O ano de 2020 começou de forma próspera para o projeto Duc In Altum, formado pelo paulista Eric Frizzo Jonsson e por Arjana Vrhovac Jonsson, da Sérvia, já que em janeiro eles voltaram a ativa e lançaram pela Cabana Music um EP de duas originais após um pequeno hiato no trabalho de estúdio. O disco, que inclusive falamos na coluna Faixa a Faixa, refletiu de forma fiel a assinatura sonora da dupla e os incentivou a ir além, honrando o significado do nome Duc In Altum, que traduzido do Latim significa “Rumo ao alto e ao infinito”.
Nos últimos meses, Eric e Arjana mergulharam ainda mais fundo nas camadas do Minimal e produziram novas faixas que irão estrelar seu novo EP, As Above, So Below, com cinco faixas autorais, confirmado para sair nesta terça-feira (26) pela label Rhizome, de Seattle, EUA. Abaixo você pode ouvir uma prévia do que vem pela frente enquanto confere alguns detalhes que envolvem este novo trabalho do duo.
Alataj: Primeiramente parabéns por este novo trabalho! Como tem sido a rotina de produção de vocês? Ela se intensificou com a pandemia? De alguma forma ajudou no processo criativo de vocês?
Duc In Altum: Olá, Alataj! Muito obrigado por nos convidar. Estamos enfrentando uma situação caótica e inusitada mundialmente, bastante grave no Brasil, que não nos deixou indiferente… mas tivemos uns dias com energia boa onde conseguimos ser bem produtivos. Em outros, a energia variava e se tornava mais introspectiva. O importante é focar em produzir arte.
O momento sim serviu como inspiração para muitos artistas deixarem seus “imprints” e suas emoções em forma de trabalho criativo. Pode se dizer que o coronavírus extraiu esse desejo criativo no Duc in Altum e abstraiu através disso pensamentos negativos, de alguma maneira.
E o que esse EP carrega de mais especial? Ele possui alguma mensagem ou significado escondido?
As Above, So Below traz o espelho interno que reflete, cada faixa tem sua própria personalidade e significado escondido, pode ser na pluralidade de cada situação e experiência que passamos como humanos.
Podemos dizer que é um disco bem diverso, né? Algumas faixas se destacam pela elegância, outras pela intensidade, introspecção… essa pluralidade foi um conceito definido desde o início?
Sim! Duc in Altum sempre procurou ser livre e versátil e por isso o disco seguiu da mesma maneira. As faixas se destacam cada uma com detalhes individuais, mas todas caminham para um conceito e formam um projeto único, unidas no mesmo lugar, como os fractais dentro de um sistema. Referências podem ser sistema solar, sistema de partículas… como diferentes elementos que pertencem a um todo.
Também gostamos de saber a dinâmica de trabalho por trás de duetos. Vocês dividem as tarefas de alguma forma, tentando explorar o melhor de cada um no estúdio?
Trabalhar em dueto é muito gratificante. Quando as pessoas se acostumam com a dinâmica um do outro e aceitam similaridades e diferenças, a coisa rola. Eric é artista plástico formado na FAAP e Arjana formada em economia e marketing, com experiência em eventos, então cada um trouxe para o jogo a própria visão.
Nos completamos muito na hora de produção, o Eric é a pessoa que está imersa por horas e dias no estúdio, enquanto eu presto atenção no ritmo das músicas, (Arjana foi ex-dançarina/dançou no Ballroom por 17 anos). Juntos escolhemos os pads, elementos e samples. Pensamos na mensagem ou relembramos situações da vida através de seus nomes.
Vocês tem origens de lugares diferentes, acredito então que o background musical de cada um também seja distinto. Vocês buscam fazer essa união de influências nos trabalho de estúdio?
Sim, acreditamos isso ser o nosso diferencial. Sempre mostramos um para o outro cultura que vem das nossas regiões. Assim aprendemos muito um com outro e continuamos aprendendo juntos. Procuramos uma simbiose de sons do Leste Europeu e de Balcãs junto a musicalidade brasileira, embrulhado dentro da música eletrônica.
Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?
A música e interminável, existe procura e pesquisa das coisas novas a todo momento. Ela é a criação infinita de possibilidades, assim como a vida. Tudo, até nós mesmos, somos frequências.
A música conecta.