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A música conecta

Uma rave para as vagabundas de Floripa

Por Isabela Junqueira em Storytelling 11.08.2023

Santa Catarina é um dos principais spots da música eletrônica nacional e embora conhecida por seus clubs de relevância mundial e uma cena realmente madura, a normatividade ainda é uma característica enraizada nas práticas culturais da cidade. Em 2022, fruto da criatividade e demanda pessoal de Thiago Alvino, o Virgo Devil, nasce a Slut Rave. Morador da capital catarinense há 10 anos e frequentando a cena local há pelo menos sete, já tendo ocupado a cena tanto como público quanto produtor, além de atuar também nas funções de promoter, produtor executivo e gerente de outros coletivos da cidade, a simples necessidade de fugir do comum foi o que fez o artista se movimentar e criar.

“Depois de 2 anos de pandemia, eu não queria voltar pra pista pra ouvir as mesmas coisas e ter as mesmas experiências, até mesmo por que nesse tempo em casa escutei muitas coisas diferentes e vi novas propostas de música e festas nascerem, e claro sempre em outros estados, por que a ilha é tomada pelo deep house e algumas vertentes do techno (que eu particularmente adoro, mas cansei de sempre ouvir os mesmos sons, batidas e artistas nessa pegada)”, narra Thiago. Essa necessidade fez com que, além de seu próprio projeto como Virgo Devil, surgisse a Slut, criada para ser a porta de entrada dessa música eletrônica mais divertida, despretensiosa e sem aquele crivo limitante. “Na Slut a gente experimenta, dá espaço e principalmente SE DIVERTE e APRENDE”, reforça o fundador.

“Eu um cara negro, sem nenhum incentivo financeiro da familia ou qualquer outro meio ou patrocínio, sou o único a ser o dono de um rolê de música eletrônica na ilha, onde existem sim outras pessoas negras fazendo festas, porém com formatos mais abertos e até algumas brasilidades, mas produzindo e a frente de uma festa/movimento de música eletrônica, eu sou o único mesmo, infelizmente”, reflete ainda.

Acesso, diversidade — tanto em relação às pessoas que frequentam quanto na curadoria da Slut —, diversão, suor e música animada: essa é a essência do rolê. Do techno, trance e electro ao hard house e dance, os estilos mais acelerados justificam o “rave”; enquanto referências que expressassem a personalidade de quem faz a festa acontecer (como o EP Slut Pop da Kim Petras) é de onde surge o “slut”. É necessário pontuar que apesar do nome da festa, a Slut não é uma festa sexual, mas que preza pela liberdade e expressão sexual. “É mais sobre ser dono do seu corpo e escolhas e ter segurança nessa expressão, seja na pista ou na vida, e esse conceito veio também de uma ótima referência”, completa Thiago. A referência mencionada você confere abaixo.

As edições da Slut Rave já receberam artistas como Badsista, Brum do Baile, Cyberskills, Carol Mattos, Eram, Jensen Interceptor, L_cio entre muitos outros em 12 edições. Inicialmente os planos incluíam festas há cada dois meses, mas com vários projetos, ideias e DJs dispostos a tocar na pista da Slut, ultimamente a frequência tem sido quase que mensal. Vale reforçar que isso não é regra, mas que vai de acordo com o que o time da festa planeja, mas sempre dando espaço para possíveis adaptações e formatos diferentes. “Nascemos no Bar do Jonas que é um bar com uma pista estilo inferninho e depois dali já fomos pro Bar do Deca que fica na Praia Mole, pra Conca Club que fica no centro e espaços menores como o Haoma Baixo centro onde fazemos edições pockets, e sempre buscando locais e propostas diferentes”, destaca Alvino.

Inclusive dessa ânsia criativa surgiu o Slut Lab, que assim como a Slut, é um espaço de experimentação e divertimento. O Lab abre espaço para pessoas com muito talento e poucas oportunidades. “Sempre prezando por qualidade, nessas edições tudo é feito com novas pessoas, desde o design das artes até os DJs que tocam, projeções de vídeos e fotografia”, contextualiza Thiago, que ainda nos conta que esse é o lado A da festa, mas que ainda há um lado B que não foi lançado, mas será tão interessante quanto o já praticado. Para participar do Lado A do Slut Lab, basta acessar o formulário, conferir as informações e preencher.

Além de Virgo Devil (projeto do fundador e curador da Slut), CRX, Marssala e Mary D formam o time de residentes. Junto de uma equipe em formação de sete pessoas, a festa segue avançando, conquistando seu espaço e inclusive já tem data prevista para uma próxima edição. Ocupando mais uma vez o Conca Club, no dia 18 de agosto, a Slut Rave traz como convidadas duas DJs que representam muito bem seu espírito: DJ Bassan e Clementaum, atendendo literalmente, a mais uma demanda do seu público. Os ingressos estão disponíveis neste link. Na playlist abaixo, criada pelo próprio coletivo, você pode sentir um pouco o mood Slut.

Ao longo do texto, estão dispostos os sets dos residentes e conteúdos que se conectam com a história da Slut, que segue fornecendo uma rave segura, de qualidade e divertida para as vagabundas de Floripa. “Existimos e resistimos”, assegura o fundador.

Conecte-se com a Slut Rave: Instagram | SoundCloud 

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