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A música conecta

Alataj entrevista Demuir

Por Laura Marcon em Entrevistas 28.01.2020

Basta escutar um pouco da música de Demuir para entender sua conexão profunda com a música. Aliás, o próprio acredita que seu processo criativo é de natureza espiritual e que isso faz a diferença no momento da produção. Tanto que Demuir é, sem dúvidas, uma das grandes referências da house music, lançando faixas em gravadoras de prestígio como Desolat, Great Lakes Audio, Robsoul Recordings, Hot Creations, além do seu próprio selo, o Purveyor Underground.

Nascido em Trindade, uma ilha na costa da Venezuela, Demuir também se inspira em estilos musicais nativos e outros que fogem das batidas eletrônicas para manter a mente e a criatividade renovada. O Alataj bateu um papo com ele que, mesmo atingindo um patamar respeitável dentro do cenário, ainda sente que tem muito a cumprir em sua carreira. 

Além da entrevista, Demuir também nos presenteou com uma seleção de faixas bem caprichada pra gente curtir enquanto conhecemos mais sobre esse baita artista. Aumente o som e aproveite!

Alataj: Olá Demuir, tudo bem? Obrigada por estar com a gente! Diz a sua biografia que você teve seu primeiro contato com a música em casa, mas que na adolescência já possuía habilidades com diversos instrumentos. Nesse período você já conhecia música eletrônica? Imaginava que viveria de música nos anos seguintes?

Demuir: Olá, estou ótimo! Obrigado por me receber. Meu foco nos instrumentos na minha adolescência era com teclados. Em termos de música, eu ouvia regularmente um estilo musical chamado Soca (estilo único nativo da minha cidade, Trindade), Jazz, Rock dos anos 70, Funk, Soul, RnB, Hip Hop e algumas músicas eletrônicas. Quando se tratava de música eletrônica, eu ouvia Drum N Bass e Detroit Techno com algumas músicas do House espalhadas entre elas. Nessa época, eu não conseguia imaginar a música como minha profissão, porque estava muito focado em aprender como os discos de Hip Hop eram feitos junto com suas pesquisas de samples.

Você conquistou muito respeito e reconhecimento pelo seu trabalho, não apenas de plataformas que são referências do mercado como a Traxsource, mas também de grandes lendas da música como DJ Sneak, Mark Farina, entre outros. Tem algum sonho que ainda não realizou nesta trajetória?

Neste ponto, eu diria que meu único sonho é poder alcançar mais o público com shows no Reino Unido e na Europa. Eu acho que é apenas parte do crescimento e paciência neste momento, mas eu gostaria de interagir mais nessas áreas porque muitas pessoas nesses países conhecem minha música e interagem comigo regularmente online quando tenho tempo.

Além disso, fazer um  B2B com Kerri Chandler, Derrick May ou Derrick Carter seria surreal para mim!

Jesse Perez, Demuir e DJ Sneak em Miami

Você lançou um EP no final de 2019 e, assim como em todas as suas músicas, sentimos muita liberdade criativa na hora da produção, sem a obrigatoriedade de seguir uma mesma linha de som ou vertente. Você possui algum processo básico na hora de produzir ou as coisas acontecem naturalmente?

Obrigado por esta pergunta, porque eu recebo isso de outros produtores de tempos em tempos. Minha resposta curta para isso é que é um pouco de ambos, ter um sistema e permitir que as coisas, dentro desse sistema, aconteçam organicamente.

Meu sistema de produção geralmente é baseado em uma ideia ou tema do que está me inspirando no momento. Anoto o sentimento deles algumas vezes, mas tenho a máxima confiança de que as coisas acontecerão organicamente e em alinhamento com o conceito/inspiração que tenho em mente. Com a última inspiração que reúno, tenho uma expectativa de que os sons, batidas e amostras certos cheguem no momento certo. Eu realmente sinto que a música e seus processos de criatividade são de natureza espiritual e estão sendo canalizados por aqueles que se sentem conectados ao experimento.

Você comanda sua própria gravadora, a Purveyor Underground. Houve um motivo especial para atuar nessa outra área da música. Conhecer mais sobre isso mudou de alguma forma sua maneira de enxergar a música?

O Purveyor Underground surgiu porque eu queria ter música em nossa indústria que fosse de natureza crua, embora não trouxesse o que as massas pensam que deveria ser. É também um selo que reconhece a importância dos artistas e a humildade por trás da criação de uma ótima música para lançar e curtir. Acreditamos que é um prazer lançar o trabalho de um artista na gravadora, em vez de o artista sentir que a gravadora está lhes fazendo um favor.

Definitivamente, tudo isso foi inspirado pelas observações no mercado e pelo impacto do streaming. Alguns administradores estão agindo como as gravadoras arcaicas do passado e não colocando a cultura e os artistas que criam essa música na frente. É mais sobre marketing, quantos seguidores você tem e como jogar os algoritmos de ataque. Somos uma gravadora que simplesmente não faz parte desse tipo de jogo.

Você nunca veio ao Brasil, certo? tem vontade de tocar nas pistas por aqui? tem algum artista brasileiro de house que você acompanha?

Ainda não estive no Brasil, mas mal posso esperar para ir. Eu amo samba e jazz brasileiro! Existem alguns artistas de house, samba e jazz que eu sigo, como Sisto, Marcos Valle, Azymuth…

Já que estamos começando um novo ano, o que esperar do Demuir em 2020?

Eu tenho alguns remixes de alto nível chegando para Sidney Charles, Huxley, junto com EPs originais da Pets Recordings, Sola, Moxy e a gravadora Kaoz de Kerri Chandler.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que é música para você?

Basta colocar. Música é como respirar para mim. É uma parte essencial e necessária da minha vida. Eu estaria perdido sem ela e muito grato por ter esse presente.

A música conecta.

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