Nem tudo começa com um plano. Às vezes, apenas um encontro basta para que uma história comece a ser escrita — e foi exatamente assim que surgiu a Botanic. Døriva e Leo Andreazza se conhecem há mais de uma década. A primeira conexão foi ainda em 2011, quando rolou a primeira edição da Cadenza Vagabundos em Santa Catarina, uma época em que o Minimal ainda era um som bem nichado no Brasil. Eles se encontraram ali, naquelas faixas que pouca gente tocava, compartilhando o gosto musical por sonoridades mais excêntricas, lineares e detalhistas.
A amizade cresceu, mas cada um seguiu seu caminho por um tempo. Doriva se manteve forte na pista, sendo residente do D-EDGE, DJ ativo na cena catarinense, com passagens pela Romênia, França e Reino Unido. Leo foi mais pro lado da produção cultural e pesquisa musical. Sempre de olho em sons fora do radar, ajudou na curadoria de eventos importantes como uma edição do Festival Club Quinto Sol no Brasil, que chegou a ter Ricardo Villalobos no lineup em uma edição na Green Valley, em 2013. Mas foi só anos depois, quando o mundo parou por conta da pandemia, que eles sentiram que era hora de fazer algo juntos.
O cenário já não era o mesmo, e o som que eles tanto acreditavam parecia cada vez mais de escanteio nas pistas. Foi nesse contexto que surgiu o Botanic Soundsystem, um projeto de b2b que refletia a sonoridade que vinham desenvolvendo em paralelo: profunda, com texturas refinadas e uma pesquisa bastante sensível em torno das linhas mais minimalistas. Um som que eles mesmos queriam ouvir, mas que quase ninguém estava tocando por aqui. A criação do projeto também teve o incentivo de Vanessa Abreu, esposa e parceira de Leo, que sugeriu que começassem a tocar juntos, contribuindo diretamente para a concretização da ideia.
A vontade de dividir essa experiência com mais gente levou naturalmente ao próximo passo: criar um label com identidade própria. Assim surgiu a Botanic, no inverno de 2022, com um evento de estreia mais intimista na Lo-Fi e, logo em seguida, desembarcando na pista Raw Room do Surreal Park. Nesta edição, já fizeram questão de trazer gente grande: o romeno Cosmjn. Desde então, a Botanic passou a assinar eventos com regularidade no Surreal, ocupando também outros palcos como Bells, Church e Nomad. A parceria com o club, inclusive, foi essencial para o crescimento da label. Leo atua como diretor artístico do Surreal e a sintonia entre a proposta sonora da Botanic e a liberdade criativa que o local oferece fez com que a label encontrasse ali uma espécie de lar.
Mas além de toda a atmosfera que é criada em cada evento da Botanic, é preciso destacar também a curadoria acertada nos eventos. Só de nomes internacionais, já vieram artistas de grande relevância e presença não regular em nossas pistas, Traumer, Shonky, Alci, Cristi Cons, Cosmjn, Olga Korol e Mathew Jonson estão entre eles. Além disso, há sempre espaço para artistas nacionais e parceria com núcleos que orbitam esse mesmo universo estético, como já aconteceu com Totoyov, United, Frat House e outros.

Agora, em 2025, a label celebra seus três anos de vida e vai fazer isso no lugar mais emblemático dessa história até aqui: justamente o Surreal Park. A edição de aniversário acontece no próximo dia 19 de julho, no palco Nomad, e reúne tudo aquilo que a label valoriza: inovação, identidade e conexão. O line up traz o live de Ion Ludwig, um dos nomes mais respeitados do minimal europeu, a assinatura sonora do próprio Botanic Soundsystem e a estreia da promissora Celestia, artista revelada através do Sprout Contest, série criada pela Botanic para dar visibilidade a novos talentos da cena.
Uma noite feita para quem acompanha a jornada desde o começo e também para quem está chegando agora, porque a Botanic é um convite a ouvir, sentir e fazer parte de um movimento que segue crescendo. Ingressos antecipados disponíveis pela Ingresse.