Sabe quando você acorda e a primeira coisa que sua mente processa é a melodia de uma música que a muito tempo não se ouve? Eu não sei vocês, mas quando isso rola por aqui, meu dia todo é regrado pelo som que essa melodia pertence. Assim como uma criança que cria espaços imaginários para atravessar a rua, quando acordo cantarolando um faixa, todas as tarefas são executadas no ritmo que ela tem, exatamente como um DJ, que segue as tônicas e síncopes para executar a mixagem perfeita.
E para nossa sorte, justamente hoje, quinta-feira de Iconic, eu acordei cantando um dos primeiros clássicos que a House Music ganhou nos anos 2000. Sim, lá vamos nós novamente para os anos 2000, afinal, é justamente sobre isso que essa coluna querida por nós todos se trata, falar sobre aquela música inesquecível que você provavelmente esqueceu, te fazer dizer mentalmente nossa! e, claro, fazer você sentir uma saudadezinha daquilo que já foi vivido. Nada como uma música para marcar um período que vivemos, não é mesmo?
O ano era 2000, Craig Morrison e Graeme Reedie já possuíam certo reconhecimento entre os que faziam acontecer se tratando de House Music no Reino Unido, reconhecimento esse que foi conquistado através de faixas como All Night Long e Candy Love, músicas que permeiam o mais acessível e o menos óbvio, característica principal de Craig e Graeme, ou como nós os conhecemos, Silicone Soul.
Eles ainda não tinham conhecimento, mas o quinto EP lançado através da Soma Quality Recordings – extinta divisão da Soma Records, voltada a House Music – The Answer/Right On, Right On seria uma obra seminal se tratando de tendência para House Music nos anos 2000. Right On, Right On não tem grandes mudanças em termos de conceito se comprarmos com a década anterior, a faixa tem todas as peças da mais pura e simples House Music: trecho de música sampleada, uma programação de bateria que herda muito do Funk e da Disco e um arranjo extenso. A grande sacada do Silicone Soul foi justamente misturar toda energia que o House de Chicago tinha com a sutileza que o Deep House e o Garage.
Não posso deixar de dizer que todo potencial da faixa vem graças ao sample de Right On For The Darkness – lembra da melodia que acordei cantando? -, de Curtis Mayfield, que você pode sacar perfeitamente aos 6:17 minutos da música de Curtis.
Assim que Right On, Right On saiu, o sucesso foi imediato, ela inundou todas as pistas de House da Europa e Estados Unidos, se tornando uma arma secreta entre os DJs, mas ela ainda não tinha alcançado seu potencial máximo. Assim como quase todas as músicas que ganham destaque pelos quatro cantos do mundo, faltava um vocal que fizesse todos cantar.
Em 2001, Right On, Right On foi relançada como single e ganhou duas novas versões, um Remix de Steve Lawler e uma versão intitulada de 12″ Disco Edit, que nada mais é que uma versão encurtada de Right On, Right On para encaixar da voz de Clare Marshall.
No mesmo ano, a versão 12″ Disco Edit de Right On, Right On alcançou a posição número um no UK Dance Single Chart além de figurar as primeiras posições nos charts de toda Europa. Nos anos seguintes, uma chuva de remixes oficiais e não oficiais apareceram para Right On, Right On, dentro dos oficiais, os de MANDY, Can7 e Matthias Tanzmann são os que fazem mais sucesso, porém nenhum se iguala a versão original e a 12″ Disco Edit em termos de lembrança.
Acho que agora você consegue entender o porquê de eu estar cantando Right On, Right On até agora, isso se você que está lendo também não passou a cantar, afinal de contas, como o próprio nome da faixa diz, a fusão entre Silicone Soul e Clare Marshall é Iconic. Right on!
A música conecta.