Há algum tempo que Maksim Dark vem se confirmando como destaque mundial no Minimal Techno. Sua trajetória iniciou há pouco mais de 10 anos em equipamentos simples, mas que o levaram a mais tarde desenvolver seu live act, recebendo sólidos suportes de lendas como Richie Hawtin, Dubfire e Oliver Huntemann — este último e sua gravadora Senso Sounds são hoje seus principais parceiros.
Sempre fiel à sua identidade, o artista dá o start no pré-lançamento de seu novo álbum — intitulado Insomnia — com o lançamento do EP Loud Rave. A faixa original amarra bem a essência da coleção, apresentando espaço suficiente para envolver igualmente a mente e os pés. Alternando entre momentos de tensão e relaxamento, a genialidade de Maksim pode ser sentida em camadas mais profundas e sutis do som.
Além da faixa original, dois remixes complementam o lançamento, os favoritos da Senso Sounds, André Winter e Carlo Ruetz. O primeiro é uma verdadeira explosão ácida, que estremece qualquer corpo na pista. Já o segundo remix traz mais viva a sonoridade original, com uma progressão envolvente que entrega dois drops pesados.
Tarter, maior referência nacional no Minimal Techno, avalia que “todas as músicas do, Maksim trazem a mesma essência, se fechar os olhos você sabe de quem é. Os vocais robóticos penetrantes, a bateria clássica e os synths dark causam uma sensação incomparável. A releitura do André usa menos a base original, incorporando seu Acid característico. A versão do Carlo já combina perfeitamente com a sonoridade dele e a do Maksim, foi a que mais gostei!”.
Maksim Dark revela mais detalhes a respeito de sua carreira, histórias de vida e projetos futuros nesta entrevista exclusiva para o Alataj.
Alataj: Olá, Maksim! Fico feliz que a música tenha nos conectado até aqui. O Alataj acredita que “A Música Conecta” e olhando de perto o seu trabalho, eu suponho que você também. Um dos seus fãs disse: “Maksim Dark é um dos caras que entende o quão pacífico o Dark Techno pode ser”. Você se descreveria dessa forma? E como você espalha paz e amor através das suas intensas batidas de Techno?
Maksim Dark: Olá, Alataj, prazer em conhecê-los. Estou animado para responder às suas perguntas. Boa resposta de fã, fico feliz em saber. Acredito que toda música eletrônica significa paz e união, a percepção interior desempenha um papel importante aqui. A música eletrônica te dá o direito de se expressar e ser quem você quiser – traz mais confiança, naturalidade e liberdade. Simplesmente amo música, acredito que em nosso mundo existe um lugar para o estilo que produzo. Sempre haverá fãs que irão gostar desse tipo de música, meu som pode ser duro, mas eu adoro o percurso, vem de dentro. Sempre faço música com amor, cada ouvinte percebe de forma diferente, porque cada um tem diferentes percepções e sistemas de valores. No estúdio, eu só sento e trabalho, não acho que eu tenho talento, sou muito persistente no que faço, a vida difícil que eu tive me fez ser mais persistente em tudo. Para mim, a inspiração é o que está ao seu redor, o tipo de pessoa que está ao redor, a comida que você come, o clima, o modo de viver, tudo isso influencia muito no que eu faço.
Em 2019 você tocou em cinco continentes e, como muitos outros artistas, teve um crescimento expressivo interrompido pela pandemia de 2020. Porém você também teve outras coisas difíceis que ocorreram em meio a todo esse sucesso, e ainda assim você se mantém sempre feliz e com vibrações positivas. Você pensa que estar grato e positivo trouxe você a esse nível profissional?
Sim, 2019 foi um ano bastante agitado na minha vida, nunca pensei que visitaria diferentes continentes, quando eu estava na escola, jamais imaginaria que isso poderia acontecer. Sou muito feliz por viajar e conhecer diferentes culturas e valores de diferentes países. Foram muitas dificuldades, tive perdas de pessoas próximas a mim. Foram muitos obstáculos, mas como disse anteriormente, sou muito persistente no que gosto e no que acredito, se algo não der certo pela 11ª vez, farei de novo, dificuldades e falhas me fortalecem. Eu gosto de me criticar.
Desde criança a música está ao meu redor, eu ouvia música no carro com meu pai, ouvia música com os amigos, sempre teve muita música na minha vida.
Sempre me mantenho positivo, não consigo ficar triste por muito tempo, procuro sempre brincar e sorrir com os amigos. Na infância vi muitas lágrimas da minha mãe, assim no meu coração entendi que sem positividade seria difícil seguir, ultimamente tento estar em uma emoção negativa e sete positivas. Sim, acho que a gratidão e a positividade desempenharam um grande papel na minha carreira, assim como a persistência. Durante a pandemia também voltei a ler livros, acredito que a educação ajuda a sobreviver e o autodesenvolvimento leva ao sucesso, gosto muito de autodesenvolvimento. Ainda tenho muito a aprender.
No momento, você está trabalhando no lançamento do seu álbum completo Insomnia, começando pela faixa Loud Rave e seus remixes. Parece que uma grande história está por vir. Você pode nos falar mais sobre o álbum? O que você e o selo Senso Sounds planejam para esse novo trabalho?
Insomnia é o meu álbum de Minimal Techno mais sério até agora e a inspiração veio de toda a positividade que recebo dos meus fãs ao redor do mundo. Coloquei minha alma em cada faixa e criei um LP que eu amo de verdade e espero que os meus fãs também amem. Eu amo a gravadora Senso Sounds, amo a atitude que eles têm com relação aos artistas e eles fazem um ótimo trabalho, então eu quis muito lançar um álbum por essa gravadora, é uma das minhas favoritas. Eu quis lançar o álbum, eles me apoiaram e eu comecei a trabalhar. O nome é INSOMNIA porque eu produzi a noite, por alguma razão eu tenho mais vontade de criar música durante a noite.
