Uma das grandes turnês do primeiro semestre no cenário da música eletrônica do Brasil é a de Simon Green, mais conhecido como Bonobo. O DJ e produtor britânico é um dos ícones da nossa indústria criativa e pode ser facilmente considerado um dos artistas mais talentosos e inspiradores que temos. Sua última turnê por aqui com múltiplas datas foi em 2015, quando passou por Warung e D-EDGE – depois disso ele também veio para o DGTL São Paulo em 2019. Agora ele retorna para 4 datas no Brasil (além de 1 na Argentina). São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro e Porto Alegre o recebem na Time Warp, Warung Day Festival, Circo Voador e Levels, respectivamente. É uma turnê e tanto com significados especiais.
Bonobo é um dos nossos artistas favoritos e muito além disso, um produtor que ao longo da sua carreira se tornou um especialista em quebrar barreiras e levar sua música, essencialmente eletrônica e por vezes até experimental, para uma variedade de tribos e nichos de preferências que pouquíssimos conseguem fazer. Não foram poucas as vezes que conversando com pessoas interessadas em música, mas totalmente fora do nosso circuito, o nome de Simon foi citado com carinho e admiração. Ele é fora da curva, disputado globalmente e com aparições bastante raras na América do Sul.

Mas não é apenas a raridade que faz desta turnê de Bonobo um marco especial. Apesar de ter uma carreira historicamente consolidada, ele não é exatamente um ticket seller. A maior parte de sua obra musical é mais voltada a sua performance enquanto live e como por aqui as apresentações até então sempre foram como DJ, apostar em sua contratação e promovê-la não é uma tarefa das mais simples. Portanto, partimos do ponto que vale muito enaltecer os promoters e profissionais que fazem isso acontecer, pois além desses aspectos, mesmo enquanto DJ, Simon Green é um artista capaz de mudar paradigmas musicais e trazer uma luz em meio a um circuito que muitas vezes peca pela repetição.
Os últimos anos foram intensos e interessantes em termos de catálogo para Bonobo. Em 2017 ele lançou o aclamado Migration, um de seus mais aguardados e conceituados álbuns. Dois anos depois ele se uniu ao fabric para entregar sua versão da tradicionalíssima série de compilações do club britânico. Mais tarde no mesmo ano ele lançou o EP (com prensagem em vinil) Linked. Durante a pandemia, Simon se manteve ativo com o lançamento de um remix para faixa Final Days de Michael Kiwanuka, além do grande EP de sucesso Heartbreak em parceria com seu parceiro de longa data no estúdio Totally Enormous Extinct Dinossaurs – que ganhou um remix poderoso de Kerri Chandler.
No começo de 2022, Bonobo lançou seu mais recente álbum Fragments, que até aqui trouxe parte de seus melhores resultados no streaming. Desde então foram 3 singles, ATK, Defender e Fold. É inegavelmente uma fase bastante ativa de Simon, que no passado já experimentou períodos longos sem lançamentos. Até aqui, ele soma 7 indicações ao Grammy e embora não tenha sido premiado com um título ainda, é reconhecidamente um artista respeitado pela academia e pela crítica de fora da música eletrônica. Tais feitos somados à sua sólida discografia reforçam a importância dessas datas por aqui e, muito além disso, da necessidade de termos nomes capazes de trazer uma assinatura diferente para as nossas pistas. Que seja uma tour de grandes encontros!
A música conecta.