O futebol brasileiro ganhou o mundo graças a um toque especial dos nossos craques. Mas, engana-se quem pensa que é apenas por esse esporte que a nossa cultura é reconhecida lá fora. A culinária e a música genuinamente brasileira também caíram na boca do mundo e atualmente, curtir um fim de semana ensolarado com uma boa feijoada no almoço e clássicos dos nossos artistas no volume máximo, é um privilégio e tanto.
// Relembre nossa entrevista com a banda Black Rio
Como você provavelmente já sabe, nós adoramos mesclar as batidas de house e techno do nosso cotidiano (e dos nossos conteúdos também) com pitadas de um tempero bem verde e amarelo. Por isso, criamos a Vitrola, coluna que inicialmente começou apenas como um radioshow e hoje apresenta reviews de álbuns marcantes mensalmente e algumas playlists no Spotify. Confira aqui algumas que já foram publicadas.
A novidade de hoje é realmente especial e marca o início de uma fase que coloca lado a lado duas paixões do povo brasileiro: música e gastronomia. Convidaremo alguns entusiastas de ritmos brasileiros para assinar playlists com temas culinários, acabando de vez com aquela dúvida do que ouvir nesses momentos. Começamos com Benjamin Ferreira e sua Música para Feijada. Ouça abaixo:
01- Antonio Adolfo “Cascavel” (Artezanal, 1979)
Adolfo é um dos meus músicos favoritos. Essa faixa abre Viralata, álbum lançado em 1979 e raríssimo em sua edição original, mas recentemente relançado pela gravadora inglesa Far Out.
02- Fafá de Belém “Naturalmente” (Polydor, 1975)
Outro disco raro – primeiro compacto de Fafá de Belém. O lado A trás Emoirô, e o lado B essa pérola funkeira que exalta a terra natal da cantora (e minha também).
03- Cláudia “Com Mais de 30” (Odeon, 1970)
Com Mais de 30 foi composta e também gravada por Marcos Valle, mas a minha versão favorita ainda é a mistura inusitada de bossa nova com tropicália da carioca Cláudia (hoje Cláudya).
04- Alcione “A Volta da Gafieira” (Phillips, 1981)
Não consigo imaginar uma feijoada sem Alcione. Voz inconfundível que aqui encontra arranjos suntuosos e uma letra que “levanta a bandeira da gafieira”. Amém, Marrom.
05- Martinho da Vila “Canta, Canta, Minha Gente” (RCA, 1974)
“Canta Canta Minha Gente” é um disco lindo não só pelo repertório, mas pela parte visual: capa dupla e encarte interno com lindas pinturas, parte da vida de muita gente nascida nos anos 70 no Brasil.
06- Azymuth “Tamborim, Cuíca, Ganzá, Berimbau” (Atlantic, 1977)
Os jazz-heroes do Azymuth exercendo sua brasilidade até o talo nessa faixa do álbum com o divertido nome de Águia Não Come Mosca.
07- The Manuel Azevedo Quartet “Futebol de Bar” (Freestyle Records, 2015)
BPM sobe, mas o jazz-samba continua em um remake do grande Cesar Camargo Mariano. Essa faixa faz parte da coletânea Influences 2, do DJ Marky.
08- Emílio Santiago “O Amigo de Nova York” (Phillips, 1983)
Se conhecer alguém que ache que Emílio é apenas aquela série chata de Aquarelas do Brasil pela Som Livre, mostre esse funkão arrasa-quarteirão.
09- Rosana e Tim Maia “Chegou A Hora” (Odeon, 1979)
Rosana é mais um exemplo de artista cuja melhor produção é desconhecida do grande público. Aqui, a Deusa encontra Tim Maia num dueto lançado em 1979.
10- Banda Black Rio “Na Baixa do Sapateiro” (Atlantic, 1977)
Foi difícil escolher apenas uma música da Banda Black Rio. Pesou o fato de esta ser a regravação samba-rock de um dos maiores clássicos da música brasileira – Na Baixa do Sapateiro (também conhecida como Bahia), de Ary Barroso.
11- Maria Alcina “Kid Cavaquinho” (Continental, 1974)
Maria Alcina cantando um sambão de letra hilária, composto por João Bosco e Aldir Blanc – tem como dar errado?
12- Rita Lee “Agora É Moda” (Som Livre, 1977)
Talvez a minha música favorita de Rita Lee. Glam-funk com triângulo de forró vindo do grande álbum Babilônia.
13- Ney Matogrosso “Vida, Vida” (Ariola, 1981)
Lembro dessa música na abertura da novela Jogo da Vida. Já adorava, mas nem tinha ideia do timaço de músicos por trás dela e do álbum todo, que Ney lançou em 1981 e é um dos seus mais vendidos.
14- Roupa Nova “Clarear” (Phillips, 1982)
A cara da primeira metade dos anos 80 no Brasil. Adoro a fase PolyGram do Roupa Nova, quando a banda conseguia aliar o apelo pop a uma sofisticação que até hoje é reconhecida por muitos ouvidos exigentes.
15- Djavan “Nereci” (Odeon, 1980)
Grandes vendagens vieram pro alagoano depois que ele assinou com a CBS, mas ainda prefiro a fase anterior, na Odeon. “Nereci” representa bem esses anos, e recentemente ganhou edits dos DJs Bernardo Pinheiro e Marky.
16- Som Sete “Esquindindin” (Mr. Bongo, 2013)
Pouco sei sobre essa música maravilhosa que está numa coletânea da gravadora inglesa Mr. Bongo, lançada em 2013. Diggers gringos, vocês são impossíveis!
17- João do Vale e Amelinha “Estrela Miúda” (CBS, 1980)
O grande maranhense João do Vale lançou em 1980 um álbum com participação de vários artistas. Foi dele que tirei esse tocante forró-samba em dueto com a maravilhosa Amelinha.
18- Aracy de Almeida “Cansado de Sambar” (Elenco, 1966)
A maioria deve conhecer apenas a jurada ranzinza do programa Silvio Santos na segunda metade dos anos 80, mas pra alguns ela era O Samba Em Pessoa. Essa, sim, uma memória bem mais justa para Aracy.
19- Banda Reflexu’s “Madagascar Olodum” (EMI, 1987)
Início do movimento samba-reggae na Bahia. Como se não bastasse todo o swing de “Madagascar Olodum”, essa música ainda carrega a fundamental valorização à história e cultura afro-brasileira.
19- Sarajane “A Roda” (EMI, 1987)
Mais um estrondoso sucesso do início do samba-reggae. Hoje muita gente torce o nariz, mas eu tenho um grande respeito e amor por essa música.
21- Marco Monteiro e Dora “Chamegoso” (Gravasom, 1987)
Um dueto com a pouco conhecida Dora (alguns achavam que era a Gal Costa!) e um gosto de musica baiana feita no Pará dão a cara do primeiro – e até hoje maior – hit do meu conterrâneo Marco Monteiro.
22- Elis Regina “Eu Hein, Rosa!” (Warner, 1979)
João Nogueira compôs, César Mariano produziu, Elis Regina cantou. Isso basta.
23- Chico Buarque “Feijoada Completa” (Phillips, 1978)
Feijoada Completa abre o heterogêneo, emblemático e sublime álbum de 1978 de Chico Buarque. Tem arranjos de Francis Hime, foi composta para o filme Se Segura Malandro, de Hugo Carvana, e encerra essa playlist só pra checar se você esqueceu algum ingrediente. Boa feijoada!
A música conecta as pessoas!