Loud Rave traz pura a sua essência: som minimalista com vocais fortes e robóticos, várias automações e camadas profundas bem desenvolvidas. Nesta faixa, em particular, o que te motivou a finalizá-la? Ela faz parte de um álbum bem planejado ou é apenas uma peça tirada dos seus arquivos que coube perfeitamente no projeto?
Essa faixa eu planejei especialmente para o álbum, eu gosto do clima e ritmo dela. Quando peguei a linha de baixo e algumas melodias, percebi que seria boa. Tentei fazer um álbum variado para que nenhuma faixa ficasse igual. Espero ter conseguido.
Sua biografia diz que você fez mais de 100 músicas num par barato de caixas de som, e elas foram o suficiente para fazer seu trabalho ser reconhecido. Essa é uma verdadeira lição de humildade e determinação, num mundo em que muitos produtores de música estão procurando por equipamentos caros para fazer o som perfeito. Se você pudesse voltar no tempo, você mudaria o seu equipamento por algum de maior nível ou é melhor ir passo a passo? E o que você diria para produtores que não podem montar um estúdio profissional ainda? Como eles podem aprimorar seus trabalhos com um setup limitado?
Boa pergunta. Eu não pensava em reconhecimento, apenas fiz o que eu gostava, se pudesse voltar atrás, deixaria tudo como foi, não mudaria nada, pois foi uma experiência única para mim. Graças aos alto-falantes baratos, passei um tempão mixando, gosto de descobrir as coisas sozinho, leva bastante tempo, mas vale a pena. Eu produzi e vendi música para ganhar dinheiro, comprar monitores melhores e uma placa de áudio. Só quero que os produtores que não conseguem pagar por um estúdio caro acreditem no que estão fazendo e entendam os detalhes, extraiam erros e aprendam com eles, tudo depende do quanto você gosta disso, se você ama muito, aí você encontrará tempo… Melhorar o seu trabalho depende do quanto você busca respostas para as perguntas que lhe interessam, se você sempre busca as respostas para as dúvidas, já é um grande passo. Quanto mais vocês se dedicarem ao que estão fazendo, mais experiência irão adquirir, não importa o estúdio. Eu ainda tenho muito a aprender.
Não muito depois dessas caixas de som, você começou a tocar em grandes festivais e recebeu suportes máximos de lendas como Richie Hawtin e Dubfire, incluindo uma abertura de set do Hawtin no Space Ibiza. Em seguida, você iniciou uma relação sólida com a Senso Sounds e parece que a sua carreira atingiu novo nível. Como isso aconteceu? Foi resultado de um longo período de planejamento e tentativas de lançar na gravadora ou foi um caminho natural, mais tipo amor à primeira vista?
A primeira vez que eu vi um vídeo de Richie tocando minha faixa no festival Time Warp eu não conseguia acreditar. Eu não pensava que minhas músicas fossem para festivais, isso me deu muita motivação. Sou grato a Richie por ter me mostrado a música underground disseminada para um grande número de pessoas.
Então eu enviei uma promo para Dubfire, ele me contatou e eu não conseguia acreditar. Ele apoiou muito a mim e a minha música, tocava frequentemente minhas músicas ao redor do mundo, sou grato por ele ter introduzido minhas músicas às pessoas. Quando eu consegui encontrar ele pessoalmente foi emocionante, eu ouvia suas músicas quando ainda estava na escola, poder falar com ele e apertar suas mãos foi incrível e me trouxe mais motivação ainda. Foi um prazer fazer um remix para ele, sou grato por ele ter visto talento em mim.
Um pouco depois, Oliver Huntemann começou a tocar minhas músicas e, novamente, eu não conseguia acreditar que isso estava acontecendo. Ele também entrou em contato comigo e me ofereceu para lançar em sua gravadora Senso Sounds, concordei e comecei a dedicar mais tempo para essa gravadora, gosto muito do que eles estão fazendo. Quero fazer parte disso e lançar ainda mais músicas nela.
A pandemia de COVID-19 parou o mundo e agenda de todos nós. Ainda assim, você não parou de produzir novos sons, de tentar descobrir outras maneiras de apresentar o seu show, como transmissões pelo canal do YouTube da Senso Sounds, além de festivais virtuais. Mas, nesse momento, o mundo está começando a se preparar para o grande retorno, e em alguns países isso já está acontecendo. Imagino que você tem grandes planos para voltar à ativa. Você pode compartilhar conosco o que há na sua mente?
Estou ansioso para voltar, produzi muitas faixas novas e mal posso esperar para mostrá-las aos amantes da música. No momento não há planos, pois a situação ainda não foi resolvida, alguns requests vêm, mas não são precisos, então só podemos esperar e torcer pois se algo aparecer, vou fazer a mala e ir embora [risos]. Ainda não há datas exatas, apenas um aviso de que pode acontecer.
Foi um grande prazer receber você aqui para finalizar nossa conversa, o Alataj faz a sua tradicional pergunta para todos os artistas entrevistados: o que a música representa pra você?
A música para mim é vida, emoções, energia, humor, é a linguagem da comunicação e do entendimento. Estou pronto para dar muito do meu tempo a música, mais especificamente a dedicar minha vida a ela. Foi um prazer responder às suas perguntas, desejo a vocês e a todos que estiverem acompanhando tudo de bom, mais gentileza e mais sorrisos.
A música conecta.