A música em combustão com o aspecto emocional. Assim pode ser brevemente definido o som da DJ suíça Sassy J. Ela é responsável pela curadoria e produção da conceituada noite Patchwork e também trabalha com a criação das artes para a festa. Mais do que hobby e trabalho, Sassy possui arte correndo pelas veias.
Apaixonada pela cultura eletrônica e sons analógicos, Sassy já acumula 20 anos de carreira e ao longo de todo esse tempo conquistou a admiração e respeito de grandes artistas da cena. Ela também é reconhecida como uma porta-voz de novas sonoridades, posto esse que a permite estar em uma posição confortável na cabine, quase sempre cercada por pessoas que apreciam sua identidade sonora sem pressa, apenas curtindo sua pesquisa musical que se desenvolve de forma envolvente.
Após passar por lugares incríveis, como Dekmantel, OHM e Eglo Dance, ela apresenta um podcast exclusivo para a Troally hoje, poucos dias antes de sua participação do Dekmantel São Paulo. De quebra, Sassy também respondeu algumas perguntas, que você confere logo abaixo:
1 – Olá, Sassy J! Obrigado por nos atender. Sabemos da sua paixão por compor roupas com retalhos e desenhar algumas artes ligadas ao seu trabalho como DJ. Como isso tudo começou? De que forma isso te completa como artista?
Sou atraída por cores, combinações de cores, tecidos, padrões e formas. As roupas e cores que meus pais ou músicos que nos visitavam estavam vestindo me empolgavam muito quando criança. Ao lado da música, sempre foi algo que fez com que eu me sentisse inspirada. Eu comecei a coletar tecidos e têxteis em feirinhas e mais tarde em lojas de caridade. Com estes criei minhas primeiras peças – um moletom do John Coltrane, por exemplo. Mergulhar neste mundo de sons, cores, formas, sinais, padrões e tecidos, explorando e criando dentro dele, é o que resulta em apenas eu criando o meu mundo. Acho que ainda gosto de brincar com ele como uma criança.
2 – Patchwork é um capítulo importante na cena de música eletrônica em Berna. Como esse trabalho começou a ser desenvolvido? Quais as principais dificuldades e resultados que você tem encontrado?
Comecei convidando artistas que eram queridos a mim e que eu não ouvia em nenhum outro clube da minha cidade. Primeiro eu queria, principalmente, focar no elemento ao vivo e convidar também MCs, cantores, bandas live como Georgia Anne Muldrow, Steve Spacek ou TY. Então eu abri e só tinha DJs – também porque financeiramente às vezes era difícil fazer os lives funcionarem. O gosto específico para os meus line ups não era o mais fácil de fazer acontecer em cidades pequenas. Foi uma batalha algumas vezes, mas vale a pena. Foquei em onde a energia estava fluindo e comecei a dar mais frequência aos eventos.
3 – Ao longo de 20 anos de relacionamento com a música, certamente você já encontrou muitas raridades pesquisando músicas. Se pudesse indicar 3 faixas que marcaram sua carreira (não necessariamente na pista de dança), quais você indicaria?
Abraço qualquer música ou som que se conecta comigo. Se for raro ou não. Antigo ou novo. Deste planeta ou não. Há muitas outras faixas que causaram um grande impacto em mim, mas hoje a noite eu escolho:
Earth, Wind & Fire – See The Light
New Sector Movements – No Tricks EP
Ron Trent & Chez Damier – The Meaning
4 – Quais são suas expectativas para o Dekmantel em São Paulo? O que você tem ouvido falar a respeito da cena e do público brasileiro?
Eu mal posso esperar para estar lá e experienciar isso! Faz 10 anos que fui para o Brasil. Estive somente no Rio e em Salvador. Então, estou esperando ansiosamente para conhecer alguns paulistas. Música brasileira tem um lugar muito querido no meu coração, conheci pessoas maravilhosas através dela.
5 – Como você se sente inserida no processo de evolução da música eletrônica na última década? Você acha qua a massificação de alguns estilos tirou um pouco a essência de alguns gêneros?
A boa música sempre esteve e sempre estará lá. Se você estender a mão, ela vai te encontrar. Você não vai errar se a música vier de um lugar honesto e sincero. Se há uma essênciaem algo, você não pode tirar isso nunca.
6 – De que forma você enxerga o mercado da música eletrônica para as mulheres que já estão começando agora e para as que já alcançaram o sucesso?
Eu quero ser parte de um movimento, não de um mercado. Nesse movimento, nessa comunidade há todos os tipos de personagens, homens ou mulheres. Quem quer que você seja, seja você mesmo. Tente encontrar a sua própria voz. Faça do seu jeito!
7 – Para encerrar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?
Ela me conecta com espíritos parentes no mundo inteiro, isso faz eu me sentir pertencente. É uma das minhas luzes orientadoras, é uma casa para mim, um lugar sagrado. Sou muito grato por tê-la em minha vida.
Música de verdade, por gente que faz a diferença!
Ahh, vale lembrar que Sassy toca no sábado, dia 4, no palco Gop Tun 😉
Fotos retiradas da página de Sassy J e do link em questão.