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A música conecta

Daft Punk – 1993/2013

Por Alan Medeiros em DJ's 09.10.2013

“A bunch of daft punk”, ou traduzindo, um bando de punks bobos. Quando um jornalista da Melody Maker usou essas palavras para falar sobre a primeira banda de Thomas Bangalter e Guy-Manoel de Homem-Christo, chamada Darling (ou Darlin’), sem saber estava ajudando a fazer história. Porque a partir dali nada seria como antes, nem para os dois amigos e muito menos para quem ouviu música nos últimos vinte anos: nascia o Daft Punk.

Mas antes disso voltemos ainda mais no tempo, para o começo dos anos 90, quando os jovens Bangalter e Homem-Christo estudavam juntos na escola secundária e, já interessados em música, juntaram-se a outro enfant (Laurent Brancowitz, hoje mais conhecido como guitarrista do chatíssimo Phoenix) para formar uma banda de rock, a já citada Darling. Entre esse momento e aquela fatídica resenha passaram-se apenas alguns meses, poucas canções – duas delas colocadas numa compilação organizada pelo Stereolab – e pronto. A banda chegava ao fim.

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De repente era 1993, e os punks bobos estavam numa rave onde encontraram Stuart Macmillan (do Slam), a quem entregaram então uma demo. No ano seguinte saia pela Soma Records – selo de Macmillan – o primeiro single da dupla, “The New Wave”, cujo lado b fechava com uma faixa chamada ‘Alive (New Wave Final Mix)’, que por sua vez evoluiria para ‘Alive’ e três anos mais tarde estaria no debute do Daft Punk, o indefectível – e preferido da casa – “Homework”.

O disco foi lançado pela gigante Virgin, mas o contrato assinado dava total liberdade criativa à dupla, que já havia recusado algumas ofertas de outras gravadoras. E se as faixas ’Alive’ e ‘Da Funk’ – lançada como single em 1995 – já eram pistas seguras sobre qual seria a trilha seguida pelos franceses, “Homework” deixava claro que o Daft Punk não era apenas mais um nome na crescente e já segmentada cena de dance music: nele o duo soube costurar de maneira única diferentes variações da já rodada house music (progressive, acid), techno, electro, disco e funk, com linhas de baixo pesadas, vocoders e beats pulsantes.

Não sem razão é considerado por muitos um dos marcos da música eletrônica, influência e referência certeiras para tudo que foi feito depois quando o assunto é música de pistas.‘Around the World’ foi provavelmente o mais saboroso hit-chiclé daquele ano, com um divertido vídeo dirigido pelo cineasta Michel Gondry; além dele, Spinke Jonze, Roman Copolla e Seb Janiak também dirigiram clipes de canções extraídas de “Homework”.

Com o sucesso, muitos esperavam que o Daft Punk aproveitasse momento e lançasse rapidamente o sucessor de “Homework”, mas 4 anos o separam de “Discovery”, seu aguardado segundo disco.

Concebido como um enorme flashback dos anos 70 e 80 e impulsionado pelo hit ‘One More Time’, “Discovery” é, por assim dizer, menos bicudo, mais divertido e pop que seu antecessor. Não espantou os antigos fãs do Daft Punk e com certeza abriu definitivamente as portas do mainstream para a dupla francesa, que pôs no mercado ainda em 2001 um álbum chamado “Alive 1997“, contendo 45 minutos de uma apresentação sua gravada na Inglaterra durante a turnê de “Homework”.

Sem o conhecido trauma do segundo álbum pesando em seus ombros e praticamente uma unanimidade, o Daft Punk sentiu pela primeira vez o tranco das críticas negativas em 2005 com “Human After All”.

Se dois anos antes os franceses ousaram ao produzir o longa de animação “Interestella 5555“, foi justamente a falta de ousadia o ponto fraco de seu terceiro disco; de qualquer forma, ‘Robot Rock’ e ‘Technologic’ mantiveram a sina de apresentá-los a novas audiências.

Sem parecer se importar muito, o Daft Punk partiu em 2010 para uma viagem completamente diferente de tudo que já havia feito, ao assinar a trilha sonora de “Tron: Legacy”. O filme é um remake sombrio de uma ficção científica de 1982, e suas canções – óbvio – seguem o mesmo caminho, afastando o duo das pistas de dança e trazendo à memória outro ótimo trabalho de Bangalter junto ao cinema, a composição da trilha do filme “Irreversible” (2003).

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E agora, passados três anos – ou oito, se pensarmos em “Human After All”, o Daft Punk ressurge com um novo álbum, “Random Access Memories”, que traz entre os muitos convidados especiais o lendário Giorgio Moroder. Mas isso é história para um próximo capítulo, em breve aqui no PCP…

Via Pequenos Clássicos Perdidos

Autor: Fabio Bridges (extraído da Revista Warung #004)

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