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A música conecta

Faixa a Faixa | Aspeckt – Of Life [Konsep Records]

Quantas vezes você já refletiu sobre sua vida e suas atitudes ao ouvir uma música? Esse poder de reflexão que a arte provoca em cada um de nós é algo surpreendente. E assim como a música, o ser humano é surpreendente. A vida também. E os mistérios nela envolvidos. Tanto que foi esse mix de diferentes esferas e questionamentos da vida que originou o álbum Of Life, do catarinense Aspeckt.

O artista, que é residente da Trip To Deep em Florianópolis e atua como masterizador e professor de produção, carrega na bagagem lançamentos por labels como Uxoa Dutxa Elite, Prisma Techno e Deck 1264, mas este lançamento é sem dúvidas o seu mais especial até aqui. Assinado pela Konsep Records, Of Life é um disco de nove faixas autorais que são repletas de significados e mensagens distintas, com momentos intensos, timbres refinados e ritmos imprevisíveis compondo o quebra-cabeça.

Aspeckt acredita muito nas “frequências, energias e vibrações’’ e explicou pra gente em detalhes um pouco de cada ideia por trás das músicas criadas. O disco já está disponível no Beatport, chega oficialmente no Spotify nesta terça-feira (13), e dia 27 nas demais plataformas. O artwork foi desenvolvido por Natassia Lisboa, inspirada no símbolo do Cubo de Metatron, trazendo referências também de Fibonacci.

Aspeckt 

Of Life | Of Life transmite uma reflexão sobre o aspecto da vida, seus altos e baixos. Sendo a vida momentos de celebração, dou início ao álbum de forma descontraída, trazendo um groove hipnótico e suave, envolvo em texturas de ambiências com vozes tranquilas que vai levando o ouvinte até os timbres mais refinados, paz.

Consequences | Consequences vem como uma viagem profunda ao mundo dos erros, às vezes, com sequências que se estendem, acontecendo em loops. Nessa música trago um dos maiores breaks do álbum, pois pensar em consequências me remete a uma viagem mais profunda, algo que se deixar, vai se engrandecendo ainda mais, e no drop é como não se entregar, sair do passado e voltar ao agora, agradecer por estar firme na jornada apesar de tudo.

III | III é sobre o número três por uma ótica diferente, de primeira vista, em número romano. Esse álbum foi uma série de reflexões sobre os mistérios do ser humano, nesse mundo de números, códigos, antigas civilizações. Nessa música busco expressar o elo do ser físico, mental e espiritual, que independente da crença pessoal de cada um, é uma busca que vejo presente nas pessoas, até mesmo na história. Também pensei sobre uma figura conhecida das pessoas que gostam de alquimia, Hermes Trismegisto, o três vezes grande, e a sua tábua de esmeraldas.

Heal | Heal é intensa e carrega uma mensagem forte com um ritmo sólido, uma narrativa de frequências construída com texturas, vocais dizendo “heal” ao fundo e alguns gritos que representam essa entrega necessária para a regeneração, pois pode ser dolorido se curar. Cura pode significar sair da zona de conforto, deixar morrer dentro de si alguns aspectos para que então possam nascer outros, e na música é a mesma coisa, preciso abrir espaços para que novos timbres apareçam, Heal engloba tudo isso.

Black is the Box | Essa é sobre física quântica, “Preta é a caixa”. Ela pode ser ou não ser, qual caixa? Ela é e não é, existe? Sim e não, é uma possibilidade. Sendo uma possibilidade então pode ser útil. Essa música é até engraçada, criei ela nessas meditações e ela não era para ser do álbum, mas está aqui. Sendo assim, foi a primeira a ser feita, onde me propus a criar algo Minimal House pela primeira vez, porém queria algo que saísse de dentro, então construí um groove hipnótico, bateria acentuada com bass em camadas para certos momentos e trouxe a influência de timbres étnicos, algo que não se costuma ouvir muito nesse estilo, sendo os pads momentos de magnificência com os synths ao fundo, indo e vindo, a troca de energias que vai acontecendo.

VI | VI representa a energia feminina no cubo de metatron e também o número seis, que inclusive é considerado um número do “mal’’ em muitas tradições, sendo que em algumas dessas, queimavam mulheres chamando-as de bruxas. Nesse mundo de muitas simbologias, essa energia feminina na natureza é como o ventre da criação, onde emoções e sentimentos tem importância. Essa música convida a dançar com o coração, tem um ritmo divertido, empolgante, com vocais que dizem  “I can feel no better’’ e “I can”, você pode. Os synths são delicados e trazem toda uma energia metafísica em efeitos de distorção que envolvem durante toda a faixa.

Nostalgie | Nostalgie chega com o tom mais sombrio, afinal, é no subconsciente que estão as nossas maiores nostalgias. Apresento aqui certa seriedade rítmica em acessar dados do passado, lembranças que se misturam e que fazem ser quem somos. O conjunto sintético de Nostalgie é ácido e seus pads adentram profundamente despertando certos sentimentos adormecidos, até um momento em que a vida segue e então eles retornam ao seu lugar, ressignificados ou não.

Paradigms | Em Paradigms a viagem se estende, e se nostalgias costumam ser boas, paradigmas nem sempre são. Nessa obra fica a crítica a todo bla bla bla que a sociedade vem colocando na mente das pessoas, influenciando o todo, fazendo com que as pessoas não acreditem nos seus sonhos, não acreditem serem boas o suficiente. Com o groove minimalista, muitos granulares e os vocais desconcertantes, Paradigmas vem cadenciando sua hipnose e contando a história na calmaria, trazendo influências de Breakbeat e a tensão do Techno.

IX | IX é o nove, sendo considerado aqui a força espiritual, um número presente nos ângulos mais utilizados pelo ser humano durante toda existência onde se comprova através de Fibonacci, estudos das formas do universo e da natureza que nos rodeia. IX é a mensagem mais forte do álbum como os vocais nela que dizem: “Grow It”, “I Want”, “Get Control”. É uma celebração, o ritmo macio e harmonioso no conjunto de sintetizadores contínuos expressando algum lugar ethereal de prazer e gratidão, que elevam a vibração para a maior força existente: amor.

A música conecta.

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