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A música conecta

Niles Cooper é parte de uma nova geração de ouro da house music

Por Alan Medeiros em Notícias 11.08.2017

A possibilidade de novos artistas lançarem suas músicas e manterem contato com uma base de fãs (por mais pequena que ela seja no começo) foi uma das melhores possibilidades que as novas formas de consumo de música trouxeram para a indústria da música eletrônica. Sem tal atividade, certamente não conheceríamos alguns dos artistas mais talentosos da atualidade e grandes talentos provavelmente estariam sofrendo com a rejeição de gravadoras que travam processos criativos fora do óbvio.

https://www.youtube.com/watch?v=ncMoje4hPfQ

Soundcloud, YouTube e até mesmo o Spotify: cada um deles possui uma importância impar para jovens artistas liberarem suas produções com maior liberdade autoral e (bem) menos burocracia. Dentro do cenário house, Niles Cooper é um nome que tem captado nossa atenção constantemente. Natural de Aalborg, uma cidade industrial e universitária na região norte da Dinamarca, Niles ganhou representatividade após ter suas faixas lançadas por canais como Slav e Houseum. Com uma base forte de seguidores principalmente no YouTube, esses canais contribuíram para que a música de Cooper ultrapassasse a barreira dos 400 mil plays quando somadas.

Com poucos lançamentos no Beatport e muito material bom para ser aproveitado em vinil e no YouTube, Niles é o tipo de artista ciente de sua posição na indústria e muito confiante quanto ao futuro da “real” house music. Para descobrir um pouco mais sobre as referências que ajudaram a tornear um estilo de produção tão interessante, pedimos para o DJ e produtor dinamarquês montar uma playlist com algumas de suas faixas preferidas e responder abertamente perguntas envolvendo carreira e cena. Confira abaixo:

1 – Olá, Niles! Tudo bem? Muito obrigado por falar conosco. Como tem sido seu processo de amadurecimento e evolução musical nos últimos anos? Hoje a música eletrônica é a principal atividade de sua vida?

Hey Alataj! Obrigado por me receber! Uh, boa pergunta. Ela já me levou a uma viagem e tanto. Comecei a produzir há cinco anos, mas focando principalmente em composições no piano. Então, nos últimos três anos, fiquei completamente obcecado com o house old school dos EUA. Depois de alguns anos de tentativas e erros, finalmente senti que eu poderia começar a produzir nesses gêneros. Então hoje em dia, produzo principalmente música inspirada em Detroit ou Chicago, ou às vezes com um sabor sonoro mais Nova York. Todo esse tempo eu estive estudando, até alguns anos atrás, quando desisti do mestrado em neurociência cognitiva. Agora posso dizer que felizmente a música é minha principal atividade, a qual me sinto absolutamente grato por isso.

2 – Com o avanço das novas formas de distribuição de música, talvez as gravadoras tenham perdido um pouco de sua força. O que você pensa a respeito disso? Ter o suporte de um grande selo ainda é essencial para carreira de um produtor?

Sim, com certeza. Há, obviamente, prós e contras sobre isso. Por um lado democratiza a cena house, no sentido de que os grandes labels não controlam os pontos de venda exclusivamente. Dessa forma, é muito mais fácil para os artistas undergrounds serem reconhecidos e se conectarem com as pessoas. Por outro lado, acho que as gravadoras ainda controlam muitas coisas que se passam nos bastidores, nesse sentido, ainda acho importante lançar em labels. Uma coisa é ter muitos ouvintes, outra é ser contratado ou escolhido para uma noite em clube. Sinto que a cena house/techno do Beatport ainda está massivamente representadas em eventos, seja em festivais ou clubes. No entanto, se você comparar os números de plays na cena underground com o som mais comercial da plataforma, é claro que existe um grande interesse por esses sons mais profundos dos Estados Unidos. Então, espero que estes novos fóruns de distribuição de música se espalhem para o mundo do evento e dos labels.

3 – Fazendo um paralelo com o passado e as origens do gênero, como você avalia o atual momento do house ao redor do globo?

Sim, é um momento fantástico para o house underground agora, sinto que realmente há uma revolução acontecendo. Parece que as pessoas estão fartas de um som super polido, que dominou a cena por tanto tempo, e começaram a voltar para as raízes da house music – seja jazz ou disco infudido no groovy house, ou o lado cru de Detroit/Chicago house. Estou muito animado para ver o que acontece nos próximos anos. Se os criadores de eventos, labels, meios de comunicação começarem a tomar conhecimento, poderíamos ter uma nova era de ouro na house music.

4 – Pensando em Niles Cooper como DJ, quais são os principais artistas que estão sob o seu radar em termos de pesquisa musical?

Tantos artistas bons no momento…. combinados com uma grande escavação da discografia de artistas mais antigos, encontro joias semanalmente. Dos artistas mais novos com aquele house clássico, sinto que DJ Steaw, Mikki Funk, Samann, Daniel Leseman e Bwi-Bwi estão realmente arrebentando. Dos sons mais jazzísticos caras como Seb Wildblood, Laurence Guy, Loure e Tom VR são particularmente meus favoritos. Earl Jeffers, Jesse Futerman, Real J e Interstate também estão aparecendo com aquele som inspirado no jazz e na disco. Embora eu deva mencionar que pelo menos metade do tempo, estou ouvindo (e tocando) coisas antigas.

5 – Qual a importância de canais como Slav, Houseum e 030esar0303 possuem em sua carreira? Você possui contato direto e frequente com algum deles?

Devo tanto a esses caras, eles são totalmente essenciais para artistas como eu, sem eles não poderíamos nos conectar com tantas cabeças do house em todo o mundo. Eles fazem tanto pela nossa cena, sem eles para empurrar o som, esse renascimento da cena old school do house não teria acontecido, eles são verdadeiros líderes do underground. Grande abraço para 030esar0303, Slav e Houseum! E sim, além disso, os três caras que dirigem esses canais são lendas, desconstruídos e muito legais!

6 – Quais foram suas inspirações para montar essa playlist? Qual era seu sentimento ao decorrer desse processo?

Eu quis montar uma playlist com algumas músicas mais recentes, assim como algumas das mais antigas. Basicamente quis que tivesse algumas músicas novas para os veteranos, mas também alguns dos clássicos para os ouvintes novos. Ao mesmo tempo, todas essas são músicas que me tocaram em um nível pessoal de alguma forma, seja a manifestação de belas memórias ou sons que me inspiraram a produzir minha própria música. Foi um prazer absoluto passar por esses discos. Muito obrigado pela oportunidade, Alataj, muito obrigado por me receber!

A música conecta as pessoas!

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