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A música conecta

Um brasileiro desbravando fronteiras, esse é Wesley Razzy

Por Alan Medeiros em Troally 28.01.2016

Wesley Razzy é um artista brasileiro com formação musical oriunda da miscigenação cultural que somente uma rotina internacionalizada pode oferecer. Foi em Londres que este DJ e produtor entrou de cabeça no universo da música eletrônica, organizando eventos e mantendo uma carreira ativa como DJ. Hoje, morando no Brasil e trabalhando com a Hypno, Razzy anda na contramão das curadorias que fim de semana após fim de semana, seguem apostando nos mesmos nomes óbvios e chatos. Ao lado de Paulo Silveira – diretor da agência – ele tem desenvolvido um trabalho com alto grau de dificuldade, vendendo artistas que fogem da rota comercial da música eletrônica no país – Petre Inspirescu e XDB são dois deles. A nosso convite, Wesley respondeu algumas perguntas que giram em torno de seu trabalho e nos presenteou com um mix exclusivo. Música de verdade, por gente que faz a diferença!

1 – Olá, Wesley! É um prazer falar com você. Em sua bio, você cita a influência de clubs como The End, Fabric e The Cross na sua carreira. Qual foi a importância de estar inserido em pistas tão ricas e relevantes mesmo ainda muito jovem?

Olá, prazer todo meu em participar desse episódio. Eu comecei a escutar musica eletrônica quando já estava na Inglaterra, então achava normal. Foi só quando voltei para o Brasil que percebi quanto o pessoal de lá é privilegiado. Eu tive oportunidade de ouvir muitos artistas bons todo fim de semana, com valores super acessíveis e em lugares bem intimistas. Acho que a cena lá, ajuda a amadurecer o gosto musical mais rápido e te deixa mais exigente. O publico londrino não pensa 2 vezes em fazer uma critica honesta e construtiva, um dos pontos mais positivos de lá eu acredito pois sem isso uma cena não evolui!

2 – Em 2008, você estabeleceu suas primeiras residências em festas londrinas. Fale um pouco mais sobre elas

Sim. minha primeira residência foi com a Rhythmatic durante 5 anos e também cuidava de boa parte dos bookings. Foi um aprendizado super importante, a festa aos poucos conquistou um espaço muito bacana na cena de Londres, tivemos oportunidades de trazer artistas como Arpiar, Onur Ozer, Roman Fluguel, Moritz Von Oswald, Marco Carola, entre muitos outros. Fazíamos festas mensais estilo Warehouse com 400 até 1500 pessoas dependendo do line-up. Hoje ainda mantenho 2 residências em Londres, com as festas Square 1, que também co-organizo e no afterhours mais insano e divertido de Londres, Keep On Going.

3 – Você possui apresentações em algumas das principais festas de Londres, Berlim e Ibiza. Como cada um desses polos culturais se difere e o que cada um deles tem a oferecer de melhor na sua opinião?

Cada um tem sua magia eu acho. Londres é a cidade mais cosmopolita da Europa e é aonde você pode encontrar a maior variedade de estilos no mundo eu diria. Existe cenas fortes de techno, dubstep, disco, house, punk, etc… Os altos preços dos imóveis acabaram um pouco com a criatividade na cidade mas ela ainda esta bem viva! Berlim é uma cidade bem alternativa, mente aberta, com uma cena fantástica de techno e Record Shops excelentes! Já Ibiza tem uma cena underground em declínio mas é uma ilha verdadeiramente mágica, onde a musica é a principal força econômica e tem os melhores afters do mundo 🙂

4 – Estamos observando o trabalho que tens desenvolvido junto a Hypno, bookando alguns artistas fora do padrão comercial para o Brasil. Quais tem sido as principais dificuldades de trabalhar com um casting muitas vezes desconhecido pelo grande público?

Tem varias! A maior de todas é a situação atual do país com a desvalorização do Real, isso não nos ajuda em nada! São poucos promoters/donos de clubes que estão dispostos a trabalhar com artistas que não fazem parte do modismo usual, especialmente com valores altos. Mas algo que esta mudando conforme esses clubes vão percebendo que existem muitas pessoas que querem ouvir algo diferente. Alguns artistas também não entendem que não são tão conhecidos por aqui e exigem os mesmos valores que recebem nas cidades onde atraem um publico maior. Mas quando comecei a fazer esse trabalho, sempre tive como objetivo tentar trazer algo de positivo para a cena. Bookar artistas novos de qualidade que são fora do padrão comercial deveria ser um compromisso de todos os clubes para o crescimento da cena no Brasil. Tem tantos artistas bons no mercado que ainda não tocaram por aqui, acho até uma falha com o publico de não dar a oportunidade de ouvir esses DJs em alguma vez.

5 – Fale um pouco mais sobre suas características enquanto DJ. Principais referências, desafios diários, métodos de pesquisa… nós adoraríamos saber algo a respeito disso.

Eu gosto de tocar um som orgânico e com groove. Isso inclui musicas de techno, minimal house, dub techno, breaks e outros estilos. Acho importante a construção de um set e saber ler a pista em horários e locais diferentes. Referências são sem duvidas, Jeff Mills, Zip, Ricardo e Craig Richards. Esses são os DJs que mais me impressionam na pista, por fazer algo original e com atitude. Quando se trata de pesquisa, acho importante não se limitar, eu pesquiso em vários sites diferentes tanto vinil como digital, passo horas no Discogs e muito mais tempo nas lojas de discos quando estou na Europa. Esse tempo é indispensável se você quer criar sua própria identidade.

6 – Antes de encerrarmos, gostaríamos de saber quais são seus principais planos para 2016 e o que a música eletrônica representa em sua vida. Obrigado!

Esse ano, junto com o Paulo (diretor da agencia Hypno) vamos dar continuidade no trabalho com os bookings internacionais e quero focar mais na produção que foi algo que deixei a desejar nesses últimos meses. Também estou fechando uma turnê na Europa em Junho com datas em Barcelona, Londres e Paris.

Muito obrigado a vocês pelo convite! Espero que gostem do podcast e nos vemos em alguma pista! 🙂

Foto destaque por: Tiago Ribeiro aka Unikornluv

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