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A música conecta

Alataj entrevista 28.room

Por Alan Medeiros em Entrevistas 25.04.2018

Uma festa é uma experiência multi sensorial e cada vez mais nosso cenário tem percebido e se adaptado a isso. Hoje, além de um bom sound system, ter um sistema de iluminação eficiente e bem projetado é fator determinante para que a experiência seja completa. Em São Paulo, a 28.room domina o cenário independente e possui no currículo alguns projetos de tirar o fôlego.

Formada por Junior Costa Carvalho e Rodrigo Machado, o coletivo tem tecnologias exclusivas no Brasil e recentemente expandiu seu staff, certamente devido ao grande fluxo de projetos que vem sendo executados. Gop Tun, Dekmantel Festival São Paulo, LEEDS, Ressonância, TROOP, Selvagem, Clash Club e DGTL São Paulo são alguns dos eventos que levam ou e já levaram assinatura da 28.room. Com a Gop, há uma relação duradoura e permanente, que se renova edição após edição. Já no caso do DGTL São Paulo, o projeto do palco Modular na edição de São Paulo 2017 foi levado para Amsterdam esse ano, um super reconhecimento para o coletivo brasileiro.

No último fim de semana, Junior e Rodrigo entregaram mais dois belos projetos para Gop Tun. Danceteria e Supernova, os dois palcos da festa, estavam com um conceito diferente e bastante inovador. Na semana que antecedeu o evento, tivemos a oportunidade de bater um papo com estes dois grandes talentos. Confira o resultado desse encontro:

Alataj: Olá, amigos! Tudo bem? É possível dizer que a 28.room é parte da cena independente de São Paulo. Como tem sido pra vocês acompanhar toda essa efervescência dos últimos anos?

28.room: Quando começamos a atuar junto a essas festas, não tínhamos ideia do quão abrangente o movimento viria a ser. Por isso mesmo, foi extremamente valioso acompanhar tudo de dentro desde o início, quando fazíamos festinhas pequenas e pegávamos o cachê para gastar em material logo na sequência, sem nenhum critério. Apenas experimentávamos com aquilo que vínhamos estudando como recurso expressivo principal, que era LED digital. Chegamos até a ter uma instalação no SP na Rua e foi a primeira vez que fizemos algo envolvendo o poder público, um lance mais sério com edital e tudo mais, e tudo se deu através do Vermelho e do Millos que estavam fazendo um palco conjunto da Laço e da Selvagem naquela edição.

Ao olharmos para a década passada, com qual olhar os serviços de iluminação e ambientação eram vistos pelos produtores de eventos?

Muita coisa mudou, antigamente o responsável pela ambientação de um espaço de entretenimento ficava isolado do público, como o DJ que tocava dentro de uma salinha, além de ser considerado um elemento acessório. Teve uma época do glamour, quantidade de equipo do que programação.

Praticamente todo movimento artístico foi impactado pelo boom tecnológico gigantesco das últimas décadas. Produzir músicas ficou mais fácil, trabalhar com o cinema se tornou mais acessível, mas e na área de vocês, de que forma esse cenário foi atingido?

Esse avanço em termos técnicos nem sempre nos ajuda diretamente, pois nossa busca constante é em direção à complexidade, sempre queremos fazer algo mais intrincado e elaborado. Então, ao mesmo tempo que temos mais recursos, essa abundância também acaba dificultando um pouco. Claro que conseguimos executar muitas coisas mais rápido e reconhecemos que ganhamos em questão de tempo, mas tudo vai se agregando ao processo e complicando certas rotinas. Por exemplo, agora estamos fazendo um projeto com o kinect (um item novo), e os desafios de fazê-lo conversar com a mesa (um item antigo) são nossa principal preocupação atual.

Gop Tun, Leeds, Air Rooftop, Clash Club, Selvagem. Boa parte das festas mais importantes de São Paulo estão no portfólio de vocês. O que é necessário para desenvolver uma identidade única para cada um dos eventos e não deixar com que o trabalho soe repetitivo ou replicado?

Além de se aprimorar a cada novo trabalho, inovando e incrementando resultados, é sempre essencial ter em mente que a linguagem é algo muito individual e fundamental para cada festa ou evento. Assim, os equipamentos são uma ferramenta, um suporte que nos permite adaptar nossas intenções a cada ambiente e a cada estilo musical. Temos o uso de blinders, estrobos e a ênfase numa mais luz quente para techno; algo mais colorido para um musicalidade mais orgânica e próxima da disco; tubos de LED e afins para eventos de música eletrônica mais acessível, e assim por diante…

Tem algum trabalho que pode ser considerado o preferido da equipe? Qual foi o mais difícil de executar?

Provavelmente nossos favoritos neste momento são os festivais, mas também vale dizer que sempre somos apaixonados pelo trabalho mais recente. Gostamos muito desses aspecto de que são clubs que montam e desmontam num dia, toda essa efemeridade constante. Mas, pensando melhor, aquela do Sven Väth nos trilhos foi memorável por diversos motivos, envolvendo inúmeras descobertas e perrengues. Estávamos com tudo montado e testando tudo, quando fomos remover o laptop, ele desligou repentinamente. Fizemos tudo de novo e ele continuou a ligar e desligar sozinho, mesmo tudo estando perfeito. Pedimos outro computador e o mesmo ocorreu, aí fomos notar, depois de um bom tempo que tínhamos montado a house em cima de uma caixa e o imã do subwoofer afetava o sensor do fecho e enviando o sinal de que o estava fechado quando não estava. Tudo é um aprendizado…

Dentro e fora do país, quem são as principais referências da 28.room?

Nonotak, Daito Manabe, Robert Henke, Joanie Lemercier, François Wunschel, Tundra…

Nonotak Studio

Quais são os cuidados básicos com segurança e liberações que vocês costumam ter durante montagem e execução dos projetos?

Todos os requeridos, porque isso é inescapável, inevitável para qualquer evento numa cidade como São Paulo, por exemplo. Fizemos um investimento em cabeamento de aço que facilitou todos os processos de uma maneira absurda. Utilizamos agora esse sistema inglês que nos permite realizar montagens mais fácil. Muitas vezes também usamos esses recursos como parte da cenografia, como foi com a plataforma plataforma elevatória que virou parte da que fizemos para uma Gop Tun na Fabriketa.

Além das ambientações, quais outros serviços a 28.room oferece?

Cenografia digital e tecnologia interativa, mas muitas outras coisas que se adequam a nossas formações individuais.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa na vida de vocês?

Nossa vida toda praticamente. Porque através dela não só encontramos sustento e oportunidades de nos expressamos, mas também ela nos fornece inspiração.

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