Carista é aquele tipo de artista que é uma delícia de ver tocando. O público reage com entusiasmo à sua energia, simpatia e aos sons frescos que regem seus sets. Ela é uma das promessas da cena eletrônica holandesa e, pouco a pouco, vem conquistando o mundo. É sobre essa figura que é um poço de carisma, talento e determinação essa edição especial do Who?, parte de nossa programação retrata o protagonismo da mulher na música.
Filha de pais do Suriname, país da América do Sul que faz divisa com o Pará, Carista Naömi Eendragt cresceu ouvindo Jazz, Soul, música surinamesa e caribenha. Seguindo as sonoridades sofisticadas da família – e descobrindo fresh beats nas festas que frequentava na pequena cidade universitária de Utrecht -, a artista passou a adolescência colecionando discos. Com 18 anos, aprendeu a mixar com tutoriais de Youtube em um par de toca-discos que comprou de um amigo.
Gradualmente, ela foi conquistando seu espaço no cenário eletrônica de seu país. Sua primeira gig em um club foi em 2012, no BIRD, de Rotterdam. Ela tinha 24 anos e acabado de ganhar um concurso promovido pelo club. Sua apresentação chamou a atenção do booker do club, que começou a escalar a artista para tocar em outros lugares da Holanda.
Alguns anos depois, seguindo o conselho de uma amiga, Carista enviou uma mixtape para a Red Light Radio. “Levei uma semana inteira, foi um ensaio, fiz uma lista das pessoas que me inspiraram e coisas do tipo e recebi uma resposta em um dia. Eles disseram: você quer fazer um show nesta sexta?”, ela comentou em uma entrevista concedida à Mixmag. Esse primeiro radio show acabou rendendo à artista, que na época estava com 27 anos, uma residência mensal na estação.
A partir daí, seguiu-se uma série de importantes conquistas: uma residência na NTS Radio, bookings na label party Secretsundaze e no De School, famoso club holandês, e em festivais como ADE e Dekmantel. Sua apresentação no Dekmantel Amsterdam 2018, inclusive, foi gravado pelo Boiler Room e é até hoje um dos sets mais bem comentados daquela edição.
Os sets de Carista balançam entre Soul, Funk, breakbeats, batidas e grooves eletrônicos. Com um case versátil, ela traz seleções que vão da batida quebrada ao soulful House, passando por Disco, Boogie, UK Garage e variações de sons com linhas de baixo bem marcadas.
Durante esse período de pandemia, Carista voltou seu foco à produção musical e na gestão de seu label, United Identities. A gravadora, que também é uma festa e programa de rádio, é uma plataforma para talentos em ascensão de toda a Holanda que flertam com Soul, Jazz e House. Por lá ela lançou Modern Intimacy Volume 1, a primeira compilação do selo, um VA com 10 faixas de artistas locais. Foi também pela UI que saiu o primeiro single produzido da label boss. Aisa’s Dream foi lançada em agosto do ano passado e, com synths cintilantes e uma melodia um pouco nebulosa e muito emotiva, foi muito bem recebida pela crítica.
Em fevereiro deste ano, a artista divulgou o convite que recebeu para integrar o time de residentes da BBC Radio1 e seu mix de estreia foi lançado na segunda (8), no Dia Internacional da Mulher. Hoje com 33 anos, a DJ, produtora, label owner e radio host é mais um vívido exemplo da transformação do protagonismo feminino na cena eletrônica mundial – e já podemos adiantar que ainda vamos falar muito dela.
A música conecta.