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A música conecta

Music Tech | Como a tecnologia precisa evoluir para tornar a produção musical mais rápida, criativa e dinâmica?

Por Caio Stanccione em Music Tech 15.04.2021

Imagine você de dentro do seu estúdio utilizando hardwares analógicos lendários como o compressor Fairchild 670 sem que eles estivessem fisicamente presentes. Conseguiu imaginar? Aposto que você visualizou essa bela e rara peça dentro do seu estúdio, disposto em um uma espécie de altar pronto para ser venerado, não é mesmo? Afinal de contas, além de ser um equipamento com sonoridade única, o valor de mercado dele pode chegar facilmente aos US$ 50 mil.

O sentimento de que é impossível colocar as mãos em um equipamento desse calibre é natural e entendível, mas as coisas começaram a rumar para um panorama diferente com a proposta feita em 2017 pela empresa de tecnologia Access Analog, onde, por um misto de programação e robótica, você pode usar equipamentos como o Fairchild de dentro do seu estúdio sem que ele esteja lá. 

Essa tecnologia desenvolvida pela Access Analog se resume em processar remotamente e em tempo real seus instrumentos nos hardwares disponibilizados pela empresa, algo que faz o olho de qualquer produtor musical brilhar, pois não se faz mais necessário ter o equipamento físico. Esse sistema funciona como uma espécie de locadora, onde através de uma agenda disponibilizada, você pode reservar o equipamento desejado para utilizar em suas produções.  

A proposta da empresa mostra um dos caminhos que o universo da produção musical pode seguir, não se fazendo mais necessário possuir pilhas de equipamentos para executar procedimentos de mixagem e até mesmo masterização, criando espaço para outros investimentos como aprimoramento de técnicas. Não faz muito tempo que os grandes estúdios sentiram esse primeiro baque, onde com o avanço da tecnologia, novas (e mais baratas) ferramentas foram desenvolvidas, possibilitando que pessoas normais como eu e você pudesse colocar as mãos em algo que era restrito a pouquíssimos. Pode ser que o home studio vá se resumir em um computador e um sistema de som no futuro próximo? Pode ser, mas de fato podemos observar um acesso infinitamente mais rápido a esses equipamentos únicos através da tecnologia desenvolvida pela Access Analog do que passar anos trabalhando para poder comprar. 

O Cloud Computing é o futuro dentro da produção musical e já vivemos essa realidade, como no exemplo da Access Analog, que disponibiliza capacidade de processamento sem que ele seja gerenciado ativamente. Outra grande tendência que vem se desdobrando na última década é o armazenamento em nuvem. Dropbox, Google Drive, Soundcloud e tantos outros serviços que possibilitam acesso a arquivos em qualquer lugar do mundo através de um click.

Esse é o Splice, uma plataforma que disponibiliza várias bibliotecas de sample através armazenamento em cloud. Se você conversar com um produtor musical que iniciou seus trabalhos na década passada sobre samples, ouvirá relatos sobre projetos perdidos, samples corrompidos e muito, mas muito espaço de armazenamento ativo necessário. Agora não mais.

Através do já conhecido sistema de assinaturas, você tem acesso a todo e qualquer estilo musical e seus samples, vocais, baterias, sintetizadores… literalmente todas as peças necessárias para fazer uma faixa você pode encontrar no Splice. As vantagens não param somente no armazenamento em nuvem, o sistema de busca do Splice é bem feito, possibilitando que você busque as peças desejadas das mais diversas formas como tom, andamento, BPM, etc. Lembre-se que não muito atrás, para se achar um sample era necessário ter um conhecimento musical enorme, e essa tecnologia literalmente descarta isso. 

O que falta para tornar mais rápido e dinâmico os processos que a criação de uma música precisa? Aperfeiçoamento. Essas tecnologias que apresento no texto não estão livre de falhas e vem sendo aprimoradas quase que diariamente através de updates pelos seus fabricantes. 

Existe também o downside dessa velocidade que já é absurda dentro da produção musical: o descarte.  A cada dia que passa as músicas têm uma validade menor, os processos estão cada vez mais rápidos e é natural um artista/gravadora querer lançar um volume maior de músicas e gerar maior renda, tornando cada vez mais a música um produto consumível do que de fato arte. 

Precisamos que os processos sejam mais rápidos e dinâmicos ou mais verdadeiros e imersivos?

A música conecta.

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