Buscar alguma informação sobre história e passos do britânico Alan Dixon foi uma tarefa quase impossível. Pouco se encontra sobre infância, início de carreira, essas biografias que nos fazem entender melhor de onde vem e que muitas vezes justificam todo o sucesso de algum artista. “Eu geralmente não gosto de mídia social. Desconecte para reconectar”, diz ele. Mas basta dar uma passadinha por seu currículo musical que você entenderá ser desnecessário saber muitas outras coisas sobre ele.
A começar pelas gravadoras: Running Back, True Romance, Glitterbox, Lumberjacks In Helll e Correspondant – esses são apenas alguns dos selos que apresentaram suas faixas. Aliás, é por esse último que vem o EP Edge of Forever, lançado no início do mês com três faixas originais e um remix de Prins Thomas e Bugge Wesseltoft. Alan Dixon traz versatilidade em seu trabalho, mas tem uma imponência sonora peculiar. Suas criações, além de sets bem comentados pelas melhores pistas de dança do cenário mundial, colocaram-no em um patamar privilegiado dentre os artistas mais proeminentes de 2020 e a contar pelo que ele apresentou neste ano a previsão é de crescimento constante.
A verdade é que, ainda que o artista não curta muito as redes sociais, ele é assunto pra muita gente, incluindo pra nós. Batemos um papo com o artista sobre o último release, produção, história e próximos lançamentos (que vão dar o que falar, aliás). O resultado você confere agora.
Alataj: Olá Alan, tudo bem? É um prazer conversar com você! Você é britânico e teve uma vantagem considerável de crescer em um dos grandes pólos da música eletrônica mundial. Como aconteceu seu encontro com o estilo? Algum artista em especial que te inspirou na hora de seguir sua carreira como produtor?
Alan Dixon: É difícil dizer como conheci a Dance Music. Ser um adolescente nos anos 90 foi ter Dance Music em toda parte. O estilo estava indo em número 1 nas paradas Pop mainstream, então estava simplesmente sempre lá, na verdade. Acho que minhas primeiras memórias reais são quando era bar back em uma boate local aos 16 anos. Essa foi a primeira vez que vi a música sendo usada como uma ‘diversão’. Isso foi definitivamente um abrir de olhos e foi a partir daí.
Seu novo lançamento é o EP Edge Of Forever, lançado pela conceituada Correspondant. Conte-nos um pouco sobre o workflow da produção das faixas e qual sua intenção na hora de criá-las.
Meu fluxo de trabalho geralmente é muito rápido. Eu só gasto cerca de quatro horas fazendo a música e então é só uma questão de ajustar o arranjo, o que pode levar algumas semanas. Acho que é melhor não ouvir a faixa por uma semana e depois voltar a ela. Repita até ficar feliz. Quando começo uma faixa, sempre sei como quero que soe antes de começar. Eu nunca abro o Ableton e penso: vamos fazer uma música. Sempre que faço isso, nunca funciona. Preciso ter a ideia com antecedência.
A faixa que dá nome ao EP foi remixada pelo grande Prins Thomas em colaboração com Bugge Wesseltoft. O convite para esse remix aconteceu entre artistas ou através da gravadora? E você gosta de fazer remixes? Se sim, algum motivo especial?
O remix foi arranjado por Jennifer Cardini, dona do selo. Sendo um grande fã de ambos, foi obviamente ótimo ter um remix feito por eles. Eu amo fazer remixes de faixas com vocais realmente bons. Eles geralmente são muito rápidos de fazer, pois alguém já escreveu a música, é apenas uma questão de mudar a música como eu gostaria. Eu normalmente fico bem perto da estrutura original.
O EP também conta com uma faixa Ambient. Como aconteceu a ideia de trazer uma versão nesse estilo? Você já tinha uma relação com essa vertente há tempos?
Eu gosto que todos os meus lançamentos tenham uma música ambiente. Eu gosto de todos os tipos de música, então estou ansioso para que os EPs tenham variedade. Eu definitivamente não quero continuar fazendo a mesma música indefinidamente.
Você vive um ano bem agitado em termos de releases, não apenas em quantidade mas também quanto às gravadoras que tem lançado suas músicas, que são muito conceituadas. As faixas foram criadas neste período de isolamento? Você tem conseguido manter sua inspiração em dia neste momento? Como?
Todas as faixas que saíram este ano foram criadas no ano passado. Minha esposa e eu tivemos um bebê em dezembro passado, então isso consumiu o meu período de lockdown. Estou voltando ao mood da criação musical agora. Meu próximo EP será lançado em meu próprio selo no início de 2021.
Sua carreira deu um salto muito grande nos dois últimos anos, bem como o suporte de artistas e labels importantes do cenário. Como você avalia a evolução do seu trabalho do seu início até hoje? Alguma lição que aprendeu ao longo dos anos e que leva sempre contigo?
Difícil dizer para ser sincero. É sempre uma coisa gradual aprender e melhorar em tudo. A principal lição que aprendi é ‘continue fazendo música’. Quanto mais tempo eu passo fazendo música, melhor as coisas parecem ficar. Além disso, empurre-se na música. Eu ouço muito Deep House sem graça, para começar você realmente precisa inserir um elemento musical chave em suas criações. Caso contrário, ninguém prestará atenção a isso.
Não é muito fácil encontrar materiais sobre sua vida nas redes. Isso é proposital? Como você avalia o que vivemos hoje neste sentido, com superexposição de artistas e também uma certa pressão para se manter num patamar elevado no mercado?
Eu geralmente não gosto de mídia social. Desconecte para reconectar.
O ano foi agitado para você, como já dissemos. Mas podemos esperar outras novidades vindo de Alan Dixon em 2020?
Ainda temos mais alguns remixes antes do final do ano. O principal é um remix de Frankie Knuckles Your Love que será lançado em novembro.
Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?
Uma difícil. Uma vez que a música se torna seu meio de vida, ela muda sua relação com ela instantaneamente. Ainda é minha principal fuga. Posso mexer nas músicas do meu disco rígido por horas e ficar perfeitamente feliz.
A música conecta.