O italiano radicado na espanha Regal é conhecido por sua habilidade de transitar entre gêneros e suas influências. Após uma série de lançamentos em labels como Figure, Enemy Records – e também por sua própria label Involve Records – é um dos grandes talentos do Techno dos últimos anos, deslanchando rapidamente e remixando artistas de renome como Marco Faraone, Nina Kraviz e Ellen Allien, além de colaborações com Amelie Lens e Len Faki e Radio Slave.
A Involve, por sua vez, também ganhou respeito não apenas pelas produções de seu fundador, mas de artistas como FJAAK, ZIPPO e Truncate – isso só para citar alguns. Já como DJ, Regal é conhecido pelo seu dinamismo e criatividade nos decks, sendo figura frequente em lineups de clubs como Berghain e Fabrik Madrid,e ainda de festivais como Awakenings, DGTL e Exhale.
Com essa pequena pincelada das conquistas de Regal já dá pra entender que estamos falando de um artista de mão cheia e de vasta pesquisa musical. Nós tivemos o prazer de convidá-lo para abrir um pouco de sua história, carreira e também da sua case, para montar uma playlist especial para o Alataj. O resultado é bem interessante. Aperte o play e acompanhe a entrevista:
Alataj | Olá, Gabriel! Tudo bem? Obrigado por nos atender. Sete anos se passaram desde sua aparição na cena Techno internacional. Quais momentos você apontaria como os mais marcantes de sua trajetória até aqui?
Regal | Bom, tive vários objetivos pessoais alcançados e que guardo em minha memória. Por exemplo, tocar no Awakenings ou Berghain foi um grande destaque em minha carreira. Me tornar residente do meu club preferido na minha cidade natal, Mondo Disko, e Khidi em Tbilisi, minha segunda casa, me deixou muito orgulhoso – sou muito grato a todos que sempre me apoiam. Além de também lançar músicas em selos como Figure e BPitch Control, que sempre gostei muito e foram uma grande inspiração para mim… são coisas que nunca poderia imaginar. Acho que uma carreira artística é sobre realizar objetivos pessoais.
Involve é, sem dúvidas, parte importante da sua trajetória. É possível dizer que comandar seu próprio selo tornou as coisas mais acessíveis em certo ponto? O que a gravadora te ensinou de mais valioso até aqui?
Ter meu próprio selo me ajudou a criar um seleto time de produtores que realmente admiro e que se tornaram bons amigos. Me ajudou a conhecer novas pessoas que compartilham da mesma visão que eu sobre techno e arte no geral. Por outro lado, há muito trabalho além das minhas obrigações enquanto Regal, pode ficar estressante às vezes.
A cena eletrônica espanhola segue como uma das mais tradicionais do globo e, junto a isso, vale destacar que você parece se orgulhar bastante de sua origem madrilenha. Quais são suas impressões sobre a cena Techno na Espanha e em Madrid neste momento? Há um grupo de artistas interessados em fazer algo além frente a um público mente aberta ou as coisas não são tão simples assim?
A cena Techno na Espanha está muito bem no momento, principalmente os clubes, que estão crescendo. Os clubes, pouco a pouco, estão melhorando seus sistemas de som, montando line ups interessantes e tentando evoluir cada vez mais. Também existem pessoas como os caras da HEX, que organizam festas em locais novos e legais, como galpões. Tudo isso traz à cena Techno espanhola um toque fresco.
Seu apelido de Acid Boy não exige qualquer tipo de explicação, mas seu interesse por atmosferas acids sim. De onde exatamente ele veio?
Minhas primeiras influências na música eletrônica vieram do Trance e Progressive, cheios de sons ácidos. Quando ouvi esses sons pela primeira vez não sabia que eram chamados de acid, mas acho que ouvir esses gêneros musicais influenciou a construção do meu próprio som. Essas melodias do acid ainda estão na minha cabeça e tento incluí-las em minhas faixas.
Ao longo dos anos sua música tem sido amplamente apoiada por grandes gravadoras e DJs ao redor do globo. Qual é o sentimento por trás desse tipo de suporte? É uma espécie de aprovação saber que grandes lendas tocam suas faixas?
É sempre bom ver grandes nomes tocando a sua música. Esse foi definitivamente um objetivo pessoal que eu queria atingir quando comecei a fazer música, assim como tocar em uma série de grandes eventos ou em locais renomados, como respondi na primeira questão. Porém, atualmente acho mais gratificante ver as pessoas dançando minhas músicas (não importa quem está tocando), ou ver que as pessoas realmente ouvem as minhas músicas no Spotify ou no YouTube, por exemplo. É louco ver que algumas das faixas que produzi no meu pequeno estúdio têm alguns milhões de cliques.
Alguns de seus trabalhos mais notáveis foram lançados na posição de remixer. Você se sente confortável trabalhando nesta posição? Algo muda com relação ao processo criativo de trabalhos originais?
Sim, há uma diferença enorme para mim. Como remixer, você parte de uma ideia já desenvolvida. Você basicamente a ouve, separa os sons e remonta seguindo seu próprio estilo. Você tenta dar um toque diferente à faixa. Iniciar um trabalho original, às vezes, significa partir do nada, às vezes nem tenho uma ideia, apenas faço uns sons e uma faixa aparece em poucas horas. Por outro lado, às vezes tenho ideias e sei o que quero, mas fico preso no processo de produção e deixo pra lá… pode levar meses até que eu abra esse projeto novamente e continue a produção da faixa.
Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?
Provavelmente minha bênção e meu castigo.
A música conecta.
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