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A música conecta

15 to understand | BRVNOV

Quando a conexão com a música acontece logo nos primeiros anos de vida, torna-se praticamente impossível se desvincular dela. Este é o caso de BRVNOV, que nasceu em uma família de artistas, onde o violão e a guitarra rapidamente se tornaram extensões do seu corpo e sua principal forma de expressão. No final dos anos 80, descobriu a música eletrônica e, nos anos 2000, sob o nome Bruno V, construiu uma carreira respeitável, tocando nas edições de 2002 e 2005 do icônico Skol Beats, no Creamfields, e em outros grandes festivais.

Apesar de algumas idas e vindas na carreira, incluindo um período afastado da música enquanto trabalhava como executivo no exterior, BRVNOV nunca perdeu o elo com a arte. Agora, em 2024, ele viu uma nova oportunidade para se jogar de cabeça e voltar à ativa na cena eletrônica, acreditando principalmente no seu poder criativo dentro do estúdio. Com várias tracks já finalizadas, o seu comeback oficial acontece no próximo dia 29/11, quando ele lança o single BLOOM, release #50 da D.O.C. Records, acompanhado de um remix de Gui Boratto, consolidando seu reencontro com a produção musical.

Trazendo novas inspirações musicais e reinventando sua própria narrativa, BRVNOV deve revelar muitas novidades nos próximos meses, mas antes, dedicou um tempo da sua agenda para responder a algumas perguntas da 15 to understand, respostas que demonstram sua visão profissional perante o mercado e que não escondem como ele realmente ama tudo o que envolve música.

Quando a música virou mais que um hobby para você?

Foi literalmente da noite para o dia.  No verão de 2002, recebi de Luiz Eurico Klotz – criador e produtor do Skol Beats – o convite para representar o Nordeste no Skol Beats. Ali percebi a responsabilidade que tinha em mãos e mergulhei de cabeça na música.

Você se enxerga produzindo, tocando e viajando com a música até o fim de sua vida?

Compondo e produzindo, sem dúvida. Mesmo nesse “hiato”, nunca me distanciei da minha relação com a música, apenas troquei os instrumentos e estilos por um tempo.

Qual é o lado ruim de uma carreira na música?

Equilibrar a saúde física e mental do artista sem dúvida são pontos muito preocupantes. Não é à toa que perdemos tantos talentos pelo caminho, como Avicii, por exemplo. A intensidade da relação do músico com sua arte pode ser alienadora, trazendo a ele solidão e isolamento. Além disso, a rotina de estúdio, viagens e shows podem ser massacrantes. Isso sem falar das “armadilhas” do caminho.

Algum artista ou música já mudou a sua vida? Se sim, qual?

A primeira vez que vi Sasha tocando, em 95, quando eu morava na Inglaterra, mudou minha vida para sempre. 

Qual o maior desafio que a música já te trouxe?

Equilibrar uma carreira promissora na música com minha carreira de executivo, sem dúvida. Em alguns momentos, eu precisei ter a lucidez de escolher e seguir em frente com a decisão tomada. Não foi fácil, mas estou feliz de estar de volta!

A indústria da música vive um momento saudável?

Em termos de qualidade musical e colaboração entre artistas, sem dúvida. Mas a transformação que a tecnologia vem trazendo para a indústria de uns anos pra cá, seja através do streaming, da forma como o público consome música e se relaciona, está sendo disruptiva em muitos ângulos. A prova disso está sendo o cancelamento de inúmeros festivais, o fechamento sem fim dos clubs e essa tendência de celulares filmando os eventos sem parar. Parece que ninguém está mais interessado em se entregar a experiência e se jogar, somente em filmar e postar. A indústria da música precisa refletir sobre tudo isso urgente.

Fale um pouco sobre o que você considera mais relevante: uma grande ideia ou uma rotina disciplinada de trabalho?

Nada substitui a força do trabalho, portanto nem o mais inquestionável talento progride sem disciplina. O mercado hoje é extremamente profissional e competitivo.

Qual é o momento ou conquista mais importante da sua carreira até aqui?

Quando subi no palco do Tomorrowland em 2015. Passou um filme imenso na minha mente naquele momento… 

Como encontrar o equilíbrio entre autenticidade e as tendências da indústria?

Aposto no caminho da autenticidade. As tendências podem até nos trazer alguns insights e inspirações, porém, se basear somente nelas, despersonifica o trabalho autoral. Além disso, os seguidores de tendências correm um risco enorme de serem ultrapassados por elas mesmas. Tudo muda muito rápido!  Quando abrirem os olhos, podem já ter ficado para trás.

O que traz inspiração de maneira prática e contínua para criação?

A mente do artista é um território difícil de compreender. Para mim, acompanhar os artistas que admiro e a evolução de seus trabalhos me inspira bastante! A troca com artistas amigos também. A própria evolução dos instrumentos e seus sons infinitos são também inspiradores. 

Ao fim da sua carreira, como você quer que as pessoas lembrem da sua arte?

Não quero ser lembrado pelo que fiz, mas pelo que minha música despertou em quem a ouviu. Se consegui tocar alguém, provocar uma reflexão, despertar uma emoção profunda, sinto que cumpri meu papel. 

Como você descreve a jornada de evolução de seus trabalhos na música do mais antigo ao mais atual?

No começo, as produções tinham um certo caráter experimental para mim. Eu ia quase sem direção criando sons, misturando instrumentos e vendo onde a coisa ia dar. Não dava em nada, óbvio. Mas quando comecei a sentir a primeira track autoral (por volta de 2005) fazendo algum sucesso nas pistas, comecei a focar mais e dirigir o trabalho melhor, buscando a identidade do meu som. Nesse reencontro, demorei um ano para chegar a um som que eu acreditasse. Fiz muitas tracks legais, mas não chegavam a um som que acreditava. Com Bloom, finalmente cheguei.

Qual foi a grande lição que você aprendeu ao longo de sua carreira?

O respeito e a responsabilidade do artista com o público estão acima de tudo. 

O que te causa orgulho em relação ao trabalho/música?

Os amigos que fiz ao longo do caminho, sem dúvida.

Qual é a importância da colaboração com outros músicos em sua criatividade?

Imensa. Essa troca faz a gente explorar caminhos e sonoridades muitas vezes não percorridos. Na colaboração ambos crescem. O resultado final pode até vir a não ser o desejado, mas o processo em si engrandece.  

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