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A música conecta

Minha Primeira Gig | Anderson Noise

Em 20 de julho de 1969, o homem deu os primeiros passos na Lua e algumas horas depois da triunfal missão Apollo 11, nasceu uma das figuras mais importantes para a música eletrônica brasileira: Anderson Noise. O DJ e produtor começou sua carreira no fim da década de 80 e foi, sem dúvidas, um dos grandes responsáveis por moldar e orientar os rumos ainda primitivos da Dance Music tupiniquim. Seja por trás de festas lendárias em meados dos anos 90 e 2000, ou da primeira rádio dedicada à música eletrônica ou nos estúdios. Neste caso aqui o clichê faz-se necessário: Noise de fato não é deste mundo… com um ritmo produtivo incessante, Anderson prepara-se para lançar mais um projeto.

Após a Noise Music (primeiro label de Techno brasileiro), neste sábado ele estreia o selo INFILTRADO, cuja abrangência musical será mais ampla. O primeiro release será do próprio artista: um álbum com 10 faixas que dá vida à #serieTRINTA, projeto áudio visual criado em parceria com o fotógrafo e documentarista Fabio Mergulhão. Neste sábado, dia 23 de julho, Anderson também celebra mais uma volta ao sol no Tikal Floresta Bar, na capital mineira. São mais de três décadas nas pistas e histórias certamente não faltam, por isso o convidamos para nos contar algumas de suas experiências inaugurais por trás dos decks e ao longo do texto você encontra algumas faixas que Noise tocou, confira:

Anderson Noise

É difícil determinar minha primeira gig, mas vou contar os três acontecimentos na minha vida. A primeira vez que toquei para vários amigos foi no quintal de casa com a maravilhosa turma que trabalhava comigo na antiga loja de roupas República dos Gatos, da Rede Vide Bula, na qual eu era vendedor na época e gravava sets em fitas cassetes para tocar na loja, isto em 1987. Um belo dia, decidimos fazer um churrasco em um domingo no qual não me recordo a data e todos da loja foram. Ali toquei para meus amigos e minha família (isso ficou gravado na minha memória como um momento mágico). Neste mesmo dia, uma das meninas que trabalhava na loja levou seu namorado, que fazia festas de Rock no Jardim Canadá, bairro de Nova Lima, fora de Belo Horizonte e ele me convidou para tocar na festa dele.

Aí vamos para os detalhes da segunda gig, esta sim foi a primeira fora de casa. O combinado com o dono da festa foi que ele me daria o transporte para meu equipamento e eu tocaria sem ganhar nada, ainda levando o meu pequeno sound system (caixa de som que eu mesmo fiz). Na saída de casa meu pai me perguntou: “você tem certeza que vai sair de casa sem nenhuma garantia?”. Ele queria dizer que, “você não vai receber nada para fazer este trabalho?”. Eu disse “Sim!”, entrei em uma Kombi branca às 17h e lá fui eu para montar o equipamento e tocar na festa às 22h. Foi lindo tocar ali para as pessoas, mas me lembro que ganhei três águas durante a noite toda e como estava tocando sozinho, não tive oportunidade de sair do som e ir buscar algo para beber ou comer. Então a festa terminou, o dono da festa desapareceu e o motorista da Kombi Branca também. Me recordo do frio que fazia e tive que sair andando até a BR-040, onde tinha um posto de gasolina com um orelhão (telefone público). Liguei a cobrar para minha casa, meu pai atendeu e eu pedi a ele para chamar um motorista que ele conhecia que também tinha uma Kombi Branca, aí sim cheguei na minha casa às 11h30 da manhã do domingo para ouvir o meu pai me perguntar se tinha valido tudo que fiz.

Agora sim chegamos na terceira gig, na qual eu considero ser a primeira e também tenho a data na qual eu comemoro meu aniversário de carreira, dia 02/02/1988. Um sábado lindo em uma festa que mudou minha vida. Quem estava produzindo a festa era o Marcelinho Marent, que foi meu parceiro nas festas memoráveis que fizemos nos anos 90 e 2000 em Belo Horizonte. Esta festa foi em um pequeno galpão ao lado do Quartel da Polícia na Praça Floriano Peixoto. Um detalhe muito importante que quem foi, deverá lembrar, é que toquei no teto do banheiro porque não tinha palco na festa. Mas o que ninguém deve lembrar é que a única forma que tinha para subir no teto do banheiro era uma escada móvel e esta mesma escada que subia/descia, só voltou no final da festa, então foi um perrengue ver todos entrarem no banheiro e eu não!!!

A música conecta.

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