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A música conecta

Antonio Wolff fala sobre a importância da imagem no mercado da música eletrônica

Por Alan Medeiros em Entrevistas 10.02.2017

Não precismos nem sair do contexto da música eletrônica. Basta uma rápida análise no material visual dos principais nomes da nossa indústria para concluir que esse trabalho está acompanhado de um profissional de ponta. Richie Hawtin, dubfire, Sven Vath, Dixon… todos eles foram capazes de construir uma identidade visual tão marcante quanto a sonora. E, obviamente, isso não é obra do acaso.

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Tamanho sucesso só é possível com o acompanhamento de um bom profissional. No Brasil, alguns artistas e clubs já compreenderam a importância de um bom fotógrafo no time. Um dos principais cases do tipo na música eletrônica nacional é a campanha Savages do Warung Beach Club. A produção fotográfica e o conceito visual foram assinados pelo Luxlab Studio, que tem a frente um dos profissionais de fotografia mais preparados do Brasil: Antonio Wolff.

Wolff é parte do Grupo Cidades Visíveis, do coletivo multidisciplinar Atalho e do 121coletivo. Atualmente, ele também participa do coletivo Curto Circuito Ateliês, tudo isso enquanto divide seu tempo entre os trabalhos para moda, publicidade e música eletrônica. Cada case de seu estúdio é diferentemente inspirador e merece destaque. Conversamos com Wolff com o objetivo de desvendar traços de seu trabalho e de sua personalidade – o resultado ficou bastante inspirador. Confira abaixo as respostas em meio alguns de seus principais trabalhos para a música eletrônica:

1 – Olá, Antonio! Obrigado por nos atender. Conhecemos você no encontro Yellow de Curitiba, num bate-papo que falava sobre a importância da imagem no mercado da música eletrônica. Na sua visão, os artistas brasileiros já se deram conta de quão relevante é esse trabalho ligado ao aspecto visual?

Olá Alan, muito obrigado pelo convite, sempre muito bom discutir questões sobre a relação imagem/artistas. Hoje muitos dos artistas já tem esta preocupação e sabem da relevância, mas poucos estão fazendo da forma correta. Eles estão apenas replicando os clichês ou tratando o assunto com superficialidade. Creio que a estética musical tenha que ser linkada de forma mais contundente com as imagens.

2 – Você foi o responsável por coordenar o novo ensaio fotográfico dos Savages, residentes do Warung. Quais foram as principais dificuldades desse trabalho? Qual conceito você buscou imprimir na identidade dos artistas num aspecto geral?

Teve muito trabalho de coordenação e planejamento, mas foi relativamente tranquilo. Fotografamos 12 pessoas em Curitiba, vindas de diferentes cidades do brasil e com objetivo de fotos individuais e em grupo. Cada artista tem sua personalidade, mas mesmo assim precisávamos que o grupo tivesse uma unidade. A profissional de styling coordenou os looks, pesquisou os artistas, deixando cada um dentro de sua estética, mas com a possibilidade de ter harmonia visual entre eles. Foi preciso estar no processo de pesquisa e direção de arte juntamente com o designer para apresentarmos aos diretores do Warung diferentes opções de layouts. As fotos precisavam ser do agrado de todos. Assim, no dia todos os envolvidos já sabiam o que estávamos buscando.

A imagem pode conter: 12 pessoas, texto

3 – Pessoalmente falando, qual a sua relação com a música eletrônica? O estilo está entre os seus preferidos nos momentos de lazer e relax?

Na minha adolescência (final dos anos 80), estudava piano e participei de algumas bandas, o que me fez conhecer synths, samplers, sequencers e acabou me levando a musica eletrônica. Ouvia muito Kraftwerk, Gary Newman, Brian Eno, Yello, Devo, Art of Noise, Soft Cell, Thomas Dolby entre outros. Hoje quase tudo o que ouço é musica eletrônica. Gosto de tudo que tenha uma construção mais rica, vindo de artistas que se preocupam em estar um passo a frente.

4 – Além desse trabalho para o Warung, você já colaborou com outras marcas ligadas a dance music? Se sim, quais?

Trabalhei com diversos artistas da 24bit – HNQO, Aninha, Dashdot, Antonella Giampietro, Soundman Pako, Rolldabeetz). Também colaborei com Vokolder, Gabe, Boss In Drama, Gutto Serta, entre outros.

 

5 – Como é possível criar um equilíbrio entre o que é artístico e o que é comercial em uma campanha, ensaio ou projeto? Em geral, você necessita trabalhar com 100% de liberdade na criação do conceito ou o cliente também possui voz ativa na produção?

Trabalho das duas formas, mas sempre pensando no objetivo final da imagem, que podem ser vários: desde mudar percepção das pessoas em relação a imagem ou ajudar criar marcos visuais na carreira destes artistas. Quando o cliente tem vários desejos, primeiro escuto e depois tento orientar para que ainda possamos também ter uma carga criativa/artística, retirar o que possa ser negativo e ainda fazer com que estes desejos caibam no orçamento. Assim, podemos tornar o material único e com identidade, tanto visual, quanto compatível com a estética do artista. Isso muitas vezes aumenta a vida útil das imagens, tenho clientes que já fotografei há anos, mas que ainda utilizam o material que produzimos.

6 – A valorização a cultura de uma forma geral tem crescido bastante no Brasil nos últimos anos. Como você avalia o olhar do público para o fotógrafo na posição de artista? Já alcançamos o patamar de reconhecimento desejado ou ainda estamos longe disso?

O reconhecimento existe, mas com as facilidades que se tem hoje para fazer imagens, requer muito do fotógrafo. Somente uma câmera e uso de softwares não basta. Se torna necessário estar sempre estudando, pesquisando, produzindo, gerando um corpo de trabalho, criando assim uma assinatura.

A imagem pode conter: 4 pessoas, pessoas sorrindo, pessoas em pé e área interna

7 – Como profissional, você se considera atento aos mínimos detalhes ou acredita que uma boa ideia é o que realmente valoriza o trabalho?

Uma boa ideia sempre é a base. O acaso, as vezes, é importante também. Mas pensar nos mínimos detalhes é o que faz uma imagem durar, ser lembrada, sendo assim mais efetiva.

8 – Para finalizar, uma pergunta pessoal. Como e quando você se descobriu como fotógrafo?

Sempre tive uma atração por câmeras. Ganhei uma polaroide ainda quando criança e por conta do alto custo do filme, tirava fotos dos vizinhos para comprar novos filmes e continuar fotografando. Na adolescência, fiz um curso básico e alguns trabalhos. Sempre me atraíram galerias e museus, mas somente com 30 anos de idade, após trabalhar dez anos como na administrador de empresa, voltei a fotografia e em poucos anos depois estava com o estúdio Luxlab que produz, há dez anos, imagens para publicidade, moda e retratos, alem de manter minha produção pessoal como autor.

A música e a fotografia conectam as pessoas! 

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