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A música conecta

15 to understand | Acid Asian

Por Vitória Zane em 15 to understand 08.12.2023

Do trabalho em drogaria ao estágio durante a pandemia, o verdadeiro remédio de Fabio Seiki sempre foi a música. Sob a alcunha de Acid Asian, o artista furou a bolha do underground brasileiro, galgando uma posição no circuito internacional de festas e festivais voltados ao techno.

Passando pelo Japão e Romênia em 2023, Acid Asian também tocou em dois grandes festivais no Brasil: Tomorrowland e DGTL. Suas linhas ácidas e sombrias caíram no gosto do público e, em especial, de Charlotte De Witte, uma das potências mundiais da vertente. Convidado a se apresentar nas edições holandesa (durante o ADE), britânica e brasileira da KNTXT, label da belga, o artista ainda lançou os EPs Break Into Acid e The Night pela RPMX, sub-label da marca. Estreando na coluna, Acid Asian respondeu 15 perguntas, confira: 

Alataj: Quando a música virou mais que um hobby para você?

Fabio Seiki (Acid Asian): Quando decidi criar o projeto Acid Asian em 2020. Naquele momento em diante coloquei na cabeça que iria dar uma chance para música e que iria seguir meu sonho colocando como único plano dar certo essa carreira. 

Como você lida com as críticas quando elas são direcionadas a sua arte? 

Eu tento sempre filtrar o que chega a mim separando o que pode agregar na minha carreira e o que é só uma crítica como outra qualquer. Mas acho muito importante ter algumas pessoas à sua volta que te apresentem diferentes opiniões que possam validar suas ideias e pensamentos. Posso dizer que tenho um ciclo muito bom de pessoas nas quais posso confiar, que estão comigo desde o começo da minha carreira e sou muito grato a todos. 

Qual o diferencial mais importante na preparação para uma gig?

Acho que o diferencial é você achar a sua própria preparação pré-gig. Normalmente a minha é analisar o lineup inteiro para ver qual direção vou tomar no meu set e tentar visualizar algumas tracks que podem funcionar na festa, qual vai ser a reação da galera, em que momento vou tocá-las, etc.

Já no dia da gig, tento fazer algum exercício, quando dá, para diminuir o nervosismo, e na hora da festa em si tento meditar 30 minutos antes de entrar. Esse é o jeito que eu encontrei de estar 100% presente na hora da minha apresentação e poder entregar o máximo para o público. 

Algum artista ou música já mudou a sua vida? Se sim, qual?

Com certeza [risos]. Acho que a artista que mudou minha vida e que acreditou no meu trabalho desde o começo foi a Charlotte De Witte. Em 2021, quando tivemos o primeiro contato, ela já disse que tinha gostado das minhas músicas e que queria fechar um EP sem eu nunca ter lançado em nenhuma outra gravadora antes e não ter tocado em nenhuma festa ainda. Sempre vou ser grato a essa confiança que ela e o time inteiro da KNTXT tiverem em mim.

Já na parte de apresentação/set, ter visto a Rebekah, Cassie Raptor e Paula Temple foi essencial na construção dos meus sets. 

Qual o maior desafio que a música já te trouxe?

Com certeza foi controlar minha ansiedade e trabalhar por um tempo em uma drogaria, mas que foi essencial para eu poder juntar dinheiro e ter a oportunidade de largar o trabalho e focar somente na música. Foi um período difícil e hoje eu vejo que foi necessário eu passar por isso para estar onde estou hoje. 

A indústria da música vive um momento saudável?

No geral eu vejo a galera falando sobre o uso do celular nas pistas e isso é o reflexo do avanço da tecnologia, não tem como ir contra. Nesse quesito acho que talvez não esteja sendo muito saudável, porque a galera às vezes esquece de curtir e até os próprios eventos estão focando bastante nos visuais. Isso por um lado é bom, porque acaba trazendo uma nova experiência para o público, mas não podemos esquecer de curtir a música, que é o principal.

Já na parte da indústria da música eletrônica no Brasil acho que o momento é bom porque vários eventos grandes que abrem portas para novos públicos estão vindo pra cá e além disso, vários artistas brasileiros estão ganhando reconhecimento a nível mundial. 

Qual é o momento ou conquista mais importante da sua carreira até aqui?

Ter lançado um EP na KNTXT, na qual abriu várias portas para mim, e estar vivendo meu sonho que é poder acordar, tomar café e ir pro estúdio. 

O que torna um set realmente inesquecível para o artista e para o público?

Falando como artista, acho que o que torna um set inesquecível para mim é se eu consigo sair leve da apresentação sabendo que entreguei o máximo… já para o público, eu acho muito subjetivo porque você pode atingir de várias maneiras como uma track em específico, como foi o caso da KNTXT quando toquei Infinity, ou pela construção do set, como quando, particularmente, presenciei o set do Chris Liebing na KNTXT no ADE. É muito subjetivo e vai de pessoa para pessoa. 

Como encontrar o equilíbrio entre autenticidade e as tendências da indústria?

Acho que você pode até se adequar a tendência, mas deve sempre tentar manter o que você acredita e o que faz sentido para você no momento. 

Qual aspecto da cena você escolheria mudar ou transformar por completo atualmente?

Poderia ter uma moeda única para os eventos de música eletrônica porque aí não ficaria tão caro os eventos [risos]. Brincadeira à parte, acho que investiria mais nos núcleos independentes, deixando mais viável a realização e aumentando visibilidade dos eventos, porque são eles que dão a primeira oportunidade para os DJs. 

Qual a sua impressão sobre o futuro da música eletrônica?

Já até comentei com uns amigos meus… acho que estamos tendo a oportunidade de viver um marco pro hard techno aqui no Brasil e isso é muito legal. Estou tendo a possibilidade de conhecer a galera das antigas, que já frequentavam rolê de hard techno. Então minha impressão sobre o futuro da música eletrônica, em específico o techno que é a vertente que eu toco, acho que tem muito pra crescer aqui no Brasil e espero que cada ano que passe o techno fique mais conhecido. 

Como você descreve a jornada de evolução de seus trabalhos na música do mais antigo ao mais atual?

Uma jornada de aprendizado e de auto conhecimento. Quando comecei a produzir em 2020, o BPM era mais baixo do que o atual tanto nas minhas produções quanto nas tracks que tocava. Mas como disse anteriormente, sempre mantive o que eu queria fazer e que estava fazendo sentido pra mim e posso dizer que estou conseguindo colocar minha identidade nas tracks. 

Qual foi a grande lição que você aprendeu ao longo de sua carreira?

Aproveite o processo. Isso mudou muito o jeito que eu encaro a minha carreira como um todo. 

Como você vê a relação entre sua identidade pessoal e sua identidade como artista?

Eu consigo ser eu mesmo, uma relação de liberdade. Porque tanto na faculdade quanto na escola eu me colocava uma pressão dizendo que precisava ir bem em tudo, só que não conseguia me identificar com a vida acadêmica e com um trabalho “normal”. Agora como artista, eu consegui me encontrar, além de não sentir essa mesma pressão. Lógico que agora vêm outras pressões, mas nada comparado a antes [risos]. 

Qual a mensagem principal que você busca transmitir com sua música?

Procuro sempre transmitir algo libertador para as pessoas porque eu achei um jeito de controlar minha ansiedade e fazer algo que eu gosto, que é produzir música. 

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