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A música conecta

Tríade | As 3 referências centrais do LP de estreia de FORTUNATO pela Tandera Records

Por Elena Beatriz em Socials 13.10.2025

A Tríade nasce como um espaço dedicado a observar o presente da música eletrônica a partir de seus processos de criação. Em cada edição, convidaremos um artista para dividir conosco as referências que orientam a construção do seu trabalho — o que ouve, vive, consome e observa até chegar ao resultado final, antes de se tornar parte da pista ou do catálogo de um selo.

Na estreia, o destaque é o primeiro álbum de Fortunato, Grave Matriz. O produtor de Araraquara, radicado em São Paulo, apresenta um projeto que consolida anos de pesquisa explorando a Bass Music em diferentes vertentes, do Rap e Dubstep às sonoridades latinas, como Samba, Merengue e Dembow, que agora ocupam o centro de sua pesquisa. O disco de oito faixas combina tais referências e reforça a relação entre identidade e curadoria, evidenciando a capacidade de Fortunato transformar suas referências em uma assinatura própria, que se comunica perfeitamente entre suas vivências pessoais e as ricas culturas que o cercam. 

O álbum chega pela Tandera Records, selo independente de São Paulo que tem se tornado uma plataforma importante para artistas sul-americanos interessados em explorar possibilidades sonoras baseadas nas próprias raízes, mas voltadas para o futuro. Com participações de Evehive, Capetini, Alírio e Entrañas, Grave Matriz amplia a conexão entre Brasil e os países vizinhos da América Latina, enaltecendo a potência criativa que nasce desse intercâmbio cultural. 

A seguir, Fortunato revela as três referências que nortearam o LP, aprofundando o olhar sobre as influências, os afetos e as experiências que deram origem ao seu primeiro álbum.

Conexão com a gravadora: Tandera Records

Não tinha como esse álbum sair em outro lugar. Sempre gostei de fusões e experimentações, e a Tandera é o espaço perfeito para isso: um lugar que acolhe música brasileira e latina, sem criar rótulos. Foi massa ver o entusiasmo de Alírio e Tuxe enquanto o álbum nascia e para além disso, agora também faço parte do time da Tandera. Esse processo foi decidido depois que eu já tinha fechado de lançar o álbum, o que tornou Grave Matriz ainda mais especial pra mim.

Descolonização da música eletrônica

Na minha visão, a música eletrônica brasileira e latina é futuro. A gente nasceu da fusão de culturas, da reinvenção de gêneros e tradições, e é essa reinvenção que molda meu som. Nossos ritmos próprios muitas vezes são estigmatizados ou caricaturados — e quero sempre reforçar que somos mais do que a visão eurocêntrica pensa. Somos frutos de um solo fértil de cultura, uma herança de resistência, sincretismo e criatividade que atravessa séculos e hoje atravessa os limites da música eletrônica. Nossa cultura é linda, é potência, não é hype, é a própria vanguarda.

Parceria com Rafael Capetini

O Rafa é um grande amigo e parceiro de caminhada. Já trabalhamos juntos algumas vezes e sempre trocamos sobre processo criativo e visões sobre música. Ele me fez resgatar uma memória muito importante da época em que eu frequentava os rolês de soundsystem na minha cidade. Enquanto eu tentava me reconectar com minhas matrizes e raízes, o Rafa estava super mergulhado na pesquisa do dub. Isso me influenciou e me expandiu profundamente, tanto musicalmente quanto pessoalmente. Não tem como não citar ele, e a gravadora dele, a Doblado Records. Te amo, Rafa.

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