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A música conecta

Outubro Rosa | Bruna Calegari fala sobre aprendizados e inspiração entre mulheres na música eletrônica

Por Alan Medeiros em Notícias 19.10.2018

Por Bruna Calegari

Trabalhar num mercado que envolve tantas paixões, sonhos e egos sempre foi muito difícil. Talvez por isso as mulheres sejam tão necessárias no mundo da música eletrônica. Mulheres fortes que estão sempre na retaguarda de grandes projetos me ensinaram muito mais do que homens egocêntricos que insistem em aparecer mais do que o necessário. Mulheres que engolem sapo e trabalham direitinho enquanto homens ganham os louros pelo trabalho bem-feito. Se você busca inspiração nesse mercado, busque pelas mulheres.

Já trabalhei com muitas profissionais fodásticas desse mercado. Com algumas não cheguei a trabalhar diretamente, mas os ensinamentos que me deram foram enormes, pelo simples fato de estarem trabalhando ao meu lado. Aqui, gostaria de deixar pública toda minha admiração por elas.

Melissa Piper, produtora, é um exemplo. Produção é uma coisa incrivelmente dura. Calejada de tanto engolir sapo, desenvolveu uma personalidade forte e tem fama de durona, mas já vi chorar e tremer de ansiedade. Sempre entre nós, nunca na coxia – o que me fez considerar nossa relação profissional muito mais próxima de uma amizade. Sempre gostei de ver como ela se comunica com os homens, de igual pra igual. Não canso de me admirar com a sua sinceridade, item de primeira necessidade pra nós duas. Em tudo que se envolve, arrasa e entrega bem-feito. Não é a toa que está sempre por trás de projetos maravilhosos. Com a Mel aprendi a ser quem eu sou, sem medo.

Monique Dardenne é porreta. Vou confessar que não ia com a cara dela no começo do nosso relacionamento. Coisa boba de meninas fortes que se encontram pela primeira vez e não viram amigas instantaneamente – você implica com alguma coisa pra justificar que acha aquela pessoa foda, mas não quer dar o braço a torcer, sabe? Quando nos conhecemos ela contou sobre a turnê do Snoop Dogg que havia feito e eu pensei “que mina ponta firme”. Mal sabia eu que era ponta firme até demais! Aí veio o Womens Music Event com tanta força, nossos papos sobre o que ela e a Claudinha pensavam em fazer… corta pra 2018, ela me dando os melhores conselhos sobre maternidade, dizendo pra não sentir culpa ou medo em relação à minha gravidez. Que não estar pronta é normal e que a carreira não estaciona porque você vira mãe. Pra mim a Monique são as palavras que vêm na hora certa, compartilhadas com muito carinho. Com ela aprendi a valorizar meu lado feminino. Não devemos tentar ser homens, mas sim valorizar nossas características femininas no trabalho.

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Last but not least, tem a Priscila Prestes. Mais que uma amiga: um braço, dois ouvidos, dois olhos muito atentos, um tremelicar constante de ansiedade, um incessante confabular de ideias e as palavras fortes, na lata. Como trabalha essa mulher! Como se informa, como busca novidades incansavelmente, e que opiniões fortes ela tem… Aquele tipo de pessoa que consegue visualizar as situações com distanciamento suficiente pra não deixar a paixão atrapalhar os negócios – coisa que todos que trabalham com o seu hobby deveriam saber fazer. A Pri é foda! E se for contar tudo que ela passou pra estar aonde está, ninguém acreditaria – e maioria já teria desistido e mandado tudo às favas. Ela não: segue na resistência, mostrando aos poucos todo seu brilho. Deixando estar, porque sabe que ali na frente se colhe os frutos do que se planta hoje. Escorpiana, né mores? Com ela aprendi a ter paciência e resiliência. Mas quem dera, um dia, ter um quinto da sua força.

Ao longo da minha carreira colaborei com outras mulheres maravilhosas que, em momentos e situações diferentes da minha vida, me encheram de orgulho e me ensinaram a ser uma pessoa e profissional melhor. Por essa e por outras, falo com muito orgulho destas que hoje estão mais próximas a mim e trabalho diariamente para que as próximas gerações possam usufruir de um ambiente mais saudável e sustentável.

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