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A música conecta

Como entender a Shall Not Fade?

Por Ágatha Prado em Storytelling 03.12.2021

Se existe algum lugar no mundo onde se é livre para experimentar sonoridades ousadas, ou estéticas que soem fora da curva, esse lugar certamente é a Inglaterra. É lá que nascem o Acid House, o Drum & Bass, o Garage, e outras nuances que exploram as colorações urbanas de maneira distinta e que, rapidamente, se alastram pelo resto do cenário mundial. Diante desse espaço de infinitas possibilidades, gravadoras igualmente desprendidas do receio de experimentar, encontram um terreno perfeito para proliferar seus trabalhos e constituir uma verdadeira legião de seguidores.

A Shall Not Fade é um retrato da estética “fora da casinha” que os britânicos sabem explorar como ninguém. Criado pela mente curiosa e insaciável de Kieran Williams em 2015, o selo começou como um reduto criativo entre amigos, estrelando inicialmente com os trabalhos de Mall Grab e LK. O estabelecimento de uma rede orgânica de contatos e artistas, foi criando uma identidade muito particular à Shall Not Fade, além de uma sinergia sonora que pôde ser ainda mais concisa através do relacionamento de amizade que fortaleceu o início da trajetória do Shall Not Fade.

Hoje, seis anos após, o label se tornou um dos catálogos mais requisitados do cenário europeu, e uma tentativa de encaixarmos sua identidade em algum rótulo específico se torna falha quando analisamos a discografia da Shall Not Fade até aqui.

O que iniciou com lançamentos que à primeira vista podemos classificar como House ou Lo-Fi House – a se ver pelos lançamentos de grandes nomes do estilo como Mall Grab, Ross From Friends, Harrison BDP, DJ Boring e Adryiano – passou a sobrevoar as estéticas do Bass, Garage, Leftfield e até mesmo o próprio Techno, porém com particularidades musicais que dificilmente são encontradas em outras gravadoras segmentadas de cada estilo.

Esse trânsito entre múltiplas vertentes e sub vertentes, fez com que a autoridade do selo se desdobrasse também entre outras 4 sublabels: Steel City Dance Discs, Lost Palms, Dream Of Dystopia e Shall Not Fade White, que trabalham juntas e em ritmo acelerado para diversificar ainda mais o catálogo da label mãe.

O que ainda é mais interessante, é que o Shall Not Fade foi responsável por trazer à tona nomes que hoje são considerados grandes estrelas do cenário mundial. Como foi citado acima, Mall Grab – que foi o primeiro artista do catálogo, através do EP Alone  – ainda era um artista pouco conhecido quando lançou pela gravadora, e através do contato mais próximo com Keiran Williams, Grab passou a realizar seus primeiros shows da Inglaterra formando terreno para o grande trabalho pelo qual hoje é reconhecido.

Além de Mall Grab, DJ Boring também foi um dos artistas que viu sua carreira crescer em território europeu através da Shall Not Fade. Com os EPs Different Waves pela Lost Palms, e For Than pela própria label-mãe, a conexão do produtor australiano com Williams, rendeu um amplo reconhecimento de seu trabalho no cenário europeu.

Ao longo de seus de seis anos de trajetória, players de renome como Cinthie, DJOKO, EJECA, Mella Dee também fizeram parte da família Shall Not Fade, chancelando lançamentos que hoje estão entre os principais destaques da gravadora. 

Celebrando agora suas seis voltas ao sol, a gravadora preserva seu legado de compilações anuais, continuando a tradição de marcar seu aniversário com compilações repletas de estrelas que fazem parte da história da gravadora. Entre o House, Garage, Techno, Bass e Breaks, o selo abraça faixas de afiliados de longa data como Harrison BDP, Subjoi, Black Loops e Felipe Gordon, bem como rostos recentes da gravadora como Cinthie, Kessler & Barry Can’t Swim. Disponível em mídia digital e através de um fascinante pacote de vinil com três discos, 6 years of Shall Not Fade é um lançamento que sintetiza a mais pura e diversa identidade da Shall Not Fade. 

Como reflexo da originalidade nativa dos britânicos, a Shall Not Fade permanece inovando ano após ano, sem espaço para estacionar em um único estilo, abrindo portas para novos e consagrados artistas, e expandindo ainda mais através de seus sub-labels – com o mais recente Shall Not Fade Classic Cuts.

Vida longa à Shall Not Fade! Que venham longos anos adiante!

A música conecta.

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