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A música conecta

Giorgia Angiuli e a busca por uma relação permanentemente intensa com o público. Falamos com ela!

Por Alan Medeiros em Entrevistas 08.09.2017

Desde a semana passada em tour pelo Brasil, a italiana Giorgia Angiuli tem captado a atenção do público brasileiro com seu live diferente, dono de um excelente potencial de pista. Entretanto, sua história na música vai além de suas apresentações ao vivo, já que a habilidades na dance music são apenas uma parte do trabalho dessa compositora e multi-instrumentista.

Nascida em Puglia, região sul da Itália, Giorgia é oriunda de uma educação musical clássica e produziu sua primeira música com impressionantes 11 anos de idade. Desde então, ela desenvolveu um profundo interesse pela atividade e começou a experimentar novas técnicas ao vivo – um dos highlights de seu show atualmente. Seu grande objetivo enquanto artista é criar experiências multi-sensoriais, misturando sons, imagens e aromas. Ter uma relação intensa com o público não é nada menos que uma obsessão para Angiuli.

Após sua residência no TENAX, em Florença, Giorgia viu sua carreira crescer de forma exponencial. Suas produções evoluíram e chegaram ao catálogo de labels como KMS (da lenda Kevin Saunderson), Crosstown Rebels, Suara e Stil Vor Talent. Após emplacar algumas boas faixas, ela descobriu algumas das melhores pistas do mundo, incluindo Berghain, Watergate, Le Bataclan, Fusion Festival e mais recentemente D-EDGE e Beehive, aqui no Brasil. Hoje, Giorgia estreia no Warung Beach Club, mas antes disso fala com exclusividade ao Alataj. Confira:

1 – Olá, Giorgia! Tudo bem? É um prazer falar com você. Seu sucesso é algo realmente impressionante e a prova disso é a sua agenda de Setembro, são incríveis 12 compromissos. Como tem sido pra você administrar uma agenda tão concorrido e ainda assim se manter produtiva?

Adoro viajar, conhecer novos países e culturas. Isso me dá energia para enfrentar esta agenda agitada. Em setembro, vou tentar apenas me inspirar nos novos lugares que estou visitando e em outubro, vou tirar alguns dias de folga para descansar e produzir música nova.

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2 – Ser uma multi-instrumentista tem contribuído no seu processo de produção musical de que maneira? Você sempre adiciona instrumentos orgânicos a suas produções?

Cresci em uma família de músicos e quando eu era criança, costumava passar meu tempo tocando todos os instrumentos na minha sala de estar e eu estudava guitarra clássica: toquei New Metal em uma banda por muitos anos e acho que isso me ajudou muito com os arranjos. Não sou muito fã de computador e software, então sempre adiciono instrumentos orgânicos nas minhas produções.

3 – Em sua bio, você cita o desejo de criar experiências multi-sensoriais. Como estão esses planos atualmente? Você acredita no poder sinestésico da música?

Adoro a palavra sinestesia e o conceito por trás dela… Do grego antigo. (do grego συναισθησία, συν- (syn-) “união” ou “junção” e -αισθησία (-esthesia) “sensação”).

Nossa mente é uma coisa maravilhosa, capaz de criar conexões conexões fortes com a ajuda da fantasia – ouço cores e vejo sons. Eu amo experiências profundas e espirituais, e meu sonho é um dia criar um espaço mágico onde diferentes linguagens artísticas possam dialogar. No passado eu costumava trabalhar com fragrâncias, usando uma pequena máquina de cheiro durante meus live sets.

4 – Sobre sua residência no TENAX. De que forma isso contribuiu para o seu amadurecimento enquanto artista? Ter uma residência ainda é um fator diferencial na jornada de um artista de música eletrônica?

