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A música conecta

Alataj entrevista Sascha Funke 

Por Alan Medeiros em Entrevistas 18.10.2019

Sascha Funke é o tipo de artista que você logo identifica ter uma visão especial em torno da música. Nascido e criado em Berlim, ele acompanhou o desenvolvimento da cidade na caminhada que a tornou um símbolo da cultura clubber global. Mais do que isso, fez parte de capítulos importantes e colaborou com marcas referências desse processo, como Kompakt e BPitch Control, ainda em seus respectivos primeiros anos de vida.

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Ao longo da carreira, rodou o mundo com seu DJ set afiado e revelou grandes hits para as pistas, como Surumu e MZ, duas das faixas que exemplificam muito bem seu perfil enquanto produtor e a busca incansável pelo diferente. Após um longo hiato desde sua última passagem pelo Brasil, Sascha Funke está de volta para gig única no Caos, amanhã em Campinas – turnê via Smartbiz. Antes da gig, ele nos atendeu para uma entrevista exclusiva:

Alataj: Olá, Sascha! Tudo bem? É realmente um prazer falar com você. Admiro sua habilidade de flutuar entre gêneros, tanto como DJ, quanto como produtor. Essa “dança” entre estilos é algo proposital ou você apenas deixa as coisas fluírem?

Sascha Funke: Olá, Alan! Tudo bem, obrigado! Não vejo a hora de voltar ao Brasil, faz tanto tempo! Não é exatamente um plano alternar entre os estilos. Sempre achei muito chato estar limitado a um determinado gênero e desde o início da minha carreira eu gosto de construir pontes. No momento, vejo muitos artistas seguindo a mesma direção e é ótimo que a cena esteja se tornando tão versátil.

Seu catálogo é formado por alguns trabalhos notórios na posição de remixer. Pra você, como é estar na posição de reinterpretar a obra de outro artista?

Parece um pouco como tocar. Fico me questionando como posso adicionar algo a mais na faixa original. Acho que o mais importante é se concentrar nos pequenos detalhes do original mix e dar mais espaço na reinterpretação. Claro que depende muito do material original. Cada remix é diferente.

Como uma criança de Berlim, como você observou e sentiu a intensa transformação da cidade nas últimas décadas? O que há de melhor e pior nessa Berlim dos últimos anos?

Eu sempre disse que a maior vantagem de Berlim é que a cidade nunca está morta e ainda é o caso. Ainda há muita contribuição criativa vinda de estrangeiros, mas devo admitir que o espaço para o desenvolvimento cultural está diminuindo. Outro ponto negativo é que, por meio das redes sociais, muitos visitantes descobrem a cidade sem se surpreender. Eles viram todos os bares ou restaurantes em centenas de fotos antes de chegarem ao local. Um pouco da magia se foi.

BPitch Control, Kompakt e Turbo Recordings estão entre algumas das gravadoras com as quais você colaborou ao longo da sua carreira. Qual a sensação de olhar para o passado e reencontrar tantos bons releases? Quão importante marcas como essa foram para o seu desenvolvimento?

Tive a sorte de começar minha carreira na mesma época de uma nova geração de gravadoras na Alemanha. Kompakt e BPitch fizeram parte disso. Era muito mais fácil se tornar um artista naquele momento. Não tendo nenhum trabalho de mídias sociais para fazer, focando na música e estabelecendo um novo estilo de música eletrônica na cena. Foram momentos de aventuras e com a Kompakt ainda tenho um relacionamento muito bom.

Em Outubro você vem ao Brasil para uma tour que promete bastante. Quais são suas impressões sobre a cena do país neste momento? Há algum artista ou movimento específico que tenha chamado sua atenção recentemente?

Não venho ao Brasil faz um tempo. A última turnê foi em 2013, com a minha esposa, Julienne, quando tínhamos um projeto live chamado Saschienne. A última vez em São Paulo foi há nove anos. Estou curioso para ver como tudo mudou e ansioso por isso.

Genex I, seu próximo release pela Permanent Vacation será lançado no próximo dia 18 com 3 faixas originais e inéditas. O que você pode compartilhar conosco em torno do processo criativo deste release?

Trabalhei nisso pelos últimos dois anos. Serão 7 faixas lançadas em dois EPs chamados Genex. É quase um álbum, porém, no momento, estou mais interessado em produzir música club, por isso que decidi lançar EPs.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

Apenas a melhor coisa, ao lado da minha família e futebol.

A música conecta.

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