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A música conecta

Fugir da lógica pode ser genial

Por Alan Medeiros em Reviews 04.08.2014

A noite do dia 2 de Agosto teve clima quente no Templo. 22 graus era a temperatura registrada em pleno início de Agosto. Com uma venda antecipada não tão boa, quem esperava uma casa com muitos espaços para dançar se surpreendeu com o grande público registrado. A noite abriu e os fieis compareceram em peso.

Logo na chegada nos dirigimos ao Garden para acompanhar o warm up de Aninha. A DJ sem dúvida é uma das grandes responsáveis por uma mudança de filosofia do público e dirigentes nos últimos anos. Se o warm up era visto apenas como um momento de recebimeento do público, hoje já não é mais assim. O primeiro DJ a se apresentar é esperado e já carrega o peso da responsabilidade de uma grande apresentação. Aninha, nunca decepciona quanto o assunto é warm up, e sempre apaixona quando o assunto é warm up no Templo. Mais uma vez com um som de baixo bpm e bastante atmosférico, a curitibana demonstrou o motivo de ter o seu nome gravado no coração do público, super agradável, seu set passou voando.

IMG_0280_1600x1067No Main Room, presenciamos a hora final do warm up de Adnan Sharif, membro do time da D-Edge o DJ é reconhecido por sua excelente técnica. Warm up com cara de atração principal, com bpm’s mais acelerados do que acostumamos ver no horário, Adnan fez o público vibrar com boas tracks e um som bastante dançante, destaque para Crossfade de Maceo Plex. A tarefa de Rick Maia, não seria fácil. O espanhol tinha a missão de não desacelerar a pista, e para isso, inovou. Mostrou um som diferenciado, de fácil entendimento do público mas com uma identidade musical bem complexa. Diferentes elementos construíam suas tracks, o set não seguiu necessariamente uma evolução, mas nem de longe foi desconexo, as tracks completavam-se uma as outras resultando em um atmosfera atípica no Main Room, mas muito interessante, experiência especial criada por Rick Maia, em um set bem diferente do que ele apresentou ao Alaplay Podcast. Pista pronta para a rainha da noite, Kate Simko tinha em seu tech house bastante groovado a tarefa de guiar a pista até o fim da noite. Kate entrou acelerando os bpm’s para levantar a pista e conseguir o controle do público, conseguiu. Logo depois dos 40 minutos de set, Kate impôs seu estilo, diminui o ritmo e apostou no seu poderoso groove para impor respeito a pista, agradou bastante, mas perdeu público para a apresentação de André Marques, destaque para a sua track Closer, absolutamente marcante.

10553983_606835902769489_289351580_nDe volta ao Garden, nos minutos finais do set de Aninha, a ansiedade já era gigantesca para ver de perto Bonobo. Com certeza o nome mais inesperado do ano, com sucesso e respeito lá fora ha algum tempo, Simon tinha a missão de mostrar seu som para uma grande parte do público que pouco conhecia seu trabalho, não existia melhor lugar para isso acontecer. O Garden do Warung. O começo do set mostrou porque Bonobo é um artista tão respeitado na atualidade, com mixagens rápidas, uma leitura de pista começava a ser interpretada ali. O DJ começou impondo uma linda variedade de elementos étnicos, traços de músicas mexicanas e africanas foram aproveitadas, com samples de flautas e percussões tribais, uma ligeira troca de público no Garden foi notada. Logo depois de 30 minutos de set, Bonobo aplicou suas referências musicais mais conhecidas para compor uma hora de um DJ set mais clássico, parecido com os que tem disponível em seus canais, boas influências de blues e em algumas mixagens de percussões brasileiros, a pista delirou ao som de Walking With Elephants do Ten Walls. Bonobo levou ao palco um conhecimento musical muito raro de se encontrar, que permite que o set seja construído assim, de uma maneira diferente. Na última meia hora, elementos de Glitch Hop, Hip Hop e Future Beats foram amplamente explorados, nitidamente se percebeu que os 30 minutos inicias e finais, foram dedicados a montagem de um ambiente praticamente inédito para que os frequentam clubs brasileiros. Inovador, Bonobo saiu da cabine com longos aplausos, deixa o gostinho de que seu live será bem vindo num futuro e que o downtempo começa a escrever sua história por pistas brasileiras. André Marques subiu ao palco para uma apresentação era bastante aguardada pelo público e ele não decepcionou. apostou seu set em tracks bastante explosivas, com pausas longas e bastante groovadas seguidas de breaks fortes, caiu muito bem para o horário, o Garden lotou e ficou assim até o final de sua apresentação, que por sinal foi o ponto alto do set, para encerrar com chave de ouro, André executou o remix de Enjoy the Silence feito por Vintage Culture, depois veio a surpresa, Giorgio by Moroder de Daft Punk que foi encerrada com aplausos e pedidos de mais uma, que foram atendidos por Mothers Project em remix de Goldroom, track bem diferente do seu set, mas com a cara que um amanhecer no Garden tem.

O resultado da noite é muito positivo, noite em que o Warung chamou a responsabilidade para si e trouxe para o Brasil um estilo diferenciada, boas surpresas e um público na sua grande maioria bastante receptivo e educado para novas sonoridades.

A música conecta as pessoas!

Fotos: Emerson Touche

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