Em meio ao multifacetado e borbulhante cenário britânico, uma artista emerge entre a suavidade e a delicadeza sentimental que brilha através dos contrastes de sua assinatura. Ela é TSHA, o nome que rapidamente entrou para o hall de destaque segundo os gigantes Annie Mac, Bonobo e Gorillaz, e hoje é considerada uma das novas super-heroínas da Dance Music contemporânea.
Quem viu o primeiro lançamento da artista, o EP Dawn, lançado em 2018, já de pronto sentiu o tom multissensorial de base diversificada, com um toque muito particular que TSHA introduziu em seu cartão de visitas. Seria uma espécie de Trip Hop com toques de House? Ou um Ambient Downtempo com pitadas orgânicas? Bom, como boa britânica TSHA entrou no jogo para compor uma mescla de tonalidades, sem se preocupar em determinar-se a um rótulo específico, e sim, despertar uma atmosfera jovial e refrescante, que com sucesso, já vem encantando os quatro cantos do mundo.
Quando o artista surpreende por sua capacidade de criar sons que fogem do comum, e ousar na captura de cenários musicais que fazem uma perfeita afinidade com a nova geração pulsante do momento, o caminho de ascensão tende a se tornar o que chamamos de “meteórico”. E é exatamente esse o fenômeno que TSHA está inserida. Foi logo após o lançamento de Moonlight pela Counter Records – de 2019 – que a artista subiu rapidamente os degraus dos holofotes, de forma empolgante e consistente, sendo apontada pela NME, Billboard e Mixmag, DJ Mag, Pete Tong e BBC, como a artista que devemos observar.
Mas o que de fato faz TSHA o nome do momento? Bom, podemos começar por suas referências que assim como ela, romperam os padrões estéticos da Dance Music, com trabalhos profundos e peculiarmente magnéticos. O flerte com as atmosferas ambientes e etéreas de Maribou State, Daniel Avery, Bonobo e Four Tet não só são audivelmente perceptíveis nas composições de TSHA, como a própria artista não esconde a importância desses artistas no hall de suas influências.
Inclusive, a concordância de referências que evocam o brilho das emoções que podem caminhar do psicodelismo juvenil ao balanço melancólico, teve reflexo no próprio muso inspirador de TSHA. Bonobo incluiu o primeiro single da artista, Sacred, em sua consagrada compilação da fabric presents.
Com o anseio empolgante de uma autodidata, TSHA mantém uma conexão ativa com o passado, presente e futuro das músicas de pista e vê na atemporalidade, a chave mestra para traduzir suas emoções dentro da linguagem musical. Antes de comandar a alcunha TSHA, Teisha Matthews, era DJ de Hip Hop e R&B em sua cidade natal de Fareham, então a vivência com outros subgêneros que interconectam a House music sempre foi muito natural para o desenvolvimento da assinatura da artista. Em seu EP Flowers, o primeiro assinado pela Ninja Tune, a confluência entre esses gêneros se mostra evidente, além da suavidade Pop que toma conta de suas melodias através de sua própria voz.
Variando métricas, ritmos, timbres e estilo de improviso nas batidas, a evolução de TSHA é algo que sempre carrega surpresas a cada lançamento. Enquanto OnlyL – lançado pela Nina Tune no ano passado – incorpora texturas que remetem aos grooves do jam sensual do Brit Funkers Direct Drive (1982) e o Pop abstrato que caminha com toque experimental, o mais novo single BOYZ, que saiu pela fabric, aposta na euforia dançante do House e do Garage, confirmando a fluidez natural que TSHA não tem medo de trazer. E é justamente esse caminho flexível entre mundos, estéticas, raízes e influências que fazem o trabalho da artista ser um fenômeno que tem facilmente conectado afinidade com um público mais diverso. Afinal, caminhar entre variados universos não é algo fácil, mas quem consegue fazê-lo com maestria, leva a coroa.
A música conecta.