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A música conecta

Stefanos Tsitsipas: dos Slams para o estúdio

Por Alan Medeiros em Storytelling 26.11.2021

A jornada dupla de trabalho não é exatamente uma novidade para a atual geração. Seja por necessidade financeira ou pela necessidade de combinar diferentes preferências profissionais, pessoas de todas as partes do mundo acabam por desenvolver habilidades que resultam em ocupações e trabalhos diferentes – às vezes completamente distintos. 

Dentro da economia criativa isso é bastante comum na verdade. Designers redatores, editores de vídeo produtores de evento, DJs gerentes de mídias sociais. A lista é bem longa e quando se encontra o equilíbrio geralmente o resultado é bem positivo. As combinações entre diferentes universos profissionais são menos comuns, mas ainda sim bem observáveis dentro da nossa cena. DJs/produtores que durante o dia são advogados, gerentes de investimento, donos de empreendimentos que nada tem a ver com a música. Há vários casos em que essa estabilidade profissional fora da música ajuda e muito o desenvolvimento de uma carreira artística. 

No mundo esportivo isso também acontece, em menor número com os atletas de ponta, é verdade. Embora esse perfil de atleta geralmente tenha a vida financeira estável e bem resolvida, muitas vezes uma paixão pode falar mais alto, e é aí que a dupla jornada acontece. Ronaldo, o nosso fenômeno dos campos, passou a investir e trabalhar com diferentes business antes de pendurar a chuteira e hoje é um empreendedor com negócios distintos coexistindo. A australiana Ashley Barty de 25 anos, já ganhou um Grand Slam em duas ocasiões – França e Inglaterra -, é atual número 1 do mundo no ranking da WTA e também atua profissionalmente como jogadora de críquete. Também do tênis vem o exemplo que dá título e vida a este Storytelling

Greece’s Stefanos Tsitsipas poses with the winner’s trophy after winning the men’s singles final match on day eight of the ATP World Tour Finals tennis tournament at the O2 Arena in London on November 17, 2019. – Tsitsipas beat Austria’s Dominic Thiem to win the match 6-7, 6-2, 7-6. (Photo by Glyn KIRK / AFP)

Stefanos Tsitsipas é um tenista grego de 23 anos que atualmente ocupa a posição 4 no ranking da ATP, que mede o desempenho dos melhores jogadores do mundo. Tsitsipas já é o tenista da Grécia com a melhor posição alcançada na história. Seu estilo de jogo é conhecido pelas características plásticas e ofensivas, que incluem um backhand de uma só mão e uma melhor atuação sobre o saibro. Foi justamente nessa superfície em que ele conquistou dois dos resultados, que fizeram de 2021 o melhor ano de sua carreira até aqui: título no torneio de Monte Carlo da série Masters 1000 e a final do tradicional Roland Garros, onde foi derrotado por Novak Djokovic.Stefanos também é o tenista mais jovem da história a conseguir derrotar todos os membros do chamado Big 3 – Federer, Nadal e Djokovic. Ele conseguiu tal façanha em 2019, aos 20 anos de idade.

Apesar da carreira de sucesso dentro das quadras, Tsitsipas também tem encontrado tempo e inspiração para produzir música eletrônica. Em algumas entrevistas, ele já havia mencionado sua paixão pela música, a qual considera ser um espaço onde as pessoas podem reforçar suas identidades. Seus primeiros lançamentos nas plataformas digitais aconteceram no começo deste ano. O debut foi o single My Affection For You, que já soma mais de 70 mil plays no streaming.

Sua identidade musical, ao contrário das quadras, é mais amena e relaxante. Tecnicamente falando, se encontra em algum lugar entre o Hip Hop Chill Out e o Ambient Experimental, e em algumas ocasiões, com um toque Lo-Fi. Não é absolutamente avançado, mas está longe das primeiras camadas da música eletrônica, o que chama a atenção, visto a necessidade de tempo que uma carreira na música necessita para que um artista comece a alcançar seus melhores resultados.

Para um profissional jovem e bem sucedido no mais alto nível esportivo, como é o caso de Stefanos Tsitsipas, lidar com a pressão é um dos desafios mais complexos que se pode ter. Há uma cobrança enorme por resultados, e por lidar com todos os problemas esportivos que seus adversários e uma quadra de tênis podem fornecer. Provavelmente a música nunca ocupará a mesma posição e nível de importância que o esporte tem em sua vida, mas certamente é um escape, um ponto de equilíbrio que o grego pode acessar sempre que precisar se conectar com o mundo de uma forma diferente e absolutamente genuína. Até então ele tem feito isso muito bem. 

A música conecta. 

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