quero compor o máximo de música possível! É minha paixão, e espero poder espalhar minha música em locais do mundo inteiro. Talvez eu também esteja prestes a embarcar no meu terceiro álbum, o que é sempre uma perspectiva emocionante!

Gary, muito obrigada por nos conceder essa entrevista! Alguma palavra para o público?

Só quero dizer um grande obrigado a todos que têm apoiado minha música ao longo dos anos. Muito amor, beijos.

A música conecta.

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