Skip to content
A música conecta

Butch e sua visão humana por trás do trabalho. Confira entrevista exclusiva!

Por Alan Medeiros em Entrevistas 30.10.2017

On air é a coluna de entrevistas do Alataj. Leia todas elas aqui!

São muitos os artistas que se dizem versáteis e capazes de atuar em diferentes estilos com a mesma eficiência. Na prática, sabemos que não é realmente assim. Entretanto, alguns nomes possuem autoridade pra falar com propriedade sobre o assunto. Entre eles, o DJ e produtor alemão Butch, que retorna ao Brasil nesse mês de Novembro.

Bülent Gürler mostra uma potente mistura de referências tanto em seus sets, quanto em suas produções. House, techno, tech house, minimal? Sim, ele consegue englobar traços de cada um desses estilos através de seu olhar diferenciado sobre a cultura que envolve os sons relacionados a pista. Com mais de 20 anos de carreira, Gürler passou por muitos momentos de provação que o ajudaram a chegar ao calendário de grandes clubs e festivais, como Time Warp, Loveland, Oasis Festival, Nature One, D-EDGE, Panorama Bar, Watergate, Space Ibiza e Warung Beach Club. Com todas essas pistas no currículo, fica fácil entender por que ele desempenha tão bem o seu trabalho.

A imagem pode conter: 1 pessoa, tocando um instrumento musical e noite

Na discografia reside outra prova de seu sucesso: Desolat, Rebirth, Moon Harbour, Saved, Natura Viva, Defected… todos esses labels já receberam releases do artista: “Continuo muito ativo no estúdio, é o meu trabalho e o que amo fazer.” complementa Butch. Em sua próxima passagem pelo Brasil, ele tocará no aniversário de 15 anos do Warung Beach Club – mais de 3 anos após sua estreia. Além disso, também se apresenta em São Paulo na HUSH e em Valinhos, no gigante Laroc Club. Aproveitamos a tour para bater um papo com o Bülent – nossa segunda entrevista com ele:

1 – Olá, Butch! Obrigado por nos atender. Já se passaram mais de 3 anos desde sua última aparição no Warung Beach Club. O que você está preparando para esse retorno?

Abrirei para Solumun, então tocarei um som mais descontraído, minimal. Vejo meu trabalho aqui como levar pessoas de um lugar onde elas ainda estão pensando em suas vidas e no stress, para estarem totalmente pela noite, prontas para serem levadas a uma jornada.

2 – Após tantos anos de carreira, você é um dos caras certos para falar sobre a cena na Alemanha. Daqui do Brasil, percebemos que a há coisas grandes acontecendo em Berlim o tempo todo, mas e nas demais cidades, como está o cenário?

Nunca fiz parte de círculos ou grupos, sempre tendi a desenvolver amizades individuais com indivíduos que respeito, pessoas como Thomas Heckmann, Amir, Dice ou Ricardo Villalobos. Vendo como todos eles têm amigos, de fora, pode parecer uma cena homogênea, mas não vejo assim, vejo uma rede de amizades. Se eu estivesse pensando na “cena”, não conseguiria focar no meu trabalho, então, não penso nisso.

3 – Recentemente uma de suas grandes faixas foi remixada pelo Matthias Meyer pela Watergate Records, renovando assim sua parceria com o selo. Quão importante essa marca foi e tem sido no desenvolvimento da sua carreira?

Eu amo Watergate, até agora tem sido um excelente relacionamento para ambos os lados. Down The Rabbit Hole, que é o nome da minha noite lá, é uma das datas preferidas da minha agenda. Criamos uma noite juntos, onde eu e outros artistas podemos ir longe, experimentar e permitir que a música nos leve para onde queremos ir. Então, Down The Rabbit Hole e Watergate não só foram ótimos para minha vida como DJ e músico, mas também para a noite em Berlim.

4 – Em sua última entrevista aqui no Alataj, você citou brevemente sobre o sofrimento que enfrentou por ser de origem turca quando criança. É possível dizer que a música (assim com o esporte e outros movimentos) é uma das poucas maneiras de aproximar pessoas com ideologias e culturas diferentes? De certa forma, é isso que você busca fazer com seu trabalho?

Desde que eu disse isso, percebi que sofrimento é o fato básico da vida, o que não é nada novo, Buddha também disse. Sim, algumas pessoas têm isso mais forte no seu histórico, mas todos compartilham a experiência de sofrer até certo ponto. Acredito que música, arte, esportes e outras realizações humanas são definitivamente formas para nós como pessoas coletivamente experimentarmos algo além do sofrimento, algo melhor. Então, sim, tento elevar nossas espécies e juntar as pessoas, esse é o meu trabalho.

// Relembre aqui nossa primeira entrevista com ele!

5 – Percebo que a cena eletrônica em um contexto global, tem recebido cada vez mais jovens e talentosos artistas. Simultaneamente, nomes experientes como você estão se mantendo em alto nível através de ótimos trabalhos. Como você avalia esse momento e projeta o futuro da sua carreira?

Sou otimista, acho que as novas tecnologias permitiram me conectar com indivíduos que realmente gostam da minha música e, como sempre me diverti muito com o que faço e como o trabalho de alta qualidade é importante para mim, acho que vou alcançar mais pessoas que amam o que faço. Acho que é um ótimo momento para artistas que são criativos nas formas de se conectar com seu público, mas é também um momento difícil, pois há muitas pessoas lançando música. No geral, acho que é bom.

6 – Ano passado você nos contou que costuma fazer música todos os dias, o dia inteiro, quando não está viajando. Esse hábito permanece? Quais são seus próximos lançamentos já confirmados?

Sim, continuo muito ativo no estúdio, é o meu trabalho e o que amo fazer. Há um novo EP saindo na Cocoon e o novo ButRic EP, Ricardo e minha sequência para “UP”, que é chamada “Down”, então, como de costume, coisas incríveis estão por vir.

7 – Percebo que sua energia combina bastante com o povo brasileiro. Fora do aspecto musical, o que mais te encanta por aqui?

Nada [risos] não, falando sério, há muito o que adorar no Brasil. A natureza é incrivelmente bonita, a energia calorosa e descontraída que as pessoas têm é tão agradável, principalmente quando venho do nosso inverno, pois as pessoas ficam mal humoradas depois de uns meses sem luz solar aqui na Alemanha. Estou muito feliz em voltar, Brasil é uma bomba!

8 – Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

A música é alimento para minha alma, ela mantém minha alma viva e me traz muita alegria.

A música conecta as pessoas!

A MÚSICA CONECTA 2012 2024