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A música conecta

Xama entrevistas: DOMply

Por Alan Medeiros em Xama Entrevistas 17.12.2018

Menos de 10 dias nos separam do Xama e a contagem regressiva é uma realidade diária por aqui. Entramos na reta final da preparação para o evento e enquanto os últimos conteúdos da nossa série especial de entrevistas aqui no Alataj ganham a luz do dia, a equipe da Gop Tun começa a montar toda a estrutura do festival na paradisíaca Algodões.

O bate-papo da vez foi com o francês mais carioca do Brasil: Craig Ouar. Na linha de frente da DOMply, Craig tem sido uma das peças chaves para o avanço da cena eletrônica underground no Rio de Janeiro, que aos poucos começa a se equiparar com outros grandes polos culturais do Brasil dentro desta área. Nessa entrevista exclusiva, ele abre o peito sobre sua filosofia de trabalho e fala muito sobre colaboração, um dos pilares do Xama. Confira:

Alataj: Olá! Tudo bem? Podemos começar com um panorama geral do Rio de Janeiro e da DOMply? Quais sãos os prós e contras de estar estabilizado por aí?

Craig Ouar: Olá, olá! Tudo ótimo e com vocês? Rio de Janeiro é um cidade muito linda e a DOMply uma festa cada vez mais gostosa. Sem brincadeira, sobre a cena local aqui eu sinto que ela tem uma evolução correta. Agora, faz 2 anos que eu estou por aqui, já vi algumas festas acabarem, mas vi outros colectivos nascerem e criarem eventos de qualidade. Os núcleos estão mais e mais solidários e o público mais receptivo e afim de descobertas. Então, eu falaria que os prós são a energia que as pessoas possuem para fazer acontecer o role e a união dentro as coletivos. Como uma parte ruim eu citaria a falta de profissionalismo em termos de contrato e cachê.

A festa DOMply está cada mês mais sólida, com uma frequência de um evento cada mês, line up diferente a cada edição e um cuidado em torno o conforto do público – ocupação do espaço, atrações além da parte musical.  Acho que a festa achou o seu público e o feedback dos participantes é muito positivo. Sempre há muitas coisas para melhorar e estamos trabalhando para isso. A ideia é propor um evento cada vez mais foda.

A imagem pode conter: céu, montanha, atividades ao ar livre e natureza

A figura do DJ residente tem sem fortalecido muito entre os principais coletivos do Brasil. No caso de vocês, como foi esse processo de escolha até chegarmos a esses nomes que representam a Domply hoje?

Eu acho que no caso da DOMply é um pouco diferente dos demais coletivos brasileiros. Eu não criei a festa para me promover e me colocar como atração principal não é compatível com a minha personalidade e filosofia de trabalho. Além disso, como sou gringo, é importante trazer uma coisa nova para o país que me recebeu – esse lance de fazer o bem, sabe? [risos]. Aprendi no passado que colaboração é a palavra chave para desenvolver uma cena local. Então, convido os DJs de outros coletivos para tocar na festa e isso é algo muito importante ao meu ver.

É por isso que na DOMply, cada edição vai ter um line diferente, com um convidado nacional ou internacional, um DJ local e um residente – os residentes são Pino Henrique Pedra, que representa a festa em São Paulo, e a dupla Bad N Breakfast. Encontrei o João e o Gui (que formam o duo) na pista DOMply. Eles estavam lá com muito interesse pela música, então comecei falar bastante com eles, gostei da paixão que eles botam na música, das pesquisas que possuem e decidi convidá-los para o nosso hall de artistas. A primeira apresentação deles foi foda, estou muito feliz com essa entrada. A ideia com os DJs residentes do coletivo também é sobre abrir espaço e criar oportunidades, além claro de representar o coletivo em outras festas. Meu trabalho basicamente consiste em apresentar cada vez mais DJs diferentes na DOMply e levar nossos artistas para outros eventos.

Muito se fala sobre a valorização do cenário regional para o fortalecimento macro da cena. No RJ, como vocês têm buscado alavancar esse aspecto? Há um diálogo com outros coletivos e marcas ligadas à arte de um modo geral?

Regional e nacional mesmo. O Xama é o exemplo perfeito disso, já que eles conseguiram botar em sinergia vários coletivos do país para criar esse festival. A gente pode sentir uma união nacional e regional. No Rio, a Erika Alves iniciou um encontro dos coletivos da cidade ano passado. Depois de 6 meses, parece que essa iniciativa resultou em algo muito bom. Os coletivos estão bem próximos, conversam e se ajudam bastante.

Como surgiu o convite para ser parte o do Xama? O que isso representa na história da DOMply?

Quando cheguei no RJ , eu conectei muito rapidamente com o Millos da Selvagem e os meninos da Comuna e da Climão. Acho que eles acreditam na minha personalidade e na minha música, me ajudaram para ter minhas primeiras datas aqui e depois tudo fluiu naturalmente. Depois disso, encontrei a equipe da Gop em SP e logo comecei de tocar com eles. Paralelamente, acho que a criação da Domply e a reputação que ela tem agora faz dela um das festas marcantes da cidade nos aspecto cultural. Mesmo sendo uma festa pequena e intimista, conseguimos receber alguns grandes diggers da nossa cena. A festa permite ao público carioca ter a sorte de ouvir vários artistas, então eu encaro esse convite como um agradecimento pelo trabalho realizado dentro da nossa realidade.

Pensando e falando um pouco mais da nossa cena como um todo. Quais alternativas vocês consideram viáveis para termos uma cena mais sustentável nos próximos anos?

Para mim, ainda é necessário colaborarmos mais. Os coletivos tem de convidar mais os DJs dos outros coletivos, para que os públicos se misturem e que a cena se transforme em uma grande família. O profissionalismo no trabalho do DJ é muito importante também. Temos que parrar com esses cachês de “vamos ver o que dá a festa”. Não, o produtor mesura os riscos, negocia o valor e paga o risco. O DJ vem para tocar. Resumindo em duas palavras: união e profissionalismo.

Se você pra resumir a história musical da Domply em apenas uma frase, qual frase você usaria?

Ring my bell

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, pessoas dançando e pessoas em pé

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

Felicidade.

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