Skip to content
A música conecta

O segredo por trás das capas da Not Another atende pelo nome de Davi Leventhal

Por Alan Medeiros em Entrevistas 20.07.2017

É interessante quando uma gravadora consegue ser reconhecida sob diferentes frentes. Além do perfil sonoro, ter uma boa identidade visual e uma comunicação efetiva contribuem nesse processo e muito por conta desses três pontos o trabalho da Not Another caiu sob o radar de muita gente mesmo pouco tempo após sua criação.

Nenhum texto alternativo automático disponível.

Os créditos para toda parte visual do selo de Recife são dados ao artista gráfico brasileiro, baseado em Nova York desde os dois anos de idade, Davi Leventhal. Em conjunto com o staff da Not Another, Davi desenvolveu uma identidade visual forte e marcante para a gravadora. O perfil criado é fortemente conectado com o surrealismo e flerta diretamente com as faixas do selo, que apresentam atmosferas densas, frias e reflexivas.

Nenhum texto alternativo automático disponível.

Convidamos Davi para um bate-papo sobre o seu trabalho e aprofundamos a entrevista falando sobre assuntos relacionados a sua parceria com a gravadora e outros highlights de sua carreira. Confira o resultado desse encontro e algumas obras de Davi ao decorrer da matéria:

1 – Olá, Davi! Tudo bem? Conhecemos seu trabalho através da Not Another e é fato que desde o primeiro contato suas artes nos chamaram a atenção. Especialmente para esse trabalho, como tem sido seu processo criativo e sua pesquisa por referências?

Obrigado pelas palavras gentis. Para esse projeto em particular, trabalhei junto com o Bernardo, um dos fundadores de Not Another, sempre mantendo um fluxo constante de comunicação entre nós. Criei esse conceito das capas dos álbuns baseado tanto nas informações transmitidas pelo Bernardo sobre os membros envolvidos, como nas informações sobre a gravadora e a visão que todos eles tinham. Como resultado, desenvolvi o conceito para as capas dos lançamentos

2 – Ainda sobre a Not Another, como surgiu o contato com a gravadora? Você criou o conceito visual do selo ou chegaram até sua obra já com uma ideia definida e você a executou?

O Bernardo e o Rodrigo são os meus primos e por isso sempre sonhamos em trabalhar juntos um dia. Eles conhecem o meu trabalho ha muito tempo. Para esse projeto específico, de posse das informações transmitidas pelo Bernardo, e dentro do nosso orçamento, criei esse desenho para maximizar a divulgação e o marketing, transformando-o em uma peça de um quebra-cabeça que será revelada somente no decorrer do lançamento das capas dos álbuns.

Nenhum texto alternativo automático disponível.

3 – Além da Not Another, você tem colaborado com outras marcas dentro do universo da música eletrônica?

Essa foi a minha primeira colaboração na indústria da música eletrônica. Adorei trabalhar com a equipe de Not Another e portanto, estarei sempre aberto, aguardando com expectativa, futuras colaborações nessa indústria e com outas cenas também.

4 – E fora da música eletrônica, com quais parceiros você tem trabalhado?

Vivo em Nova Iorque e trabalho no Park Avenue Armory como assistente de curadoria e historiador do prédio onde eu tive o imenso prazer de trabalhar com a feira de arte TEFAF, da Holanda, e com o artista chinês Ai Weiwei e os arquitetos Jacques Herzog e Pierre de Meuron do Herzog & de Meuron em Basel, Suiça. Também trabalhei com o Museu Guggenheim, a loja MOMA Design , DKNY, Aquim Chocolates e Getty Images.

5 – Os grandes artistas dizem que se manter permanentemente inspirado é um dos maiores desafios para seguir trabalhando em alto nível. Quais são suas principais fontes de inspiração no cotidiano? A cidade, as pessoas, a natureza?

Sim, concordo. A inspiração é essencial para todos, não somente aos artistas. Acredito que é tão importante para os cientistas, matemáticos, advogados, médicos… todos nós precisamos aspirar a alguma coisa que nos comove. Morando na cidade de Nova Iorque, o estimulo constante não é um problema e nunca falta. Porem, pode ser um pouco mais difícil encontrar inspiração. Costumo me inspirar nas inúmeras galerias de arte e museus que a cidade oferece, junto com muitos eventos culturais, performances e outros eventos que acontecem em abundância aqui. Além disso, muitos assuntos diversos me inspiram, tais como a história, ciência, matemática, tecnologia, medicina, outras culturas e diferentes modos de pensar. Também mantenho uma pequena horta no pátio do meu apartamento, porque trabalhar com a terra me relaxa e inspira.

6 – Analisando as capas da Not Another, identificamos um ar surrealista nas artes. Por que exatamente vocês optaram por esse caminho?

Sim! É verdade Alan, sempre houve um tom surrealista no meu trabalho . Os grandes surrealistas, de Réne Magritte, Max Ernst e Salvador Dali por exemplo, até Heironymous Bosch e o filme Fantastic Planet, dirigido por Jodorowsky dos anos 70. Muitos outros nomes me influenciaram nesse processo

7 – Outros movimentos urbanos, como o grafitti e a dança, influenciam você na produção das obras?

Sim, certamente. Fui criado em Nova Iorque nos anos 80 e naquela época a energia do hip hop aqui era incrível e afetou todo mundo, porque havia una necessidade para isso, junto com outras formas de expressão. O grande testemunho a essa energia foi a rapidez com que o estilo se expandiu pelo resto do mundo anos depois. Além disso, sendo exposto a arte desde pequeno foi crucial ver tudo o que era possível no mundo. Como eu morei em Nova Iorque durante a minha infância, os meus pais fizeram amizades com pessoas de várias culturas, o que foi uma experiência reveladora para mim porque passei a conhecer diversas culturas e mentalidades desde cedo.

8 – Para encerrar, dentro das capas que você já desenhou para a Not Another, qual foi a mais inspiradora até hoje?

É uma pergunta difícil. Como, a partir de uma obra de arte , fiz vários desenhos para as capas, gosto de todas elas. Mas, se eu tivesse que escolher, eu realmente curti trabalhar tanto na capa futurística, como na capa sobre o equilibro.

A música conecta as pessoas! 

A MÚSICA CONECTA 2012 2024