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A música conecta

Claudia Assef e 5 curiosidades do livro Todo DJ Já Sambou

Por Alan Medeiros em Notícias 12.12.2017

Ontem em Porto Alegre acompanhamos o lançamento do livro Todo DJ Já Sambou no Groova, um bar com atmosfera cool, música boa e drinks variados. O livro é assinado por Claudia Assef, uma das pioneiras no jornalismo de informação ligado a música eletrônica e atualmente responsável pelo portal musicnonstop. Originalmente lançado em 2003, Todo DJ Já Sambou foi reeditado e ganhou 100 novas páginas, que contam os acontecimentos mais importantes desses quase 15 anos de transformações do cenário eletrônico brasileiro.

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Tudo começa com o Seu Osvaldo, o primeiro DJ do Brasil, e evolui para os nossos heróis das décadas de 80, 90 e por aí em diante. Nessa nova edição, novos ícones como Alok e Vintage Culture estão presentes ao lado de festas revolucionárias do underground paulistano. Mas, talvez a maior riqueza do livro resida nas histórias e curiosidades não tão conhecidas e esquecidas com o tempo em meio a esse turbilhão de informações que vivemos diariamente. Por isso, convidamos Claudia para compartilhar 5 desses momentos presentes no livro de forma exclusiva para o Alataj. Confira abaixo:

O PRIMEIRO DJ DO BRASIL USAVA UM NOME EM INGLÊS

Sim, verdade! Seu Osvaldo Pereira, hoje com 84 anos e firme e forte segue sendo o pioneiro da discotecagem nacional, começou a discotecar em São Paulo em 1958 e logo de início usava uma nome gringo para dar mais pompa a suas aparições. Foi graças a uma dica de um primo que ele começou a colocar em seus flyers (que na época se chamavam “circulares”) o nome Orquestra Invisível Let’s Dance. Bom, o porque de se chamar Orquestra Invisível eu não posso contar, como diria minha filha, seria spoiler risos.

UM DJ ARGENTINO PARIU A GRETCHEN

Hoje vivendo mais uma onda de hype – parece que ela tem mais vidas que um gato siamês – a cantora e meme que a gente respeita Gretchen só ganhou este nome artístico e se tornou a rainha do bumbum graças à obsessão de um DJ argentino que havia recém-chegado ao Brasil. Pouco depois de chegar ao Brasil, em 1973, Santiago Malnati, o Mister Sam, ficou conhecido na noite como DJ da discoteca Banana Power, uma marca fortíssima em São Paulo naquela década. Dividia o tempo entre as discotecagens na boate e um emprego na gravadora Copacabana. Daí a lançar coletâneas de disco music com a própria cara estampada na capa e ganhar fama no Brasil inteiro foi um pulo. Foram quase trinta LPs, com títulos autopromocionais como Mister Sam em Paris, O Melhor de Mister Sam e Mister Sam DJ. Lá pelo fim dos anos 70, só havia espaço para disco music nas principais rádios de São Paulo e do Rio. As FMs tinham surgido pouco antes, e os programadores de rádio salivavam atrás de hits para atrair o público jovem. Músicas como Born To Be Alive (Patrick Hernandez), Too Much Heaven (Bee Gees), Got To Be Real (Cheril Lynn) e Ring My Bell (Anita Ward) arrebentavam de tocar. Mister Sam sacou o tamanho do mercado de disco music que havia pela frente e dessa sacada nasceu a principal “cria” do produtor, a cantora Gretchen. Além dela, ele botou outras no mercado, mas nenhuma superou a original. Sucesso arrebatador mesmo só com Gretchen, com quem ganhou cinco discos de ouro e três de platina.

OS DJS FIZERAM O ROCK BOMBAR NO BRASIL

Parece lorota, mas não é. Pra quem é novinho e não viveu os anos 80, acredite, uma verdadeira avalanche de bandas nacionais tomava conta de todas as rádios, tocando hits com letras engraçadinhas, riffs solares de guitarra e muita, mas muita loucura nos bastidores. Mas essa onda só pegou por conta de três DJs brasileiros.

Em 1985, a gravadora CBS (hoje Sony) estava investindo numa banda nova, que acabara de lançar o primeiro disco. Viam ali um potencial, mas faltava algo para fazer o grupo estourar. Foi quando convocaram três DJs que já tinham experiência em rádio, Grego, Julinho Mazzei e Iraí Campos, para dar um tapa no som da banda. Ah, a tal banda era o RPM. A música escolhida foi Louras Geladas.

A versão criada pelos DJs ficou mais pop, mais dançante e ganhou alguns minutos. Perfeita para as FMs, a faixa foi a principal ferramenta de divulgação do disco de estreia do RPM, Revoluções por Minuto, que vendeu 500 mil cópias. A música entrou para a história como o primeiro remix brasileiro a ser lançado em disco – ainda que apenas em cópias promocionais para rádios e casas noturnas. “Eu diria que o remix foi fundamental, criou uma ponte entre a levada new wave de Louras Geladas e o então fenômeno das danceterias em todo o Brasil”, avalia Paulo Ricardo, vocalista da banda.

https://www.youtube.com/watch?v=mC004qR8ZB0

DE KOMBI A BARCO, A DONA DO SOUND SYSTEM ERA UMA MULHER

Foram tantos os momentos de pioneirismo de Sonia Abreu, a primeira DJ do Brasil, que fica difícil citar um só. Mas eu curto particularmente a ideia (um tanto maluca) dela, de sair a bordo de uma escuna pelo litoral de São Paulo e do Rio de Janeiro, tocando músicas lá do mar para quem estivesse curtindo a praia. Falando hoje já parece uma imagem totalmente moderna, imagina isso no início dos anos 80!

Ela também criou a lendária rádio ambulante Ondas Tropicais, levando sua programação original para espaços públicos, primeiro a bordo de uma kombi, depois em um ônibus e por fim na tal escuna que eu citei logo acima. Além de DJ, Sonia foi uma poderosa produtora musical da rádio Excelsior/Globo de São Paulo entre 1968 e 1978, período de maior audiência da emissora, e lançou hit atrás de hit. Atualmente, ela mantém residência na Casa 92, em São Paulo, onde faz ferver um público na faixa dos 20 anos.

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A PRIMEIRA RAVE DO BRASIL ACONTECEU EM?

Um ano antes das primeiras raves urbanas começarem a rolar nos idos de 92/93, um italiano Max Lanfranconi abriu os trabalhos deste tipo de festa no Brasil fazendo festas em Arraial D’Ajuda, Bahia, no verão de 1991. Apaixonado pelo país, Maxtinha comprado uma casa na região e feito ali seu QG brazuca. “Tinha viajado para a Índia e frequentado as festas de trance por lá. Quando vim pro Brasil pela primeira vez, em 1989, pensei logo em começar a fazer alguma coisa parecida por aqui. O cenário era lindíssimo e as pessoas superanimadas. Era perfeito”, diz o DJ, que hoje vive em Ibiza. E não é que a moda pegou?

// Quero comprar o livro!

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