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A música conecta

Elekfantz sob as bênçãos de Gui Boratto

Por Redação Alataj em Lançamentos 11.09.2013

O que será dito aqui soará para os puristas como um sacrilégio: o blues foi seduzido pelo lado eletrônico da força. E os arquitetos dessa trama agiram nos últimos meses na sombra, apenas sob a denominação de Elekfantz.

Agora chegou o momento de dar os nomes aos “elefantes”: os catarinenses Daniel Kuhnen e Leo Piovezani. O primeiro é produtor e DJ, residente do clube Warung, e o segundo é um baterista com os pés e a alma solidificados no blues e no jazz que resolveu atravessar a fronteira para os beats.

Na retaguarda deste processo está o produtor paulista Gui Boratto, um dos seletores brasileiros mais benquistos no circuito internacional. O cartão de visitas foi a músicaWish, uma audaciosa intervenção no legado de um dos cânones do blues: o guitarrista americano Muddy Waters. Ela é o codinome para a versão original sampleada de nada menos do que a clássica Rollin’ Stone.

Mexer e transgredir com instituições da música sempre gera reações intensas. Nos anos 1960 Bob Dylan foi execrado por contaminar o seu folk pelas guitarras, e no Brasil a cantora Elis Regina marchou contra a eletrificação da MPB no que era considerado uma afrontosa interferência imperialista na pura música popular brasileira. Não que o house blues do duo Elekfantz vá gerar um novo cisma, mas promoveu um estouro de manada pelo menos entre o circuito eletrônico. A faixa foi postada na rede social Soundcloud em abril deste ano, por ocasião do centenário de nascimento de Muddy. Até agora foram 80 mil players.

— Esta música saiu depois de 12 tentativas nossas com o repertório dele. Pegamos a voz, sampleamos as bases e a levamos para uma outra direção — explica Leo.

Há 10 anos produzindo e operando pistas sozinho, Daniel alimentava a ambição de formar uma banda e criar um novo som autoral, trazendo texturas instrumentais, melódicas e orgânicas. Leo, um amigo de duas décadas, apresentou seus experimentos (ou transgressões) com o blues.

Com Wish pronta, entrou no esquema Gui Boratto que abriu os horizontes do material, adicionando guitarras, baixo e baterias em seu estúdio em São Paulo. Nasceu o primeiro filho e na sequência a ideia de trabalhar em um álbum com o substancial repertório composto pelos catarinenses.

A música foi lançada em uma edição limitada em formato vinil picture pelo subselo FMX da gravadora e distribuidora alemã Kompakt. Trazia apenas a face do homenageado impressa no disco colorido e o nome Elekfantz. Nada sobre a procedência ou identidade dos autores, apenas algumas suspeitas geradas pela participação de Boratto que fez o material circular nas mãos de DJs amigos, além de tocar em suas performances na Europa e Estados Unidos.

— Optamos por manter o anonimato e deixar as músicas acontecerem por si, gerando uma outra percepção — diz Kuhnen.

Via Diário Catarinense

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