Cecília Lindgren, ou Linda Green, como nós a conhecemos, é integrante do time de artistas singulares e fantásticos que encontramos por aí, daquelas figuras que basta ouvir o play na cabine para entender que se está diante de alguém distante dos padrões e bem próximo da aura artística. Beats estranhos e construções criativas acompanham essa grande mulher que se estabeleceu no cenário nacional enquanto grande representante feminina em pistas importantes de núcleos independentes, clubs e festivais importantes como DGTL.
+++ Receba semanalmente os melhores conteúdos do Alataj por e-mail
Se ela sabia que tinha vocação para encarar as pistas de danças por aí desde pequena? Talvez não. Mas o que sabemos – agora – é que, desde a primeira vez que ela ousou fazer uma seleção musical para tocar, uma chavinha ligou e foi paixão a primeira vista. A gente diz que sabe porque ela mesma conta como aconteceu esse momento despretensioso em sua vida que no fim resultou em uma belíssima carreira. Vem saber como foi a primeira apresentação de Linda Green.
Linda Green
Olha, é uma coisa muito maluca falar sobre a minha primeira gig, porque simplesmente aconteceu. Eu trabalho com a noite de música desde os 19 anos na parte de produção, na música eletrônica especificamente desde 2007. Desde lá eu já tinha uma grande vontade de ser DJ, cheguei a olhar CDJ na época, mas era muito inacessível e não tinha amigos ou pessoas que incentivassem ou que pudessem me emprestar. Mesmo assim, eu sempre coloquei músicas em festa usando iTunes, Winamp, YouTube, sempre foi uma coisa que gostava muito de fazer.
Em 2014, eu me reunia com um grupo para ver Game of Thrones e uma dessas pessoas tinha uma noite numa casa de festa de Brasília, a Moranga. Era uma festa eclética, variava do Pop, Indie, ao Trap e Hip-Hop, passava pelo funk, os DJs eram muito variados. Na época, era comum chamar uma pessoa interessada em música, mesmo que não fosse DJ, para apresentar uma seleção na festa. Assim, o produtor Ivan Bicudo me perguntou se eu tinha interesse em participar do line-up e eu aceitei.
Antes da data, eu fui pesquisar como eu ia fazer isso. Baixei o Virtual DJ – eu já tinha muita música no meu computador – e fiz uma seleção completamente anarquista de gênero para tocar na festa. Quando o Ivan foi montar o evento no Facebook ele me perguntou meu nome artístico e eu disse que não tinha um. Ele e uma amiga me chamavam de Lindgren (meu sobrenome) e algumas variações disso. Quando eu abri o evento, tava lá: Linda Green. E eu pensei “brega demais”.
No dia e no momento que eu subi no palco, vi aquele tanto de gente vibrando com as músicas, eu soube ali que eu tinha nascido pra isso e nunca mais parei, tentei mudar de nome, mas nunca consegui e estou aí até hoje, nervosa antes de entrar na cabine do DJ, como se fosse a primeira vez.
A música conecta.
