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A música conecta

15 to understand | Cour T.

Por Nicolle Prado em 15 to understand 27.11.2023

Quando apareceu na cena eletrônica nacional, em 2019, Cour T. já demonstrava o caminho promissor que se desenhava a sua frente. E, nesses quatro anos de carreira, tem superado as expectativas, se tornando um agente relevante, principalmente quando o assunto é minimal e house com autenticidade e inovação. Não é a toa que, além de ser residente da DIRTYBIRD, ele também já passou por grandes palcos do Brasil e do mundo, como ADE, Surreal Park, Audio SF e mais, conquistou suportes de nomes como Jamie Jones, Claptone, Claude Vonstroke e, tem construído um catálogo refinado, assinado pela DIRTYBIRD, Blackartel e, pelo seu próprio selo, Colapso

+++ Cour T.: a ascensão até a Dirtybird

Recentemente, Cour T. lançou seu primeiro álbum, Brain Deals, um trabalho que se diferencia pelo caráter original e experimental, já que ele buscou aplicar novas referências, unindo à sua identidade sonora inspirações do gueto house, funk e Tribal/Afro house, com toque surrealistas. Nesse maré de boas novas, o artista acaba de ser anunciado como um dos nomes da temporada de verão do Warung Beach Club, em Itajaí, estreando no renomado clube catarinense no dia 04 de janeiro, junto à Kolombo e Fran Bortolossi. Para entender mais profundamente as nuances que permeiam o espectro sonoro de Cour T. e nos prepararmos apropriadamente para sua performance, convidamos o artista para este novo volume da 15 to understand:

Alataj: Quando a música virou mais que um hobby para você?

Cour T.: Tudo aconteceu naturalmente, comecei estudar música eletrônica e nela me encontrei, descobri que aquilo era o que queria como trabalho e lifestyle. Colhi frutos do primeiro release muito rápido, tocava em roles regionais em Curitiba e minha primeira gig fora da cidade coincidentemente foi fora do País no Dirtybird Campout 2019. 

Qual é o lado ruim de uma carreira na música? 

Não necessariamente ruim, mas para quem vive uma carreira musical o não desligamento como ocorre num trabalho “normal” é algo complexo de lidar em primeiro momento, vivemos música 24 horas por dia, essa separação de vida pessoal, trabalho, lazer demora um pouco pra se ajeitar. 

Como você lida com as críticas quando elas são direcionadas a sua arte?

Procuro focar em quem realmente gosta do meu trabalho, o Brasil atravessa um período de divisões de nichos na música eletrônica, acredito que seja normal as pessoas possuam gostos e preferências diferentes aos quais acredito, e isso não é um problema. 

Qual o diferencial mais importante na preparação para uma gig?

Para mim o que faz diferença é estar alinhado comigo mesmo, além de um case completo, a preparação mental é a mais importante, estar leve e sólido ao mesmo tempo sem preocupações adversas, entrar em palco o mais focado possível para que haja uma conexão fiel com o crowd. 

Algum artista ou música já mudou a sua vida? Se sim, qual?

Muitos e de várias formas, desde o modo de pensar, criativamente e literalmente. Claude Vonstroke e toda DIRTYBIRD tiveram grande impacto na minha formação, foi através dos mesmos que tive a primeira virada de chave de vida e carreira, conseguindo de fato viver a minha arte de modo concreto. 

Fale um pouco sobre o que você considera mais relevante: uma grande ideia ou uma rotina disciplinada de trabalho?

A junção dos dois é o cenário perfeito. De nada adianta grandes ideias sem poder executá-las com excelência. Cada artista tem seu modus operandi, acho importante o autoconhecimento e saber como sua mente trabalha em primeiro lugar. Em meu caso preciso estar minimamente organizado para que a criatividade flua. 

Qual é o momento ou conquista mais importante da sua carreira até aqui?

Estou vivendo um momento muito especial na carreira, este ano pude concretizar o lançamento do meu primeiro álbum Brain Deals um trabalho que me dediquei durante um longo período e me trouxe resultados incríveis no Brasil e no mundo, realizei meu debut na Europa, algo que almejava, e toda a construção do trabalho me proporcionou chegar ao Warung, uma das principais metas da carreira desde o princípio. 

O que torna um set realmente inesquecível para o artista e para o público?

Vários fatores influenciam nisso, a construção como um todo é o mais importante. Trabalhar o fator surpresa, tocar aquilo que não esperavam e também tocar aquilo que esperavam. Ser ousado, autêntico, nostálgico e “fresh” ao mesmo tempo. Isso será a combinação perfeita para um bom e inesquecível set. 

Como encontrar o equilíbrio entre autenticidade e as tendências da indústria?

Quanto mais inseridos na indústria, mais influências mercadológicas recebemos, a principal chave para se blindar a isso e não ser afetados por tendências é o estudo. Sempre tento Buscar na memória o tempo que criava música sem preocupação do business. A criatividade sem malícia é o que há de mais puro, tratar a arte como simples forma de expressão em primeiro momento. 

Qual aspecto da cena você escolheria mudar ou transformar por completo atualmente?

A “liquidez” atual é algo que me incomoda, a velocidade que tudo tem andado acaba trazendo a futilidade da arte, tornando-a em um mero produto em linha de produção, cada vez mais descartável. A vida útil da música é importante! É preciso conceito e objetivo para que haja um trabalho sólido e para que a arte cumpra o seu papel, algo que busco em minha marca/label: Colapso, reunir artistas autênticos para gerar cultura com qualidade e originalidade. 

O que traz inspiração de maneira prática e contínua para criação?

De tudo absorve-se um pouco. As vivências do dia a dia, família, amigos e o estudo, estar sempre escutando coisas diferentes dentro e fora do meio eletrônico e apreciar outras formas de arte. Em suma, viver me inspira. 

Como você descreve a jornada de evolução de seus trabalhos na música do mais antigo ao mais atual?

Houve um amadurecimento natural em todos os âmbitos, pessoal, profissional e musical. Consigo combinar tanto que eu gosto, algo mais experimental junto ao que funciona de maneira prática no meu sets. É uma jornada de evolução constante, todo dia aprendo coisas diferentes que consigo aplicar naquilo que faço, sempre tentando fugir do comum.

Como você vê a relação entre sua identidade pessoal e sua identidade como artista?

Conectada de forma visceral. No âmbito artístico, de maneira inteligente e verdadeira podemos construir um “personagem” onde pode-se aplicar ideias e conceitos. A mudança e evolução são inevitáveis ao ser e é divertido poder mudar, a identidade artística como movimento de expressão me proporciona essa liberdade, e acho que essa é a grande magia da coisa, as vivências do Vini refletem no Cour T. e vice-versa.

O que te causa orgulho em relação ao trabalho/música?

Talvez isso soe clichê mas é a extrema verdade: a música e arte mudam vidas! Poder conhecer o mundo, culturas/pessoas através dela e saber que somos boa influência, que inspiramos outras pessoas assim como fomos e somos inspirados, é algo mágico.

Qual a mensagem principal que você busca transmitir com sua música?

A música deve ser livre! não se constrói uma grande história abraçando tendências e seguindo regras mercadológicas. Faça aquilo que você ama e acredita, seja verdadeiro consigo mesmo. Busque autenticidade atemporalidade para inspirar o próximo a fazer o mesmo. Só assim o papel da arte se cumprirá, crítica, reflexão, diversão e liberdade, perpetuando na história.

Conecte-se com Cour T.: Beatport | Instagram | SoundCloud | Spotify

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