Nascida em meio à cultura underground do cenário eletrônico paulistano pelas mentes de Márcio Vermelho, Davis e Zopelar, a ODD se posicionou como uma marca que preza inegavelmente pela experiência do público, criando uma atmosfera original a cada rolê organizado na cidade. Na busca pela expansão dessa esfera criativa, chocaram-se culturas e realidades e entre as fagulhas dispersas surgiu a ODDiscos, gravadora que retrata parte do conceito sonoro da festa em formato digital.
Depois de dois EPs lançados — o primeiro em maio de 2019 e o segundo em novembro — o selo não deu espaço ao ócio e lançou no dia 20 de dezembro um VA batizado de Ferramentas Vol. I, trabalho que contou com a curadoria de Martinelli, figura importante da cena underground de São Paulo que trabalha de forma muito próxima com a crew da ODD, responsável por colocar a label em um patamar diferenciado.
A nosso convite, o jovem talentoso nos entregou um review rico em detalhes que nos ajuda a entender a proposta aplicada por Matinelli através de sua curadoria cautelosa e muito bem pensada. Ouça na íntegra e confira cada pavimento dessa construção musical abstrata:
Kakubo – Ornal | Katy nos presenteou com uma ferramenta densa, agressiva e distorcida. É uma viagem timbral extraída da Electribe, cheia de energia provocativa e texturas em todos os espectros de frequências, assinada com identidade própria.
Xiao Quan – Confucian Scrolls | Ela esbanja uma complexidade percussiva intensa com timbres orgânicos a atmosfera que remete diretamente a identidade de Xiao Quan e suas influências orientais.
Sallum – 707 Drum Solo | Com o som cru e variações de patterns da Roland TR-707, Sallum compôs uma ferramenta muito versátil e limpa, que dá para mixar com qualquer outra faixa a qualquer BPM.
Molina – Diagnóstico | É uma ferramenta rica em sentimentos, abrangendo uma grande variação de timbres elétricos e ricos em texturas, com uma sequência de bumbos frenética, que formam uma atmosfera tensa e cercada de acontecimentos.
Vermelho – Labirinto | A complexidade atmosférica dessa faixa vem desde a sutileza do vocal até o Pan de cada elemento. É uma experiência de audição tridimensional, com uma timbragem complexa e nada usual.
Letricia – Sensus Lex | Uma música rica em baixos constantemente modulados e timbres agressivos extraídos da MC-303. É uma jornada guiada pelo bumbo e por um synth cheio de movimentos compondo uma atmosfera áspera e densa.
Davis – Zé Escangalha | Energética, rica em timbres analógicos, percussões modulares e possui uma complexidade de ritmos dançantes, frenéticos e erráticos acompanhados de uma bassline poderosa com variações inesperadas.
Zopelar – Lost with U | Complexa em atmosferas, a track transita por estilos musicais sem deixar espaço para querer pensar onde ela entra. Bateria percussiva, potente, rica em overdrives rodeada por nuances de timbragens de sintetizadores agressivos e presentes.
B144 – Thriller | Ferramenta incansável, persistente, percussiva. Com textura de fitas K7 e samples de discos, essa faixa nos faz viajar pela atmosfera do House, com timbres metálicos que complementam o arpeggio que rege toda a música.
Zopelar & Martinelli – She is a Criminal! | Essa ferramenta é pesada. Densa em timbres distorcidos de 808, carrega uma intensa viagem timbral, guiada pela baixo errático e ácido, e pelas intensas variações de sequência de baterias.
Martinelli – Maria Ferramenta | Com baterias distorcidas que regem a harmonia da música, essa ferramenta é rítmica, com timbres de 808 e um groove de tons que nos guiam pela música toda, acompanhada de um synth que a torna incansável e contínua.
Dreams – Glok | Durante uma breve viagem sem baterias, um synth que passa por volta de nossas cabeças, elabora uma atmosfera cavernosa, até nos levar a uma complexa construção rítmica, energética e potente com diferentes timbres e percussões.
Zelada – Rebimboca | Timbres elétricos com movimentos em todas as frequências guiam até uma sequência de baterias dançante, limpa e ríspida com timbres de 808 e sintetizadores instigantes, ferramenta energética e essencial.
Alys – YynastyyY | Entre um complexo arranjo de baterias com timbres incomuns, surgem sintetizadores gritantes e presentes gerando uma atmosfera que acolhe as linhas ácidas criadas pela Alys, numa faixa complexa de grooves e surpresas com um arranjo provocativo.
Bad_Mix – Discrete Sistem | Entre timbres distorcidos e um groove de electro, essa ferramenta não deixa ninguém parado. A bassline guia o ouvinte por uma vibe dançante acompanhada pelo forte arranjo de baterias, provocativo e agressivo ambientado por um synth que forma uma cama para os outros elementos. Essa faixa abrange uma grande variação de timbres elétricos e cheios de textura.
A música conecta.