A colaboração artística sempre esteve no cerne da criação, seja na literatura, na pintura ou na música. Ao longo da história, grandes movimentos e obras nasceram da fusão de ideias e da troca entre artistas, expandindo perspectivas e fortalecendo a mensagem que desejam transmitir. Na música eletrônica, essa sinergia se manifesta de diversas formas, mas poucas são tão replicadas quanto o formato de apresentação b2b.
Embora não haja um registro exato sobre quando essa prática nasceu ou foi oficializada, suas raízes podem ser encontradas em diferentes momentos da história da música. Nos anos 1950 e 1960, os sounds systems jamaicanos já promoviam uma dinâmica de revezamento entre seletores. Na década de 1970, o Hip Hop emergente no Bronx consolidou as batalhas de DJs, em que dois artistas se revezavam nos toca-discos, um formato que se aproxima do conceito atual de b2b.
Nos anos 1980, com a ascensão da cena Disco e House, a troca de DJs ao longo da noite tornou-se cada vez mais comum, mas foi nos anos 1990, com a expansão do House e do Techno e a consolidação da cultura rave, que o b2b se estabeleceu como um formato oficial, aparecendo frequentemente em flyers e lineups de clubs e festivais do período.
Mas o que torna esse formato de colaboração tão singular em relação a outras formas de parceria artística? A resposta parte da interação em tempo real. Diferente de um projeto colaborativo de estúdio, onde há tempo para ajustes, o b2b acontece no calor do momento, exigindo uma sintonia absoluta entre os DJs. A resposta a cada faixa tocada é imediata, influenciada tanto pelo artista parceiro quanto pelo público, que se torna um terceiro elemento essencial no processo. A vibração da pista, suas reações e a maneira como os frequentadores absorvem a sequência podem alterar drasticamente a condução do set, forçando os DJs a ajustarem sua narrativa musical em tempo real. Essa dinâmica requer um alto nível de improvisação, já que não há setlist predefinido e cada artista precisa se adaptar às mudanças constantes de direção do set.
A comunicação não verbal desempenha um papel crucial para o sucesso de um b2b. Em vez de grandes debates sobre qual caminho seguir, os DJs devem confiar em uma leitura intuitiva do momento e do parceiro. Uma apresentação bem-sucedida não se resume a alternar faixas; é uma construção coletiva de narrativa, quase coreografada, onde um DJ sabe quando abrir espaço para o outro brilhar e vice-versa.
Neste sábado, dia 15, Ratier celebra seu aniversário no Surreal Park e escolheu Classmatic para dividir a cabine em um b2b especial. Esta não é a primeira vez que os dois se encontram nesse formato – em 2023, eles tocaram juntos na festa Doe & Dance, na Church, e encerraram a pista do Nomad após um set de Marco Carola. Nos últimos meses, Ratier tem priorizado cada vez mais o formato b2b, especialmente no Surreal, reforçando um momento de sua carreira onde a colaboratividade ganha protagonismo.
Ao analisar os últimos meses, é interessante notar que esses encontros não seguem um padrão. Renato tem explorado parcerias com artistas de diferentes gerações e estilos, indo do House ao Techno, do Minimal ao Hard Techno. Essa abordagem desafia seus próprios limites criativos e também amplia os horizontes do público, reafirmando a essência colaborativa que está na raiz da cultura clubber. O b2b, quando bem executado, transcende o simples ato de tocar juntos – torna-se uma experiência imersiva, onde dois artistas se fundem para criar algo único e irrepetível.
Para marcar presença, basta adquirir seu ingresso antecipado pela Ingresse. Lembrando que há a opção de Ingresso Social mediante doação de 1kg de alimento ou outro item de higiene pessoal, agasalhos, etc., destinados para famílias que foram atingidas pelas enchentes de janeiro.