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A música conecta

Dua Lipa em flerte intenso com a eletrônica de pista

Por Laura Marcon em Editorial 13.08.2020

Há quem consuma música eletrônica mais do que qualquer outro estilo e nunca tenha ouvido falar de Dua Lipa, o que honestamente considero um tanto quanto peculiar e ao mesmo tempo interessante, mas me disseram isso algumas vezes. Porém, se você não reconhece esse nome, vamos de cara adiantando que está mais do que na hora de colocar essa artista no seu radar musical e não vale torcer o nariz quando entender do que estamos falando, ok?

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Brincadeiras à parte, há muitos anos o Pop não só flerta como namora intensamente a música eletrônica de diversas formas. Quando digo há muitos anos voltarei em 1998, quando Madonna lançou seu álbum Ray Of Light, considerado o trabalho mais eletrônico de sua carreira e que, por mais que essa mistura não fosse inédita, estabeleceu uma conexão explícita e bem atrativa desses dois estilos. Os anos se passaram e hoje a gente encontra as batidas eletrônicas na maioria esmagadora das produções dos highlights do mundo Pop, mas agora vivemos um momento muito interessante onde esse universo mais comercial atingiu artistas bem conceituais do nosso cenário.

Acompanhando alguns produtores mais profundamente já dá pra saber que isso tem acontecido há um tempinho também. Aliás, quem estava presente no momento emblemático do Dekmantel São Paulo em 2018 onde Four Tet ecoou um edit seu para a faixa Bad Liar de Selena Gomez? E não foi a primeira vez que o artista super respeitado trabalhou com esse estilo. Coldplay, Nelly Furtado e Destiny’s Child também já passaram por suas mãos e de forma bem interessante. A questão é que essas parcerias acontecem de forma mais espaçada, uma faixa ou outra remixada ou editada de um determinado superstar e aí é que entra Dua Lipa.

A cantora e compositora britânica nasceu quatro aninhos antes daquele álbum da Madonna que comentei ali em cima, ou seja, já pegou o caminho entre o Pop e o eletrônico caminhando e, inteligentemente, resolveu beber, e muito, dessa água. Desde o início de sua carreira, em 2015, a artista bombou no mundo da música atingindo posições privilegiadas em rankings de plataformas como a Billboard e, logo de início, começou boas colaborações com artistas eletrônicos comerciais como Calvin Harris e Martin Garrix. Até aí tudo tranquilo, já que essas combinações entre os estilos são constantes. 

Acontece que nos últimos tempos ela apresentou faixas que flertam diretamente com a música eletrônica voltadas à nossa pista de dança, com timbres e arranjos ligados ao House clássico, Nu Disco e Indie Dance. Se essa conexão, apesar de bem evidente, era ainda uma incógnita na sua intenção, hoje não mais. Dua Lipa agora chega com uma série pesada de remixes de suas faixas por artistas do cenário mais underground da cena eletrônica como Purple Disco Machine, Tensnake, Joris Voorn, Claptone, além de colaborações com Maya Jane Coles, DJ Shadow, Calibre, entre outros nomes.

O lançamento mais fresco da artista é um bem bolado de todo o conteúdo que acabei de escrever: Dua Lipa + Madonna + Missy Elliott com um remix da diva do House The Blessed Madonna. A faixa Levitating foi lançada hoje mesmo (13) e traz uma forte linha de grave com tons levemente ácidos pra pisteiro não botar defeito.

Vivemos um momento onde a palavra chave do mundo contemporâneo é conexão, e das mais diversas formas. Não poderia ser diferente com a música e basta uma breve pesquisada para se encontrar fusões – umas até mesmo inusitadas – de estilos ao redor do mundo. Considerando que o Pop e a música eletrônica estão neste romance há tempos, nada mais natural do que essa mistura atingir níveis mais abrangentes em relação aos seus artistas. E aí vem a pergunta: por que não? Passear por diferentes linhas sonoras e aceitar bons desafios é uma das grandes maravilhas na vida de um artista e ainda mais poder colaborar com nomes tão imponentes da música.

Além disso, e talvez ainda mais importante, é ver nomes consagrados do cenário eletrônico underground alçar vôos importantes em suas carreiras e levar um pouco da nossa cultura da pista de dança ao máximo de ouvidos possíveis, seja através da rádio, plataformas de streaming, televisão, etc. Se isso impulsionar alguns curiosos a conhecer nosso mundo, maravilha! E se esse relacionamento é sério e num caminho sem volta, o negócio é experimentar ele da melhor forma possível.

A música conecta.

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