Tenax é um clube muito legal em Florença, cidade onde moro. Há 4 anos, eles entraram em contato comigo, pois estavam procurando por uma artista de live durante a primeira parte da noite. É um clube de techno e há 4 anos eu ainda não sabia nada sobre techno, foi um desafio para mim. Essa experiência me ajudou muito, porque comecei a fazer live sets de duas horas semanalmente, testando muitos sons novos e fazendo várias improvisações, então percebi quão divertido era tocar para uma pista de dança. Acho que ter uma residência pode ser útil para ficar confiante com a reação das pessoas e conhecer a pista.

5 – BPitch Control, Stil Vor Talent, Einmusik, KMS. Como cada um desses selos ajudou a formar Giorgia Angiuli enquanto parte fundamental no cenário eletrônico?

Gosto muito de todos esses labels onde lancei minha música, produzi sons muito diferentes em cada um e cada lançamento me ajudou de uma maneira diferente. Eu não tenho um label favorito e gosto de muitos tipos de música. Hoje em dia, existem muitas gravadoras e acho que o mais importante é escolher a plataforma certa para a própria música.

6 – Sabemos que a cena techno italiana está realmente aquecida, com grandes artistas do país rodando o mundo e música nova sendo lançada a todo momento. Qual sua visão sobre o atual momento do cenário no país? As pistas italianas estão entre as suas preferidas?

Italianos são criativos e colocam muita paixão em tudo que fazem, mas o país não está ajudando artistas em nenhuma forma, especialmente a cultura club, essa é a razão pela qual muitos artistas italianos tem que tocar fora da Itália. No país, nós temos muitas regras restritivas, os clubes devem fechar às 4h no máximo, muita limitação do volume e de outras coisas, isso torna tudo muito complicado. Mas eu tenho que esperança que alguma coisa mudará no futuro.

7 – Apesar de abertamente você declarar que sua identidade artística flerta com o pop, seu nome está frequentemente associado com alguns dos clubs mais undergrounds do mundo. Como você explica isso?

Gosto de muitos estilos musicais, estudei música clássica, depois toquei new metal, indie e quando eu era adolescente não gostava da dance music. Comecei a tocar techno e house há apenas alguns anos (durante minha residência no clube Tenax) e mudei completamente minha opinião sobre. É realmente emocionante tocar de frente para uma multidão que dança perto de você e lhe dá muitas energias. Na minha música, uso minha voz que é muito sútil e com uma atitude pop, adoro melodias e posso dizer que meu estilo é uma mistura entre pop, eletrônico, techno, house e deep.

8 – Sobre o Brasil: o que você sabe a respeito da cena musical por aqui? Quais foram suas primeiras impressões sobre o país nesse começo de tour?

Vocês tem que saber que foi um grande sonho visitar esse país. Meu pai é um escritor e quando eu era mais nova, encontrei em sua biblioteca um livro de Cora Coralina, uma poeta brasileira, eu estava apaixonada por suas linhas e comecei a sonhar com o país “Mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça”. Então, há 2 anos aluguei meu apartamento em Florença para um brasileiro e nos tornamos amigos, ele me disse que no futuro o Brasil seria muito importante na minha vida e agora estou aqui! O que dizer… me sinto muito feliz, pois os brasileiros são tão especiais, eles sempre pensam positivo, são calorosos e agradáveis. Já estou apaixonada por este país.

9 – Quando você é um artista que alcança certo grau de reconhecimento, é natural que você passe parte do ano viajando, esperando horas em aeroportos, dormindo mal e comendo o que é mais prático. Como você faz para conciliar sua saúde mental e física, em meio as viagens?

Sim, é verdade. Viajar é muito difícil, por isso no ano passado eu costumava ler muitos livros sobre meditação e yoga, me sinto sortuda porque costumo viajar sempre com minha tour manager e ela me ajuda muito. Então, tento fazer meditação e yoga todos os dias.

10 – Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

É a minha respiração. Compor música é uma necessidade natural, compus a minha primeira música quando eu tinha 11 anos e nunca parei de fazer isso.

A música conecta as pessoas! 

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