A banda britânica Hot Chip acerta a mão quando o assunto é instigar grandes produtores a remixar suas tracks: James Zabiela, Four Tet, Todd Terje, Soulwax, Kink são alguns que podemos citar. Sasha, por sua vez, é um mestre na arte de fazer belos remixes. Pronto! Some as histórias e arrisco dizer que teremos uma das faixas progressivas mais bonitas, intensas e bem construídas que se sabe. Melodia, bassline, letra, voz e várias camadas de subjetividade que te levam além do óbvio. Pacote completo.
Além de ser um ícone por esses diversos motivos, ela é inegavelmente marcante. Afinal, todo mundo que vive as pistas de dança tem “aquela” ou “aquelas” músicas que são capazes de arrancar os melhores sorrisos, abraços, mãos pra cima e até mesmo lágrimas, não é mesmo? Isso é uma das melhores coisas sobre estar lá e sei que causarei saudosismo. Guarde essa sensação, falarei disso mais tarde.
Em seus quase 10 minutos de duração, Flutes é cheia de oportunidades para essas sensações. Esse retouch rolou em 2012, assinado pela Last Night On Earth. O veterano em questão é muito perspicaz e sabe muito bem como repaginar histórias para adapta-las às pistas. É um dos caras que melhor constrói sets progressivos, mesclando vertentes com coesão e inserindo clássicos que fazem o público delirar. Aliás, seus closing sets são sempre um dos momentos mais aguardados da noite.
Aqui a jornada é emotiva, mas Sasha distorce sua vibração melódica clássica. Há uma simbiose perfeita entre sintetizadores e baterias, que vão te prender durante todo o tempo. A faixa cresce progressivamente e os vocais vão aparecendo de forma cadenciada, quase como um mantra. Você cresce junto, dançando. Para quebrar a fluidez, há uma desaceleração que abre espaço para os vocais originais. O break chega dois minutos depois e a música quase para por alguns segundos. É um breve respiro que se faz necessário. Nesse momento, a fala de Alexis Taylor vai marcar você “um dia você pode perceber que talvez seja necessário abrir os seus olhos”, basicamente o convite é para você trabalhar o que tem dentro, para poder mudar o que está fora e isso novamente se repete. Antes de voltar, a bateria vem seca e forte como uma chacoalhada e aí você encerra a história em hipnose, desejando que aquilo não termine.
E cá estamos, com muita saudade de sentir uma pista cheia e as diversas trocas e momentos que ali acontecem. Aquela tal mágica inexplicável que rola. Quem sabe o grande segredo desse sentimento quase insuportável é que lá podemos viver grandes momentos com as pessoas que amamos, sem pensar muito, só vivendo o presente e desejando que ele não termine. Independente da música que tocar, abra bem os seus olhos e lembre-se disso quando voltar a dançar.
A música conecta.
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