Skip to content
A música conecta

15 to understand | HNGT

Por Nicolle Prado em 15 to understand 11.04.2024

O ano era 2020 e nós já adiantávamos o potencial de HNGT frente ao cenário do Techno nacional através da nossa coluna Who?. Isso porque mesmo com pouco mais de um ano de carreira, Ricardo Hingst já demonstrava uma aptidão e paixão pulsante pelo gênero, que apenas vemos em artistas motivados a deixar sua marca. Dito e feito, quatro anos depois, estamos aqui falando sobre um nome que se destaca pelo caminho promissor que vem construindo, se apresentando como um dos principais DJs e produtores da nova geração do Techno nacional.

+++ Who? HNGT

Esse reconhecimento vem depois de uma trajetória dedicada ao desenvolvimento da cena do Techno Peak Time aqui no Brasil, uma motivação que ele já demonstrava logo em seus primeiros passos, quando mentorado por Tarter, headlabel do selo Createch, apresentou seu primeiro EP, Self Control. Depois disso, o artista esteve ainda mais empenhado neste objetivo, se tornando um representante proeminente da potência do techno brasileiro, conquistando labels como Volta, Kosmos, Nova Collective e Fabric, charts, suportes e ainda, ganhando visibilidade na Europa, que o levou a sua primeira turnê internacional no final do ano passado. 

A primeira passagem do catarinense por terras europeias já foi significativa, tendo passado por dois países que possuem uma cena forte, Alemanha e Holanda. Mas sua marca por lá promete se expandir, visto que HNGT já prepara seu retorno, apresentando uma turnê internacional completa, com mais de 10 datas e seis países. O início dessa jornada começa aqui no Brasil, com uma data única em São Paulo, em celebração a mais esse conciso passo de sua carreira; na sequência, ele atravessa o oceano para gigs na Holanda, Alemanha, Romênia, Irlanda, Líbano e Portugal.

Antes de embarcar para esta aventura pelo velho continente, HNGT nos concedeu uma entrevista, respondendo 15 perguntas que decifram os detalhes de sua trajetória, perspectiva e visão. 

Você se enxerga produzindo, tocando e viajando com a música até o fim de sua vida?

Com certeza! A música chegou na minha vida em um momento difícil e, desde então, tem sido uma base muito importante em todos os sentidos. Viajar, conhecer lugares e pessoas é algo que eu amo, e vai ser uma honra fazer isso pelos próximos anos.

Qual o diferencial mais importante na preparação para uma gig?

Acredito que fazer uma leitura do line up, entender o que vai rolar de som na festa, o que os artistas do line costumam tocar e adaptar nosso som a o que faça mais sentido na progressão do line, sem deixar nossa essência de lado, é claro.

Algum artista ou música já mudou a sua vida? Se sim, qual?

Sim! Uma noite em específico, dia 17 de janeiro de 2020. Estreia do Enrico Sangiuliano no Warung junto de Alex Stein e Tarter. Eu estava começando a produzir na época, e não tinha muita vontade e nem direção de o que fazer e que linha de som seguir. Depois desse dia eu entendi qual era o meu caminho. Muito grato eternamente aos 3. 

Qual o maior desafio que a música já te trouxe?

A música entrou na minha vida meio que do nada e se tornou o centro dela muito rápido, todo o contexto que aconteceu durante essa transição não foi lá muito fácil e foi conturbado em alguns sentidos, porém me trouxe maturidade e me ensinou a olhar por outros pontos de vista gerais sobre o mundo que eu não tinha antes.

Fale um pouco sobre o que você considera mais relevante: uma grande ideia ou uma rotina disciplinada de trabalho?

Acho que as duas coisas andam juntas, você dificilmente vai ter uma ideia mágica do nada se não tiver o mínimo de rotina produzindo, estar ali tentando fazer alguma coisa.

Qual é o momento ou conquista mais importante da sua carreira até aqui?

Poder viajar para outros países e continentes com certeza é algo que me marcou muito, eu nunca tive essa oportunidade antes e poder fazer isso através da minha música é algo realmente muito especial pra mim.

O que torna um set realmente inesquecível para o artista e para o público?

Com certeza a conexão entre eles.

Como encontrar o equilíbrio entre autenticidade e as tendências da indústria?

Acho importante observar e entender o que tem funcionado mais no mercado, estruturas, timbres, e de alguma forma trazer isso pro nosso som. Sem perder nossa essência, sem deixar de usar e fazer as coisas que gostamos verdadeiramente.

Qual aspecto da cena você escolheria mudar ou transformar por completo atualmente?

Espero de coração que algum dia a música volte a falar mais alto do que os métodos que estão em alta atualmente, e que artistas que dão duro de verdade fazendo som e expressando sua arte tenham mais voz. 

O que traz inspiração de maneira prática e contínua para criação?

Foco e dedicação, mas além disso, temos que entender que não é algo infinito e que vem na hora que queremos, muitas vezes as ideias esgotam e precisamos recarregar fazendo outras coisas e tendo experiências novas de vida para poder transformar em música.

Qual a sua impressão sobre o futuro da música eletrônica?

Acho que a música eletrônica em geral vem numa crescente muito forte, o underground tem ganhado mais e mais força e estou ansioso para ver o que vem por aí nos próximos anos. 🙂

Como você descreve a jornada de evolução de seus trabalhos na música do mais antigo ao mais atual?

Desde o início, por não ter muita condição de pagar para terceiros, eu me forcei a fazer todos os processos da produção, da criação a mixagem e masterização. Tenho consciência de que a qualidade não era a melhor no início, mas dei meu melhor dia a dia para evoluir e chegar em um resultado consistente em todos os sentidos.

Qual foi a grande lição que você aprendeu ao longo de sua carreira?

Entender que as coisas são como elas são, e que demoram o tempo que precisam demorar. No início temos muita pressa de ver as coisas acontecendo e muitas vezes deixamos de aproveitar e se divertir com o processo, depois que a gente entende isso, tudo fica mais leve.

Como você lida com os desafios financeiros de uma carreira na música?

No mercado atual é muito difícil ganhar destaque sem investir dinheiro na carreira, equipamentos, cursos, então acho muitíssimo importante ter uma outra fonte de renda até se estabelecer bem. Além disso, é bom buscar sempre outras maneiras de monetizar seu trabalho no estúdio.

Qual a mensagem principal que você busca transmitir com sua música?

Por mais que meu som seja um pouco mais “pesado” de certa forma, é bem melancólico e recheado de melodias, gosto de grooves rápidos e basslines fortes, mas sempre acompanhados de alguma mensagem melódica que geralmente puxa pra um lado mais de superação e esperança. 

Conecte-se com HNGT: Beatport | Instagram | SoundCloud | Spotify

A música conecta.

A MÚSICA CONECTA 2012 2024