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A música conecta

Botanic: uma amizade que virou label em prol dos sons de vanguarda em pistas do Brasil

Por Marllon Eduardo Gauche em Trend 10.07.2025

Nem tudo começa com um plano. Às vezes, apenas um encontro basta para que uma história comece a ser escrita — e foi exatamente assim que surgiu a Botanic. Døriva e Leo Andreazza se conhecem há mais de uma década. A primeira conexão foi ainda em 2011, quando rolou a primeira edição da Cadenza Vagabundos em Santa Catarina, uma época em que o Minimal ainda era um som bem nichado no Brasil. Eles se encontraram ali, naquelas faixas que pouca gente tocava, compartilhando o gosto musical por sonoridades mais excêntricas, lineares e detalhistas.

A amizade cresceu, mas cada um seguiu seu caminho por um tempo. Doriva se manteve forte na pista, sendo residente do D-EDGE, DJ ativo na cena catarinense, com passagens pela Romênia, França e Reino Unido. Leo foi mais pro lado da produção cultural e pesquisa musical. Sempre de olho em sons fora do radar, ajudou na curadoria de eventos importantes como uma edição do Festival Club Quinto Sol no Brasil, que chegou a ter Ricardo Villalobos no lineup em uma edição na Green Valley, em 2013. Mas foi só anos depois, quando o mundo parou por conta da pandemia, que eles sentiram que era hora de fazer algo juntos. 

O cenário já não era o mesmo, e o som que eles tanto acreditavam parecia cada vez mais de escanteio nas pistas. Foi nesse contexto que surgiu o Botanic Soundsystem, um projeto de b2b que refletia a sonoridade que vinham desenvolvendo em paralelo: profunda, com texturas refinadas e uma pesquisa bastante sensível em torno das linhas mais minimalistas. Um som que eles mesmos queriam ouvir, mas que quase ninguém estava tocando por aqui. A criação do projeto também teve o incentivo de Vanessa Abreu, esposa e parceira de Leo, que sugeriu que começassem a tocar juntos, contribuindo diretamente para a concretização da ideia.

A vontade de dividir essa experiência com mais gente levou naturalmente ao próximo passo: criar um label com identidade própria. Assim surgiu a Botanic, no inverno de 2022, com um evento de estreia mais intimista na Lo-Fi e, logo em seguida, desembarcando na pista Raw Room do Surreal Park. Nesta edição, já fizeram questão de trazer gente grande: o romeno Cosmjn. Desde então, a Botanic passou a assinar eventos com regularidade no Surreal, ocupando também outros palcos como Bells, Church e Nomad. A parceria com o club, inclusive, foi essencial para o crescimento da label. Leo atua como diretor artístico do Surreal e a sintonia entre a proposta sonora da Botanic e a liberdade criativa que o local oferece fez com que a label encontrasse ali uma espécie de lar.

Mas além de toda a atmosfera que é criada em cada evento da Botanic, é preciso destacar também a curadoria acertada nos eventos. Só de nomes internacionais, já vieram artistas de grande relevância e presença não regular em nossas pistas, Traumer, Shonky, Alci, Cristi Cons, Cosmjn, Olga Korol e Mathew Jonson estão entre eles. Além disso, há sempre espaço para artistas nacionais e parceria com núcleos que orbitam esse mesmo universo estético, como já aconteceu com Totoyov, United, Frat House e outros.

Agora, em 2025, a label celebra seus três anos de vida e vai fazer isso no lugar mais emblemático dessa história até aqui: justamente o Surreal Park. A edição de aniversário acontece no próximo dia 19 de julho, no palco Nomad, e reúne tudo aquilo que a label valoriza: inovação, identidade e conexão. O line up traz o live de Ion Ludwig, um dos nomes mais respeitados do minimal europeu, a assinatura sonora do próprio Botanic Soundsystem e a estreia da promissora Celestia, artista revelada através do Sprout Contest, série criada pela Botanic para dar visibilidade a novos talentos da cena.

Uma noite feita para quem acompanha a jornada desde o começo e também para quem está chegando agora, porque a Botanic é um convite a ouvir, sentir e fazer parte de um movimento que segue crescendo. Ingressos antecipados disponíveis pela Ingresse.

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