Joinville anda a passos largos em seu circuito de Dance Music e muito disto se deve ao RA7A, DJ, produtor e multi-empreendedor que levou muita música eletrônica para algumas de suas festas na cidade, a exemplo da Adore, The Garden e, mais recentemente, a audiovisual Second. Muitos desses rolês se dão no seu espaço Joinville Square Garden, casa estruturada para receber eventos de diversos conceitos e trazer até o público artistas em evidência nacional e internacional. É um caminho que RA7A vem trilhando desde 2001, quando começou a criar seu espaço como DJ e agitador cultural por lá e acabou por transformar a cena do interior catarinense.
Agora em excelente momento de carreira artística, RA7A vem desfrutando de um espectro de atuação que envolve um sequência de lançamentos em selos como Fluxo, Braslive e Endless Music, agenciamento pela Plusnetwork, collabs com Antdot e Koradize, ampliação do seu escopo repertorial para muito além do Melodic House e Techno, administração do seu selo The Garden Records e outros aspectos de uma jornada que promete crescimento constante. Com tanto tempo de carreira e tendo pisado em pistas como Universo Paralello, Green Valley, Sollares, Playground, Federal Music, Matahari e El Fortin, fomos atrás do artista para pegar a história de sua primeiríssima apresentação.
RA7A | Essa realmente é uma história legal para se contar. Iniciei minha carreira como DJ, fechando a pista do meu primeiro clube de música eletrônica a SE7EN Club no ano de 2002, normalmente quando a pista estava quase vazia eu assumia as CDJ100S na época. Tocava umas 4 ou 5 músicas para o público presente e mais umas 10 para os barmans e pessoal da limpeza do clube. Mas vamos falar da minha primeira gig importante já iniciando como profissional fora do meu Club. Depois de alguns meses fechando a pista da SE7EN, fui convidado por alguns amigos de Jaraguá, que faziam umas festas eletrônicas em fazendas e etc na região. As antigas e conhecidas “Raves”.
Lembro-me que em uma dessas festas, quando eles ousaram fazer algo maior, eles alugaram um hotel na região de Jaraguá do Sul e montaram uma super festa no gramado deste hotel. No line up, estavam os TOP 6 aqui do Sul da época. Fabrício Peçanha, Leozinho e Paciornik, Anderson Noise, Murphy e Sandrinho. Eu tive o grato prazer de ser convidado a fazer parte desse line up. Nessa época eu já estava aprendendo a mixar com Vinil, porque era mais respeitado na cena quem tocava com os bolachões. Enfim, depois do convite me lembro de ter ido até SP, comprar discos para estar atualizado e poder tocar na noite.
Era um set de 2 horas, então tive que comprar alguns discos e me preparei durante dias para essa primeira gig. Afinal eu estava aprendendo a tocar ainda, e jamais tinha feito um set de 2 horas só com discos e sambar nessa gig não era de forma alguma uma opção. Fiquei durante dias treinando até chegar o grande dia. Eu fui se não me engano o segundo DJ, e não lembro para quem estava abrindo, mas lembro que eu estava realmente muito nervoso com aquilo tudo. Lembro de ter chegado ao local e adorado a sensação de ser tratado como artista, ganhando cache, crachá all access, bebida, camarim e etc. Mas realmente estava muito nervoso e preocupado em não sambar na apresentação. Enfim chegou a hora, fui lá e digamos que dei algumas pequenas travessadas, mas nada muito perceptível para quem estava dançando na pista e começando a aprender a ouvir eletrônico.
Ao final do meu set, não muito satisfeito com a minha apresentação, lembro-me de ter sido super aplaudido e ao chegar ao camarim Fabrício Peçanha – que era meu grande ídolo e hoje tornou-se um grande amigo – elogiou minha apresentação e perguntou se tinha sido toda com discos. Fazer um set naquela época 100% em vinil, eram poucos artistas que faziam. Só os grandes mesmo. Essa realmente é uma história que ficou marcada em minha carreira como DJ de mais de 20 anos e que foi muito legal relatar aqui para vocês. O tempo passou e hoje mesmo sabendo mixar vinil, ou seja de ouvido, sem nenhum reloginho para ajudar, costumo tocar usando o Synk dos CDJs, não me preocupo em perder tempo fazendo beatmap, tecnologia dos CDJS resolve isso para mim, minha preocupação é outra, acertar frequências, fazer uma mixagem harmônica e sempre progressiva. E é claro, com o máximo de faixas autorais possíveis!
A música conecta.