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A música conecta

O futurismo indígena multi-artístico de Nelson D chegou à Diversall Music – e com razão

Por Rodrigo Airaf em Storytelling 21.08.2023

Tem gente que promove a diversidade e tem gente que é a diversidade. Nesse sentido, todos os vértices de Nelson D colaboraram para a singularidade que é o artista Nelson D. Ele nasceu em Manaus e foi adotado por um casal de italianos, com quem morou uma parte de sua vida até voltar para o Brasil e se instalar em São Paulo, a cidade que dá luz aos desejos dos sonhadores. Nelson D sonhou sim, mas na prática fez muito mais: hoje é reconhecido como o multi-artista futurista que mesclou sua identidade indigena ao seu apreço por bandas icônicas dos anos 90, como Chemical Brothers, The Prodigy e Underworld

Esse intenso diálogo entre as muitas referências de Nelson D é, na verdade, um resumo de sua clareza artística e potencial de transformação através da música. A cada lançamento, sua identidade fica evidente e a sua criatividade sempre toma uma nova forma e promove uma nova mensagem. Isso dá para perceber pelo dance-funk de Moleque Vampiro, pela disco romântica de Me Beije, pelo Cyber-Funk de Três Palavras, entre outros sons. Nelson, que produziu faixas para Gloria Groove, Linn da Quebrada e Tássia Reis, não esconde sua veia clubber nem a sua facilidade para trafegar por diversos nichos.

Essa abordagem versátil colocou o artista no Rock in Rio, no Festival Sensacional, no Se Rasgum, Balaclava e Amazonia Mapping. Tem que se situar e acompanhar a carreira do artista para saber se você vai se deparar com sua faceta de banda, cantoria e performances ou com a sua psicodelia de club que gerou algumas parcerias interessantíssimas. Uma delas é Nossa Gangue, EP produzido com Ella De Vuono, lançado este ano pela Cocada Music, label que dispensa apresentações para quem está ligado no universo house do Brasil. Aliás, uma das faixas do projeto, a chiquérrima Gangue de LGBT, foi parar no Boiler Room por escolha de Valentina Luz.

Aquele EP não representou somente uma boa pedida para os dançantes, mas aprofundou a amizade que Nelson mantém com Ella De Vuono, algo que começou em 2020 por intermédio de Monique Dardenne, do Women’s Music Event. Com tantas coisas em comum, a energia que atravessa os dois traz a potência da mensagem sobre diversidade na dance music e torna natural o passo seguinte: um single de Nelson D na Diversall Music, label da Ella. O resultado é PIX, track que tem tração nas 129 batidas por minuto e que, a princípio, declara o direito ao amor através de uma demonstração de afeto que todos amamos: uma transferência bancária. 

Foto por Rafael Salvador

Estar na Diversall faz todo o sentido aqui, já que a label tem diversidade no nome e na curadoria, tanto na estética do artista em si quanto na estética sonora – é lá que você vai para ver talentos brasileiros publicando de tudo, de A a Z. Nelson lança sua faixa, inclusive, antes de uma série de nomes fodas que virão a seguir na Diversall, como From House To Disco, Gabriel Brasil, Gabto e Fugaz. A label faz questão de organizar todo o seu calendário para que nenhum lançamento seja parecido com o outro, que reúna artistas de diversos portes e que, pura e simplesmente, “toquem o que lhes toca”.  

No caso de PIX, o artista chega aos cases de DJs com samples do chapareke – um instrumento indígena milenar do México – maraca e chocalhos. O humor atrevido de sua letra, você pode reparar, pode se conectar com a realidade da maioria de nós e é apenas mais uma composição cativante do artista. Para alguém que está acostumado a misturar techno, house, funk, carimbó, tecnobrega, trap e mais – ad infinitum – em suas músicas, a Diversall cai como uma luva. 

Conecte-se com Nelson D: Instagram | SoundCloud | Spotify 

A música conecta.

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